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Metas de inflação: mercado espera que CMN adiante decisão em reunião na próxima semana

Lula e Roberto Campos Neto. Fotos: Agência Brasil

Lula e Roberto Campos Neto. Fotos: Agência Brasil

Em meio à cruzada do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra a gestão de juros conduzida pelo Banco Central (BC), as atenções se voltam para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), marcada para a próxima quinta-feira (16). O encontro é o primeiro sob o novo governo. A expectativa do mercado é de que seja inserida na pauta a possibilidade de antecipar a definição das metas de inflação – outro alvo de Lula -, esperada para junho.

Economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, dizem que a incerteza sobre a alteração das metas de inflação tem causado prejuízos às expectativas do mercado e aos ativos do país.

Alteração nas metas de inflação preocupa

Na quinta-feira (9), o tema dominou o mercado doméstico e levou a uma alta do dólar a R$ 5,27 – maior nível em um mês – e a uma queda de 1,77% do Ibov0espa, o principal indicador da bolsa de valores brasileira, a B3 (B3SA3). O movimento dos ativos seguiu a informação de que o próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, já havia sinalizado sua equipe econômica a possibilidade de aumentar as metas de inflação de 2024 de 3% para 3,5%.

A leitura dos analistas é de que adiar a definição das metas até junho, quando o colegiado tradicionalmente delibera sobre o tema, pode amplificar o desalinhamento das expectativas de inflação vistas no Boletim Focus (que retrata a percepção do mercado) e dificultar ainda mais a queda dos juros.

Ao Estadão/Broadcast na segunda-feira (6), o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, defendeu que uma solução rápida para o tema pode ajudar no “processo de ancoragem das expectativas” e diminuir o ruído na condução da política monetária. “Qualquer que seja a decisão, que venha a ser tomada”, disse.

Sem nova âncora fiscal, decisão pode não fazer sentido

Embora uma decisão antecipada possa reduzir as incertezas, alguns agentes do mercado ponderam que alterar as metas antes de o governo apresentar a sua proposta de nova âncora fiscal – prometida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para abril – poderia levar a uma nova rodada de descompasso das expectativas de inflação.

Sem uma regra fiscal para substituir o teto de gastos do governo, a confiança do mercado no alvo seria baixa, diz o economista do Barclays para o Brasil, Roberto Secemski: “Uma meta de inflação mais alta poderia ser interpretada pelo mercado, na falta de uma regra fiscal conhecida e crível, como representando o piso, e não o verdadeiro centro da nova banda de metas, o que poderia ser contraproducente”.

O economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, espera uma elevação das metas dos próximos anos a um nível entre 4% e 4,5%, em linha com a sua projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024, de 4,5%. Para o analista, a proposta de nova âncora fiscal deverá determinar se o governo e o BC conseguirão aproximar as expectativas em torno do centro do alvo.

O economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, ressalta que um cenário de expansão fiscal com maior tolerância da política econômica à inflação alta traz risco de aumento da taxa real de juros da economia.

Com Estadão Conteúdo

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