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Mercado Livre: como e-commerce passou a valer mais do que bancos

Ofensiva contra o Mercado Livre (MELI34) entre as mais lidas da semana

Aplicativo do Mercado Livre (MELI34)

Se o mundo após a crise do coronavírus (covid-19) será, de fato, diferente ainda é dúvida. Mas, empresas como o Mercado Livre (Nasdaq: MELI) já largam na frente para esse possível novo (?) mundo que vem a seguir. Ao menos aos olhos dos investidores.

O mercado financeiro demonstrou isso na última semana. Não à toa, o Mercado Livre o superou, em valor de mercado, os quatro grandes bancos brasileiros listados em Bolsa.

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Dados da consultoria Economática compilados no fechamento da última quarta-feira (13) mostram que o Mercado Livre tinha valor de mercado de US$ 37,8 bilhões.

Na mesma data, o Itaú Unibanco (ITUB3), o mais valioso entre as instituições financeiras brasileiras, valia US$ 35,9 bilhões no mercado. O Bradesco (BBDC4), segundo colocado, vali US$ 25,1 bilhões.

O Santander (SANB11), por sua vez, tinha um valor de mercado de US$ 15,1 bilhões, enquanto que o Banco do Brasil (BBSA3) valia US$ 13,0 bilhões.

O resultado, segundo especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, ocorre graças a união de dois fatores principais: a melhora da empresa como um todo, adicionando serviços financeiros e um varejo mais consistente, e a alta da concorrência no setor bancário.

Bons resultados do Mercado Livre graças a serviços financeiros

A valorização dos papéis do Mercado Livre, que vem apresentando resultados sólidos -principalmente (e até de forma irônica) com os serviços financeiros oferecidos pela fintech do grupo, a Mercado Pago, é talvez o grande ponto de inflexão de toda essa questão.

Além de taxas e crédito ofertado pela fintech a quem compra e vende pela plataforma, há também a presença física como meio de pagamento, seja em restaurantes, lojas e comércios em geral.

“Hoje o Mercado Pago representa cerca de 50% da receita do grupo, e vem crescendo exponencialmente. Talvez a grande surpresa positiva do último resultado tenha sido justamente a continua o crescimento exponencial desse negócio, mesmo em tempos de covid-19”, disse Miguel Galvão, da Vista Capital.

Saiba mais: Mercado Livre mantém investimento no Brasil com alta do e-commerce

 

Além da importância dos serviços financeiros, o core business do Mercado Livre, de venda de mercadorias, não depende exclusivamente do mercado brasileiro, bem afetado pela crise do coronavírus e que deve demorar para se recuperar. Esse é um ponto de diferenciação com os demais concorrentes.

“Brasil corresponde a uns 65% do negócio hoje, então esse valor de mercado dela não é tão concentrado aqui quanto Itaú, por exemplo. Os outros maiores mercados dela são Argentina e México, onde também é líder de mercado”, afirmou Galvão.

De acordo com especialistas, a empresa também vem se reformulando como marketplace, garantindo a melhoria no serviço, principalmente em relação a procedência dos produtos comercializados e ampliando o escopo do e-commerce, com a entrada de grandes empresas de supermercados, por exemplo.

O balanço de resultados do primeiro trimestre de 2020 mostra que essa tática vem trazendo consequências positivas à companhia de comércio eletrônico.

O Meli registrou um aumento do faturamento líquido, com exceção dos efeitos cambiais, de 70,5%, para US$ 652,1 milhões, no primeiro trimestre deste ano.

No mesmo sentido, o volume de vendas da plataforma anotou uma alta de 34,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 3,4 milhões.

Bancos com maior concorrência

O outro fator está ligado a concorrência que os bancos brasileiros passaram a enfrentar desde que o Banco Central (BC) apresentou a agenda BC+, que pretendia ampliar os mecanismos para aumentar a competição no setor bancário brasileiro.

“Os cinco grande bancos brasileiros estão sob ataque desde então, o que se refletiu na desvalorização dos gigantes na Bolsa”, disse um gestor que cobre o setor bancário em uma grande casa de análise internacional.

O mercado, que ao menos tenta se antecipar aos acontecimentos, correu a desacreditar os bancos, portanto. O resultado disso foi a queda no preço dos papéis.

O Itaú Unibanco, por exemplo, chegou a valer US$ 71,6 bilhões no início de fevereiro, enquanto que o Bradesco tinha valor de US$ 61,1 bilhões na mesma data.

“A concorrência era forte e a crise do covid-19, com o possível aumento da inadimplência, chegou para abater os valores de mercado”, disse o analista.

Dessa forma, enquanto os bancos estão sob ataque, o Mercado Livre navega em águas relativamente mais calmas -usando as ferramentas bancárias para se distanciar cada vez mais dos bancos tradicionais no mercado.

Com serviços financeiros de banco e uma plataforma de comércio do futuro, é de se esperar que o Mercado Livre possa permanecer com um valor de mercado maior que as instituições financeiras brasileiras por um bom tempo.

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