CEO da Oi (OIBR3) abre o jogo sobre pré-recuperação judicial: solução é venda da V.tal

Menos de dois meses após a conclusão do processo de recuperação judicial (RJ), a Oi (OIBR3) pediu uma proteção na Justiça contra os credores, o que é visto como o primeiro passo para que a empresa entre novamente em RJ. Rodrigo Abreu, CEO da companhia, abriu o jogo nesta quinta (9) sobre os motivos dessa decisão e admitiu que a venda da V.tal pode ser a “resolução definitiva” das dívidas da empresa.

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“Apesar de termos cumprindo todo o plano [de recuperação judicial], quando a gente olha para a situação da companhia ainda há desafios para poder vencer e chegar na solução definitiva de uma empresa sustentável que seja capaz de não precisar mais nenhum tipo de ação não ortodoxa”, argumentou Abreu.

Em entrevista ao jornal O Globo, o executivo ressaltou que a empresa “está sujeita a variáveis que não são controláveis”.

“Se você tem um aumento muito significativo na curva de juros e do câmbio, há um impacto, obviamente, no plano da companhia. Quando o juro passa de 3% e 4% para 14%, o estoque de dívida cresce automaticamente. E o câmbio que sai de perto de R$ 4 e ultrapassa os R$ 5, a dívida em moeda estrangeira é afetada, já que dois terços da dívida financeira da companhia são em dólar“, explicou.

Estamos crescendo a base de clientes de nossa fibra. Se não fosse isso, a empresa não existiria. Isso vai continuar a ser feito. Essa é a Oi do futuro que vai gerar resultado, com uma receita superior a R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões. Hoje já está na casa dos R$ 10 bilhões.

Durante a recuperação judicial da Oi, a então gigante das telecomunicações vendeu ativos como as operações de telefonia móvel e infraestrutura. Contudo, com dívidas avaliadas em R$ 33 bilhões, a V.tal é vista como uma boia de salvação para o fim desta longa crise.

“Vamos lembrar que um grande ativo que a companhia ainda tem e que, no futuro, a liquidez desse ativo seria importante para renegociar a dívida é a própria participação da Oi na V.tal. No futuro não se descarta que uma liquidez da V.tal ajude a fazer uma resolução definitiva das dívidas futuras da companhia”, detalhou Abreu.

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Oi: dívida atualizada chegaria a R$ 90 bilhões

Abreu disse que seu foco é na renegociação da dívida financeira da Oi. “Se a dívida da companhia de 2016 fosse atualizada, ela seria de R$ 90 bilhões. E em valor bruto hoje ela está em R$ 33 bilhões”.

“Ainda é uma dívida muito pesada para a companhia. É uma dívida que não tem origem na sua operação atual. Ela tem origem em problemas com fusões. Se não reestruturarmos essa dívida, a gente cria uma companhia operacionalmente viável, mas sem condição de quitar o seu passivo financeiro. Essa renegociação é necessária e nós temos feito isso com credores há algum tempo”, complementou.

Enquanto a proteção jurídica segue em vigor, o alto escalão da Oi avalia qual será o próximo passo da empresa. Na quarta (8), a companhia pediu recuperação judicial nos Estados Unidos, medida que estende a proteção jurídica conquistada em território nacional. Atualmente, no Brasil, a Oi não está em recuperação judicial.

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Segundo Abreu, a expectativa dos gestores da empresa é que essas novas negociações sejam feitas de maneira consensual “seja através de recuperação judicial ou extrajudicial”.

Mas seria muito diferente do primeiro processo, porque seria um processo consensual e basicamente para reconhecer toda a reestruturação da dívida financeira. Então, é muito mais rápido.

Caso a nova recuperação judicial da Oi entre em vigor, seu foco será nas dívidas financeiras. “Estamos buscando criar todo um arcabouço legal e uma operação para ter o mínimo possível de impacto aos fornecedores ou mudar o que já tenha sido feito no passado para todas as outras categorias (como trabalhistas e fornecedores)”, disse.

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Erick Matheus Nery

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