Vale (VALE3) leva novo plano de produção à AGE e projeta salto em minério, cobre e níquel

A Vale apresentou aos acionistas, durante a AGE desta semana, um pacote detalhado de projeções operacionais que deve orientar o desempenho da mineradora nos próximos anos. O encontro trouxe números atualizados de produção, metas para 2025 e 2026, além de indicativos ambiciosos para 2030 e 2035, reforçando o foco da companhia em minério de ferro, cobre e níquel — três pilares estratégicos para atender a indústria global e a transição energética.

As diretrizes discutidas na assembleia reforçam o posicionamento da mineradora diante das pressões de mercado e das recentes mudanças no setor, especialmente em relação à qualidade do minério, ao controle de custos e à rentabilidade dos metais básicos. Com isso, a empresa tenta construir um horizonte mais previsível para investidores em um cenário de forte competição global.

Projeções mostram estabilidade no minério e forte expansão nos metais básicos

A apresentação exibida aos acionistas revela que a Vale (VALE3) espera produzir cerca de 335 Mt de minério de ferro em 2025, patamar que deve subir para algo próximo de 360 Mt em 2030.
Os aglomerados devem permanecer estáveis em torno de 31 Mt no próximo ano, subindo gradualmente para até 70 Mtem 2030.

Já o cobre, um dos ativos mais valorizados pela companhia, apresenta a trajetória mais agressiva: 370 kt em 2025, avançando para 420–500 kt em 2030 e chegando perto de 700 kt em 2035.
Em níquel, a empresa projeta 175 kt em 2025, com estabilidade até 2026 e retomada para 210–250 kt em 2030.

Essas previsões respondem a duas pressões simultâneas: a busca global por metais ligados à descarbonização e a necessidade de recuperar competitividade após anos de volatilidade operacional.

Qualidade, custos e vendas: o que a Vale destacou aos acionistas

Entre os temas mais observados pelo mercado está a evolução da qualidade do minério, que tem peso direto na precificação internacional. Para 2025, o teor médio dos produtos de Soluções de Minério de Ferro deve ficar próximo de 62,5%, mantendo a estratégia de priorizar blendagens e diferenciação comercial.

No lado comercial, a Vale projetou vendas de 33 Mt de Carajás Médio Teor e 26 Mt de Pellet Feed China para 2025, com crescimento no ano seguinte.

Do ponto de vista financeiro, a mineradora detalhou seus custos all-in, com destaque para:

  • US$ 55/t no minério de ferro em 2025, reduzindo para US$ 52-56/t em 2026
  • Cobre entre US$ 1.000 e 1.200/t
  • Níquel entre US$ 13.000 e 15.000/t

O gasto fixo das operações de minério deve permanecer em torno de US$ 5,0–5,8 bilhões, segundo estimativas presentes na AGE.

AGE reforça foco estratégico e abre caminho para a próxima década

Além da discussão operacional, a assembleia serviu para reforçar o plano de transformação da Vale, com ênfase na segurança operacional, na disciplina de capital e na ampliação da competitividade global. O debate seguiu a linha das metas anunciadas nos últimos anos, buscando oferecer maior previsibilidade ao investidor e reduzir volatilidade nas operações de metais básicos — área que volta a ganhar relevância no portfólio.

Segundo a companhia, o conjunto de metas e diretrizes traçadas serve como um mapa estratégico para os próximos ciclos, ajudando a guiar investimentos, estruturar projetos de longo prazo e garantir avanços consistentes. Em um ambiente global mais apertado para minério de ferro e mais competitivo para metais energéticos, a Vale vê a necessidade de antecipar tendências e entregar previsibilidade operacional.

No fechamento da AGE, a mineradora reforçou que as projeções divulgadas refletem condições presentes e premissas de mercado atuais, podendo ser ajustadas conforme o ritmo de demanda internacional e a evolução de seus projetos estruturantes. Ainda assim, a empresa avalia que os números apresentados demonstram robustez e clareza na visão de futuro da Vale.

Maíra Telles

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