Veja, neste artigo, como a sabedoria das massas se relaciona com a teoria do mercado eficiente.
Um livro bastante interessante com o qual me deparei recentemente é o “Inefficient Market Theory”. Jeffrey C. Hood, autor do livro, é um advogado, investidor e co-fundador do Austin Value Capital, sediado em Austin, no Texas.
Seu livro tem um título que faz um trocadilho com a Teoria do Mercado Eficiente, como muitos devem ter notado.
Neste sentido, cabe destacar que tal teoria é fortemente respaldada pelo conceito da sabedoria do coletivo, a qual afirma que os preços no mercado de ações refletem todas as informações conhecidas pelos investidores, sendo, portanto, impossível performar acima do mercado com consistência.
No entanto, nós sabemos, por experiência, que o mercado não é inteiramente eficiente, mostrando, várias vezes, preços que não condizem com o valor de um ativo.
Portanto, em seu livro, Jeffrey busca explicar o motivo pelo qual a teoria não funciona conforme é descrita. Além disso, o autor vai além, mostrando uma abordagem de investimentos baseada no que ele chama de teoria do mercado ineficiente.
Na obra, Jeffrey nota que existem dois âmbitos principais no mundo dos investimentos: o passivo e o ativo.
Por trás do investimento ativo está a premissa de que o mercado não é completamente eficiente, de modo que existem ações que não são corretamente precificadas. Além disso, este tipo de investimento também assume que, com a aplicação de conhecimento, habilidades e expertise, indivíduos podem alcançar retornos superiores.
Por outro lado, o investimento passivo assume que os mercados são eficientes. Ou, pelo menos suficientemente eficientes, de modo que o benefício de selecionar ativamente os ativos não seria capaz de justificar a escolha dessa modalidade, em detrimento do investimento passivo.
Essencialmente, o investimento passivo é baseado na teoria do mercado eficiente. Uma consequência disso é a (teoricamente) impossibilidade de investidores consistentemente “baterem o mercado” utilizando o investimento ativo.
Com isso, Jeffrey argumenta que os investidores devem escolher uma das duas abordagens, baseando-se em duas questões:
- Você acredita que pode consistentemente e confiavelmente gerar retornos utilizando a estratégia ativa ao invés da passiva? Além disso, você acredita que os mercados são ineficientes? Por fim, você acredita que os investidores dependem substancialmente dessas ineficiências para alcançar seus lucros?
- Se você acredita que o mercado é ineficiente e que as ineficiências serão corrigidas, você tem o conhecimento, a habilidade, a experiência e o temperamento para encontrar as ineficiências e agir sobre elas? De modo alternativo, você conseguiria encontrar um profissional que poderia fazer isso para você?
Utilizando a linha de argumentação de Benjamin Graham, Hood explica que os mercados são ineficientes porque isso é inerente à natureza humana.
Entretanto, no quesito da correção “automática” dos preços, Hood afirma que ela pode demorar um tempo “inconvenientemente longo” para acontecer.
Além disso, o autor sugere que os investidores de hoje possuem algumas vantagens em relação aos investidores de antigamente. Isso porque existe muito mais informação disponível, que é distribuída de maneira muito mais eficiente.
Assim, o desafio à teoria do mercado eficiente começa com o conceito de sabedoria do coletivo. Este conceito sugere que as decisões e opiniões de um grupo grande e diverso são mais prováveis de serem melhores ou mais acuradas do que as decisões e opiniões de um único indivíduo.
Jeffrey traz, portanto, algumas características que especialistas apontam como essenciais para um coletivo sábio:
- Diversidade de opinião – cada membro tem suas próprias ideias.
- Independência – ninguém é influenciado pelos demais do coletivo.
- Descentralização – as pessoas podem se especializar e trabalhar com o conhecimento local
- Agregação – existe um veículo capaz de agregar todas estas opiniões privadas, convertendo-as em uma opinião coletiva.
- Conhecimento mínimo – os membros do coletivo têm, pelo menos, um conhecimento mínimo a respeito do que estão “adivinhando”.
O ponto chave é o seguinte: muitos destes aspectos parecem não ser verificados na prática. Portanto, a sabedoria do coletivo não acontece dessa maneira esperada pelos defensores da teoria do mercado eficiente.
Em outra parte de seu livro, Jeffrey discute se estes critérios são suficientes para fazer com que a sabedoria do coletivo seja efetiva no mercado financeiro. Trata-se de um livro interessante, capaz de fornecer um novo e único entendimento do comportamento das massas no mercado.
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