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BofA: Brasil em ‘recessão técnica’, com PIB em baixa e Selic em alta, deve desacelerar ainda mais

Além do encolhimento do PIB, alta da Selic é principal motivo para analistas verem recessão à frente - Foto: Agência Câmara

Além do encolhimento do PIB, alta da Selic é principal motivo para analistas verem recessão à frente - Foto: Agência Câmara

Parecer do Bank of America (BofA) sobre o cenário macroeconômico brasileiro comenta o quadro atual da economia do país e a recessão técnica, indicada com os números do PIB (Produto Interno Bruto).

O rótulo de “economia em recessão” ocorre após o BofA analisar um crescimento econômico de 0,1% no terceiro trimestre e uma contração do PIB, por dois trimestres consecutivos.

O banco americano destaca que a retração econômica veio pior do que o consenso de mercado acerca do indicador.

“O país cresce lentamente em direção ao ritmo pré-pandemia. Acreditamos, ainda, que a economia deve continuar desacelerando no quatro trimestre deste ano de 2021, considerando a diminuição do ritmo de crescimento global”, diz o relatório assinado pela área de global research do banco.

Segundo os analistas, o aumento do pessimismo acerca do cenário se dá pelas incertezas fiscais, pela política monetária atual (que deve manter uma postura de aumento de juros até o fim de 2022) e pela crise na supply chain (cadeia de suprimentos) que atinge a economia global como um todo.

O banco projeta uma Selic de 10,75% ao ano ao fim do primeiro trimestre de 2022, e também vê um crescimento econômico de 4,9% em 2021, cortando a projeção anterior de 5,2%.

Nos dados segmentados, o BofA deu destaque para o fato de que a retração no setor agropecuário foi de 8%, ante 2,9% de queda vistos no segundo trimestre deste ano.

Os analistas constatam que, em parte, essa queda tem a ver com o embargo chinês à carne bovina brasileira.

Raio X do PIB

Segundo dado divulgado na quinta (2), o PIB do Brasil teve uma variação negativa de 0,1% no terceiro trimestre, em relação aos três meses imediatamente anteriores.

Em comparação ao mesmo trimestre do ano passado, quando a economia do Brasil já sofria os impactos da pandemia, o PIB avançou 4,0%.

Em números correntes, o PIB foi de R$ 2,2 trilhões. Por grupos, o indicador teve o seguinte desempenho:

Com os números, o País caiu para a 26ª posição no ranking de 33 países da agência classificadora de risco Austin Rating. O desempenho do PIB brasileiro ficou abaixo da média geral na comparação na margem, de 1,6%, e da média dos países do BRICS, grupo de emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, de 0,4%.

“Analisando o contexto, contratamos uma recessão com elevação aguda da taxa de juros para convergência da inflação para a meta. A recessão do ano passado seria muito pior, não fosse o pacote de estímulos dado às populações mais necessitadas. Parte desse gap do ano anterior (diferença da recessão potencial e da observada) está sendo incorporado na conta do PIB corrente. Ou seja, ainda não acabamos de pagar os estragos da pandemia”, afirma João Beck, economista e sócio da BRA.

Pesquisa do BofA já via recessão adiante

Ainda em meados de novembro, uma pesquisa do banco com gestores do mercado constatou que apenas 31% dos entrevistados veem o Ibovespa acima de 120 mil pontos no fim do próximo ano.

“Apenas 21% pensam que as ações terão desempenho superior (outperform) a outras classes de ativos no Brasil nos próximos seis meses, o menor nível desde o início da pesquisa, em 2018”, dizem os analistas do BofA.

A pesquisa, que é mensal, tinha 44% entrevistados mirando um Ibovespa acima de 120 mil pontos em 2022 na edição anterior, do mês de outubro.

No que tange ao câmbio, somente uma fatia de 20% dos gestores consultados pelo BofA veem o dólar abaixo de R$ 5,10 no fim de 2022

Da mesma forma, a Selic em alta foi citado com o grande motivo para uma possível recessão econômica. No levantamento, aumentou a  quantidade de gestores que esperam um crescimento entre zero e 1% em 2022 (pouco mais de 40%), sendo que em outubro eram somente 20%.

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