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Trump pode derrubar PIB do Brasil com tarifa de 50%, alerta Goldman Sachs

Trump pressiona Brasil com tarifa de 50%, alerta Goldman.

Trump pressiona Brasil com tarifa de 50%, alerta Goldman.. Foto: iStock

As novas tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devem trazer impactos diretos para a economia brasileira. De acordo com um relatório do Goldman Sachs, as medidas podem reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em até 0,4 ponto percentual, em um cenário sem retaliação significativa por parte do governo Lula.

A partir de 1º de agosto, a tarifa média efetiva sobre exportações brasileiras para os EUA pode subir 35,5 pontos percentuais, afetando cadeias como cobre, produtos farmacêuticos, semicondutores, minerais críticos e madeira. Para o banco, esse movimento representa o maior choque tarifário entre países da América Latina.

As exportações brasileiras para os EUA somam cerca de US$ 42,7 bilhões por ano (o equivalente a 2% do PIB nacional) e respondem por 12,6% das vendas externas do país. A decisão de Trump ocorre em meio a tensões políticas: na carta enviada ao presidente Lula, ele inicia sua argumentação criticando o tratamento do Judiciário brasileiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro e menciona ainda restrições impostas a empresas americanas no setor digital.

Segundo o economista Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs, “nossas estimativas sugerem que, caso sejam duradouras e não enfrentem retaliações significativas, essas tarifas podem ter um impacto negativo de 0,3 a 0,4 ponto percentual do PIB (dos quais cerca de 0,1 ponto já estava incluído em nosso cenário base)”. Ele alerta ainda que “retaliações gerariam um impacto negativo maior sobre a atividade econômica brasileira e sobre a inflação”.

Na comparação com outros países latino-americanos afetados pelas tarifas americanas, o Brasil lidera com folga a alta esperada. Enquanto as tarifas efetivas sobre produtos chilenos devem subir 26,3 pontos percentuais, e as da Argentina, 10,8, as exportações brasileiras encaram um salto de 35,5 pontos, conforme os cálculos do Goldman Sachs.

Segundo Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, o pano de fundo da decisão vai além da economia. “Certamente temos uma motivação política para a decisão de Trump. Ele começa justificando com a questão do Bolsonaro, STF, em relação à censura das plataformas digitais. Além disso, nós tivemos aqui a reunião do Brics e tivemos comentários do Lula questionando o dólar como moeda para transações internacionais”, diz.

O especialista afirma ainda que o impacto pode ser imediato e amplo. “O mercado consumidor americano é o maior do mundo e deixar de vender para o maior mercado consumidor do mundo é bem ruim. A expectativa é que a gente exporte menos. Consequentemente, o nosso PIB pode ser menor. E estamos falando de um reflexo imediato”, afirma Bolzan. “Outra grande preocupação em um cenário como esse é em relação ao dólar, que vai sim subir. Isso pode ser traduzido em mais inflação, sem dúvidas. Juros futuros sobem também. E hoje certamente será um dia de bolsa para baixo.”

O governo Lula já sinalizou que poderá acionar a nova Lei de Reciprocidade Econômica, o que pode abrir uma nova rodada de sanções e tensionar ainda mais as relações comerciais entre os países. O Goldman Sachs, no entanto, acredita que os exportadores devem pressionar por uma solução diplomática, para evitar danos prolongados.

Se confirmada, a tarifa de Trump pode gerar um dos impactos econômicos mais severos sobre o comércio bilateral entre Brasil e EUA em décadas, e já pressiona o PIB brasileiro antes mesmo de entrar em vigor.

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