PRIO (PRIO3) vira ‘história de execução’ e se aproxima de nova fase de dividendos, diz BTG

A PRIO (PRIO3) vive um ciclo que combina crescimento de produção, redução estrutural de custos e uma estratégia mais cuidadosa de alocação de capital. Segundo o BTG Pactual, a empresa deve destravar um fluxo de caixa significativo entre 2026 e 2027, preparando o terreno para anunciar sua primeira política formal de dividendos no próximo ano. A força desse movimento vem de operações estabilizadas, licenças destravadas e projetos já em estágio avançado, o que reduz riscos e aumenta previsibilidade. 

O que muda na estratégia da PRIO

O relatório destaca que a companhia entrou em um momento decisivo. A gestão reforça que o objetivo não é crescer por volume, mas criar valor com disciplina — postura refletida na recusa de M&As que ampliariam produção, mas não gerariam caixa. Como resume a administração, “um bom ativo na hora errada não é um bom negócio”

Para o BTG, 2026 deve consolidar essa virada com três pilares centrais: Wahoo alcançando o primeiro óleo, Peregrino reduzindo custos para níveis inéditos e campanhas de perfuração em Frade e Albacora Leste que sustentam a produção nos anos seguintes. As projeções indicam que a PRIO pode iniciar 2026 com 152 mil boed, fechar o ano próxima de 210 mil e avançar para 228 mil boed em 2027, já incorporando a revitalização de ABL. 

Com boa parte do licenciamento liberado, a companhia entra em 2026 com menor risco operacional e maior visibilidade de execução — algo visto pelo BTG como uma mudança relevante no perfil de risco da empresa.

PRIO mira queda de custos e avanço operacional

Os avanços operacionais formam o núcleo da nova fase da PRIO. Em Peregrino, o plano de eficiência reorganiza processos, reduz logística, encerra o backlog de integridade e passa a usar gás próprio para geração de energia. Com isso, o campo deve operar em patamares mais baixos de custo por barril, tornando-se um dos mais competitivos da companhia. 

Wahoo reforça esse avanço: perfurações mais rápidas e baratas têm reduzido o custo médio para cerca de US$ 39 milhões por poço, bem abaixo dos padrões internacionais. O BTG descreve 2026 como o início formal do “modo execução”, marcado por ritmo acelerado de entregas e risco operacional mais mapeado. Em Frade e Albacora Leste, a atualização de modelos e a reorganização de sistemas preparam a base para ampliar recuperação e sustentar a produção entre 2027 e 2028. 

Para o banco, três motores sintetizam essa virada operacional:

  • avanço do programa de corte de custos em Peregrino;
  • curva de aprendizado em Wahoo, reduzindo tempo e custo de perfuração;
  • reestruturação de ABL e Frade para ciclos produtivos mais longos.

Esses elementos, combinados, fortalecem a trajetória da empresa rumo a maior eficiência.

Dividendos entram no radar do investidor

A dimensão financeira reforça as mudanças no perfil da companhia. O BTG estima que a alavancagem caia para cerca de 1,5x até o 3º trimestre de 2026, permitindo que a empresa inicie o pagamento de dividendos no fim de 2026 ou início de 2027. A administração também planeja anunciar uma política formal de dividendos no primeiro semestre de 2026, consolidando a transição para um estágio mais maduro. 

As projeções apontam FCFE yield de 16% em 2026, podendo chegar a 27% sem novas aquisições, e avanço para 29% em 2027, indicando potencial robusto de distribuição. “Com produção crescente, eficiência operacional e geração de caixa mais forte, a PRIO3 entra em um ciclo capaz de transformar execução consistente em retorno direto ao acionista”, afirmam os analistas.

Maíra Telles

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