A JBS (JBSS3) divulgou nesta terça-feira (13) os resultados do primeiro trimestre de 2025, com números sólidos no operacional, puxados principalmente pelos segmentos de aves e suínos no Brasil e nos EUA.
A companhia reportou receita líquida de R$ 114,1 bilhões, crescimento de 29% em relação ao mesmo período do ano anterior, e EBITDA ajustado de R$ 8,9 bilhões, avanço de 39% na comparação anual. Os números superaram as estimativas dos analistas da XP e BTG, que já esperavam um trimestre positivo impulsionado pela performance da subsidiária Pilgrim’s.
Os maiores destaques ficaram com a Seara, que alcançou vendas de R$ 12,5 bilhões (+22% A/A) e margem EBITDA recorde para um primeiro trimestre, atingindo 19,8%. A operação de suínos nos EUA também surpreendeu positivamente, com EBITDA 9% acima da estimativa do BTG e alta de 48% na base anual. Na Austrália, a companhia continuou a se beneficiar da escassez de carne bovina nos EUA, com margem EBITDA de 10,4%, acima das projeções da XP.
JBS (JBSS3): margens negativas e consumo de caixa preocupam mercado
Os segmentos de carne bovina continuaram a pressionar o desempenho consolidado. Nos EUA, a margem EBITDA foi negativa em 1,8%, enquanto no Brasil ficou em 4,1%, ambas abaixo das projeções dos analistas. A alta nos preços do gado e a fraca sazonalidade explicam parte dessa deterioração. Para a XP, a operação de carne bovina nos EUA ainda levanta preocupações relevantes sobre a viabilidade futura do negócio, especialmente com margens tão comprimidas.
O maior ponto de atenção, porém, veio do fluxo de caixa. A JBS (JBSS3) apresentou um consumo de caixa de R$ 5,3 bilhões, significativamente acima das projeções da XP, que esperava R$ 1,9 bilhão. O BTG também registrou um fluxo negativo de R$ 4,9 bilhões, atribuído à sazonalidade do capital de giro e ao pagamento de impostos no período. Esse desvio reforça as dúvidas do mercado sobre a capacidade de geração de caixa no curto prazo, principalmente em um cenário de maiores exigências financeiras e aumento da volatilidade cambial.
A XP aponta que “não são tempos normais para a JBS”, destacando que a proximidade da assembleia geral sobre a dupla listagem deve aumentar a volatilidade no curto prazo. Já o BTG reforça que, mesmo com margens pressionadas em bovinos, a ação ainda possui atratividade relativa: “Parece pouco razoável acreditar que uma JBS listada nos EUA não possa ao menos negociar em algum ponto entre esses níveis”, afirmam, comparando o múltiplo atual de 5,4x com o de Tyson (7,6x) e Pilgrim’s (6,8x).
A JBS (JBSS3) segue sendo a única recomendação de compra do BTG no setor de proteínas.
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