WEGE3 mira expansão global com aquisição na Índia — e BTG vê mais combustível pela frente
A aposta da WEGE3 em acelerar sua plataforma internacional de excitação elétrica ganhou um novo capítulo, após a companhia anunciar a compra da Sanelec, fabricante indiana de reguladores de tensão. O movimento, embora pequeno em valor, acompanha a estratégia de fortalecer nichos tecnológicos considerados críticos para o crescimento global da empresa, segundo relatório dos analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Samuel Alkmim, do BTG Pactual. O banco reiterou recomendação de compra.
A aquisição envolve US$ 5,2 milhões em valor de empresa — menos de 0,1% do tamanho da WEG — mas, para os analistas, a relevância não está no preço. “Apesar de seu tamanho reduzido, vemos esta transação como mais uma aquisição acrética”, escreveram, destacando que o grupo reforça sua atuação em geradores e motores síncronos, segmento apontado no estudo como uma vertente de importância crescente no Brasil.
Por dentro da estratégia da WEGE3
A Sanelec é parceira exclusiva da REIVAX na Índia, empresa adquirida pela WEG em 2024, e se especializa no desenho e fabricação de reguladores automáticos de tensão e sistemas de excitação. O BTG destaca que a companhia indiana possui mais de 450 mil AVRs instalados e mais de 4,5 mil sistemas de excitação operando em campo, com aplicações que vão de geração de energia a setores ferroviário e marítimo.
O relatório lembra que a complementaridade tecnológica entre Sanelec e REIVAX é o ponto central da compra: juntas, reforçam a plataforma global de excitação elétrica da WEG e ampliam o potencial de participação em projetos de grande escala. Segundo o BTG, esse é justamente um dos caminhos mais relevantes para a internacionalização da empresa, que segue ampliando presença em mercados estratégicos.
Além disso, o desempenho financeiro da adquirida surpreende positivamente. Sanelec reportou margem EBITDA de 29% em 2024, bem acima do consolidado da WEG, que gira próximo de 22%. “O negócio é acrecente mesmo em sua escala reduzida”, reforçam os analistas.
A transação também chega num momento em que a empresa propôs R$ 5,2 bilhões em dividendos extraordinários, movimento que, segundo o BTG, busca mitigar potenciais impactos da tramitação de mudanças tributárias sobre dividendos no Brasil. Para os analistas, isso sinaliza disciplina de alocação de capital — mesmo com a empresa mantendo caixa robusto e espaço para reinvestir.
O que o BTG espera para WEGE3
No cenário prospectivo, o banco recomenda que investidores monitorem quatro frentes: sinergias das aquisições recentes, discussões tarifárias entre Brasil e Estados Unidos, a entrada de novas capacidades de transmissão e distribuição a partir de 2026 e o ritmo de crescimento orgânico das linhas industriais. “A aquisição marca uma forma acrética de alocar capital, dado o múltiplo de ~8x EV/EBITDA24, bem abaixo do múltiplo de 24x da WEG”, destaca o relatório.
O documento também reafirma a avaliação de que a companhia segue apresentando indicadores robustos — como retorno sobre capital investido acima de 39% em 2025 e estimativa de aumento de receitas para R$ 41,3 bilhões no mesmo ano — sustentando a visão positiva para o curto e médio prazo.
Com recomendações de compra e preço-alvo de R$ 52, o BTG reforça que a expansão internacional segue como vetor de criação de valor para a companhia, especialmente por meio de aquisições tecnológicas seletivas e com forte sinergia operacional. Para os analistas, a aquisição da Sanelec “reforça a posição da empresa em geradores e motores síncronos”, e amplia a leitura de que a WEGE3 ainda tem longo espaço para crescer globalmente.
No fechamento do relatório, o BTG alerta investidores para acompanhar a evolução das sinergias e as condições de mercado, mas mantém a convicção de que o ciclo de expansão segue vivo — e com margem para novas movimentações. Uma conclusão que reforça a confiança do mercado em WEGE3 como uma das histórias mais consistentes da indústria brasileira de bens de capital.