Veja os três motivos que impulsionaram o Nikkei em 2020

O principal indicador do mercado de ações do Japão, o índice Nikkei 225, fechou 2020 com uma alta de 16%. Um resultado positivo que coloca a Bolsa de Valores de Tóquio pouco atrás do S&P 500 em termos de rentabilidade no ano.

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Mas como foi possível que o Nikkei 225 conseguisse esse feito? Afinal, esse è o indicador do mercado acionário de um país com uma população idosa (idade média superior a 48 anos), uma dívida pública superior a 260% do Produto Interno Bruto (PIB) e uma produção de riqueza nacional que ainda se mantém abaixo dos níveis registados há 25 anos e com perspectivas de crescimento futuro bastante modestas.

Mesmo assim, a capitalização do mercado acionário japonês voltou aos níveis de 30 anos atrás, representando provavelmente a maior surpresa para os investidores no ano do novo coronavírus (covid-19).

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Ou seja, o Kabutocho, a Wall Street nipônica, está em plena ebulição. Mesmo se o resto do país, aparentemente, ainda anda em marcha lenta.

As razões do rali do Nikkei

Por trás da alta do Nikkei está o renovado interesse de grandes fundos de investimento internacionais, que nos últimos meses voltaram a comprar títulos japoneses, depois de tê-los negligenciado por um longo tempo.

Mas o que tirou a Bolsa de Valores de Tóquio da área cinzenta das últimas décadas foram uma série de fatores positivos, capazes de compensar as fragilidades estruturais do país. Iniciando pela estabilidade política.

Mesmo mudando com relativa frequência de governos, o Japão sempre manteve uma forte continuidades nas ações do Executivo. E o momento atual não faz diferença com o passado.

O Japão vive uma fase delicada (e inesperada) de mudança política, com a renúncia em setembro do primeiro-ministro Shinzo Abe.

Uma crise que, no entanto, foi resolvida mais uma vez com continuidade e gerou mais confiança nos investidores.

A estabilidade política representa uma mais-valia para o Japão e os seus mercados financeiros. O novo primeiro-ministro, Yoshihide Suga, não só cumpriu as reformas implementadas por seu antecessor, mas também acrescentou outras mudanças.

Entre elas, o processo de digitalização no setor público, que terá repercussões também nas empresas privadas. Ou também o programa de descarbonização, que visa levar o país a atingir até 2050 a meta de zerar as emissões de gases de efeito estufa.

Com esse plano de mudanças, o governo espera um efeito positivo para o PIB, que deveria crescer de 3,3% em 2021, assim como para os lucros das empresas listadas, cujo crescimento está projetado em 58,4% nos próximos 12 meses.

A recuperação de Tóquio foi caracterizada, como em outros lugares, pela prevalência de ações growth em relação a ações value.

Isso também se deve a políticas monetárias ultra-espansionistas.

Banco do Japão na linha de frente

O Banco do Japão está entre os mais ativos globalmente. Uma atitude que aparece claramente em seu balanço patrimonial que ultrapassou os 700 bilhões de ienes (cerca de R$ 3,5 trilhões) e vale 126% do PIB nacional.

A autoridade monetária central do Japão pode, entre outras coisas, comprar ETFs de até 12 bilhões de ienes por mês. Uma operação que permite fornecer uma maior sustentação às ações.

No Japão, no entanto, também foram observadas empresas muito inovadoras que, em particular no setor de serviços, conseguiram transformar a ameaça do coronavírus em oportunidades.

Mas é sobretudo o fato dos índices bolsistas japoneses terem uma presença de ações com forte conotação cíclica superior às outras (cerca de 70%, contra 65% do S&P 500 e 62% do Stoxx 600) para colocar o Nikkei na vanguarda e tirar proveito da recuperação esperada na economia global após a pandemia, oferecendo um bom presságio para 2021.

Em particular – para além dos já referidos sectores inovadores capazes de gerir a fase pós-covid-19, as empresas envolvidas no negócio de transformação digital e afetadas pela viragem da descarbonização – os analistas também olham com interesse para o setor do turismo.

A difusão das vacinas deve permitir novos fluxos turísticos, sem contar que os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Tóquio, se forem realizados conforme planejado, dariam um impulso significativo ao setor, atraindo visitantes do exterior.

Algo que poderia fornecer ao Japão, e ao Nikkei 225, um novo impulso para o crescimento.

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Carlo Cauti

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