O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (9) a aplicação de uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras a partir de 1º de agosto. A medida veio como retaliação ao que a Casa Branca chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A expectativa é de que a tarifa de Trump possa afetar de forma mais contundente alguns setores, sendo o agronegócio um dos principais. Mas afinal, como isso impacta as ações do setor agro, como Brasil Agro (AGRO3), SLC Agrícola (SLCE3), Boa Safra (SOJA3), Raízen (RAIZ4), JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Camil (CAML3), por exemplo?
Segundo Jorge Ferreira dos Santos Filho, economista da ESPM, a indústria de base, especialmente a siderurgia, além do agronegócio e do setor têxtil, tendem a ser os mais atingidos.
Ele alerta que a percepção de risco Brasil pode pressionar a curva de juros e dificultar o início da tão aguardada queda da Selic no segundo semestre.
“Se esse cenário persistir, é possível que a taxa permaneça em torno de 15% por mais tempo do que o previsto”, afirma.
Outros impactos da tarifa de Trump sobre o agro e à economia brasileira
Para o agronegócio, pode haver um impacto direto em relação à tarifa de Trump, já que os EUA são um importante destino para produtos como suco de laranja (com cerca de 80% do comércio global), café (aproximadamente um terço do consumo dos EUA) e açúcar e etanol.
Além disso, algumas empresas que apresentam uma maior exposição de suas receitas às exportações, como é o caso de São Martinho (SMTO3), Raízen e JBS, podem ter suas margens comprimidas pela tarifa dos EUA, enquanto os concorrentes norte-americanos poderão ter uma vantagem doméstica nesse contexto.
Santos Filho também destaca que “com a fuga de capitais, o dólar tende a subir, já que os investidores passam a priorizar ativos mais seguros, como os títulos do Tesouro americano”. A moeda mais cara pode encarecer insumos importados, alimentando a inflação e mantendo a Selic em torno de 15% “por mais tempo do que o previsto”.
Já Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, aponta que a imposição das tarifas de Trump de 50% pelos EUA representa “um abalo estrutural nas relações comerciais e pode gerar efeitos prolongados sobre a economia nacional”.
Ele também aponta que o agronegócio e a indústria de base exportadora devem ser os primeiros setores a serem afetados, com reflexos relevantes sobre as cadeias globais de produção, sobretudo em alimentos, minerais e insumos industriais.
“Para responder a esse novo cenário, o Brasil precisa fortalecer sua diplomacia econômica e acelerar o processo de abertura e diversificação de mercados. O momento também exige uma reavaliação da política industrial e dos incentivos à inovação, especialmente em áreas como descarbonização e energia renovável, onde há oportunidades para reposicionar o país globalmente”, diz Vasconcellos sobre a tarifa de Trump sobre o Brasil.
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