O mercado recebeu de forma positiva o balanço da Petrobras (PETR4) para o primeiro trimestre de 2025, com lucro líquido de R$ 35,2 bilhões, 48,6% a mais do que no mesmo período de 2024. Mas analistas de investimentos apontam que os números merecem atenção e que a empresa enfrentará um cenário desafiador nos próximos meses, diante da instabilidade dos preços do petróleo e no aumento da alavancagem (endividamento).
O BTG Pactual manteve a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 58 para as ações PETR4, destacando a “defensividade em um mercado de petróleo mais volátil, operações sólidas, custos competitivos, bom yield de dividendos e valuation atrativo”.
Segundo o banco, os resultados do 1T25 não foram ótimos, “mas também não foram terríveis”, mas a alavancagem líquida alcançou o índice de 1,45x o Ebtida ajustado, com a dívida bruta em US$ 65 bilhões, deixou “uma margem de segurança mais apertada”, especialmente num cenário com o barril do petróleo Brent, referência da empresa, abaixo de US$ 70.
A BB Investimentos destacou a redução do capex da Petrobras (PETR4), que registrou US$ 4,065 bilhões em investimentos, uma queda de 29,9% em relação ao valor do trimestre anterior, e dentro da projeção do ano, de US$ 16 bilhões. “Essa redução confirma a análise de que os gastos do 4T24 representaram uma antecipação de desembolsos, em um movimento acertado para acelerar a produção no campo de Búzios”, escreveram os analistas da BBI.
A casa de análise ligada ao Banco do Brasil manteve a recomendação neutra para ações PETR4, com preço-alvo de R$ 48,50. “Face a um maior nível de incerteza em relação às tarifas, comércio global e respectivo impacto no crescimento e demanda de petróleo, esperamos uma maior pressão nas cotações em todo o setor de O&G no curto prazo, o que justifica nossa recomendação neutra, ainda que tenhamos um relevante upside em relação ao nosso preço e um olhar bastante construtivo sobre a tese de investimento”, concluíram os analistas.
Petrobras (PETR4): presidente promete enxugar gastos
A presidente da Petrobras (PETR4), Magda Chambriard, disse em entrevista coletiva nesta terça-feira (13) que o futuro de curto prazo é “mais desafiador ainda” do que nos últimos meses, e que a empresa já está trabalhando para reduzir custos de operação. “Quando o preço do petróleo) desce, é hora de apertar os cintos”, afirmou a gestora, dizendo que palavras como austeridade, simplificação e otimização de projetos estarão presentes no discurso da companhia daqui em diante.
Segundo ela, a estatal vai continuar entregando resultado “com muito empenho”. “Vamos simplificar projetos, já estamos endereçando, como grandes petroleiras. Não poderia ser diferente com um cenário de petróleo a US$ 65”, destacou. Chambriard prometeu que a companhia está voltada à disciplina de capital, buscando grande redução de custos possível. “Não estamos aqui para gastança, é tempo de controle de gastos.”
A executiva disse ainda que a Petrobras (PETR4) vai revisar o Plano Estratégico de 2026 a 2030, considerando o desafio austero do preço do petróleo, com o Brent cotado no patamar de US$ 65. “Estamos comprometidos com gastos a níveis adequados ao preço do petróleo atual e continuaremos ganhando dinheiro para investidores, seja governo ou privados”, completou.