Vale (VALE3) enxerga oportunidade e levanta US$ 1,5 bilhão no exterior

A Vale (VALE3) realizou, na última segunda-feira (6), a captação de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 8,03 bilhões) no exterior, em uma janela propícia para captação de recursos no mercado internacional, sobretudo para companhias da América Latina que apresentam um bom perfil de crédito.

Segundo Robert Carlson, diretor gerente e chefe da área de renda fixa para América Latina do banco MUFG, em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, empresas da região, assim como a Vale, “conseguirem aproveitar [para emissões internacionais] antes do início do verão norte-americano, em agosto, vão ter uma janela bem interessante”.

Isso ocorre porque o período coincide com o mês de férias nos Estados Unidos, o que, costumeiramente, faz com que os volumes negociados sejam menores no mercado norte-americano.

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A instituição financeira em que Carlson faz parte foi uma das coordenadoras da emissão em dólares para a mineradora brasileira. O bônus foi precificado a uma taxa de 3,85%, abaixo da faixa inicial que ficaria próxima de 4,375%. Por mais que a Vale tenha levantado US$ 1,5 bilhão, a procura pelos títulos atingiram seis vezes esse valor, cerca de US$ 9 bilhões.


A taxa estabelecida “foi melhor do que o nível de negociação no mercado secundário [do Global 2030] do Tesouro brasileiro, o que estava em 4,15% no início do dia”, afirmou o executivo.

Carlson salientou que “é difícil de dizer se depois de setembro será melhor ou pior, mas temos recomendado que os emissores estejam preparados para ir a mercado porque as oportunidades tendem a surgir no curto prazo”.

Na entrevista ao “Valor”, o diretor do MUFG disse que “a operação atraiu investidores da Ásia, Europa e EUA, em um livro bem global”. O executivo relatou que “investidores de fora de fundos de mercados emergentes, de portfólios globais de dívida de investment grade” participaram da emissão.

Segundo Carlos, “a transação é importante porque mostra que o mercado está se recuperando da volatilidade vivida em março por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19)“. “O mercado internacional de dívida ficou fechado para emissores da América Latina e recentemente começou a reabrir”, disse.

O diretor disse que “a reabertura da economia global, com cada vez mais países e empresas voltando a fazer negócios, tem deixado o mercado mais favorável a tomar risco”.

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Segundo o jornal, a empresa ainda não definiu um uso específico para os recursos, embora tenha considerado o resultado da operação mais positivo do que o esperado.

Uma das possibilidades para o uso de parte do capital levantado está atrelado à amortização de linhas de crédito rotativo em dólar utilizadas pela companhia para obter liquidez diante das incertezas causadas pela crise. Em março, no início da pandemia, a Vale sacou duas linhas de “credit revolving”, totalizando US$ 5 bilhões.

Jader Lazarini

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