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Janela não fechou e 2021 deve ser um ‘ano de muitos IPOs’, dizem especialistas

Nos EUA, ETFs podem distribuir dividendos aos cotistas, ao passo que no Brasil as gestoras reinvestem os proventos por conta das regras regulatórias - Foto: Divulgação

Nos EUA, ETFs podem distribuir dividendos aos cotistas, ao passo que no Brasil as gestoras reinvestem os proventos por conta das regras regulatórias - Foto: Divulgação

No ano passado, o mercado de capitais brasileiro viveu o seu segundo maior boom de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) e, apesar dos recentes obstáculos, especialistas apontam que 2021 também não deve deixar a desejar.

No início de abril, a Dasa (DASA3) aceitou um desconto de mais de 10% na oferta de ações, uma das mais aguardadas para este começo de ano. O destino foi o mesmo da Rede Mater Dei (MATD3), a qual precificou o IPO 20% abaixo do piso da faixa indicativa.

Já a Viveo (VVEO3) bateu o pé e não aceitou reduzir o valor da oferta inicial de ações. A alternativa foi cancelá-la, ou ao menos suspendê-la. O Centro de Tecnologia Canavieira — CTC (CTCA3) seguiu a mesma linha.

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“O investidor ainda está muito inseguro com as questões políticas e econômicas no Brasil e está exigindo um prêmio de risco. Para entrar no IPO, ele quer entrar barato e quer ter previsibilidade de ganho no curto prazo”, disse Ale Boiani, CEO, gestora e fundadora da 360iGroup.

De acordo com informações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), são pelo menos 18 as empresas que desistiram oficialmente em 2021 de abrir o capital na Bolsa brasileira. Entre elas, Agrogalaxy, Kalunga, Tok&Stok, Granbio Investimentos, Farmácias Nissei, e mais.

Mesmo assim, a gestora disse acreditar no desenvolvimento do mercado brasileiro, apesar do momento conturbado. “Como temos menos de 400 empresas na Bolsa e uma série de mercados a desenvolver, a tendência de abertura de IPOs é continuar aumentando.”

O mercado de IPOs

Apesar disso, a fila de IPOs continua a todo vapor. Quase 35 companhias estão com pedido em análise na CVM ou com o processo de oferta inicial de ações em andamento e 14 empresas solicitaram o registro em 2021. “O mercado está bem aquecido como um todo”, observou Thiago Andrade, sócio da Athena-BGA Investimentos.

Na visão do agente autônomo, em 2020 foi aberta uma janela de oportunidade, por conta da taxa básica de juros (Selic) na mínima histórica de 2,00% ao ano e do crescente número de investidores chegando à Bolsa de Valores  de São Paulo (B3). Na base anual, o número de CPFs cadastrados na B3 disparou 92% no ano passado, chegando a cerca de 3,23 milhões.

Quanto a 2021, o especialista ponderou ao relembrar de algumas operações mal sucedidas. “Mas não toda oferta”, pontuou.

A análise corrobora a declaração feita por José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima, em coletiva de imprensa na semana passada. “Continuamos com um mercado seletivo, como sempre foi. No mercado de capitais, tem-se um número maior de ofertas comparadas às que efetivamente acabam saindo. Mas as operações continuam a ter sucesso conforme vemos as estatísticas”, acrescentou.

O sócio da Athena-BGA Investimentos Thiago Andrade também pontuou que houve uma redução no número de investidores estrangeiros, players com um papel histórico no mercado. “Os [investimentos] institucionais estão carregando esses IPOs”.

Fundos de investimento mantêm maior a participação nas ofertas de ações. Foto: Reprodução Anbima

Não obstante, o especialista acredita: apesar de algumas baixas no meio do caminho, 2021 deve ser um “ano de muitos IPOs”.

O investidor

Para a gestora da 360iGroup Ale Boiani, outra grande questão é o interesse do investidor em entrar nas operações. “Historicamente há toda uma empolgação quando a empresa abre capital, e depois o preço vai ajustando. Tem que valer a pena.”

De fato, levantamento recente realizado pelo buscador de investimentos Yubb mostrou que das 17 ações listadas na Bolsa brasileira em 2021, apenas quatro tiveram desempenho positivo até o último dia 16.

Conforme a pesquisa, a Vamos (VAMO3) teve o papel com melhor rentabilidade entre as empresas que fizeram IPO na Bolsa brasileira neste ano, com uma variação positiva de 50%. A Westwing (WEST3) liderou as baixas no período, com uma perda de 34,92% desde a oferta pública inicial.

O dado, no entanto, não assustou o fundador e diretor executivo (CEO) do Yubb, Bernardo Pascowitch. Segundo ele, “a expectativa é que muitas novas empresas entrem na bolsa em 2021. Para o investidor, é importante fazer todas as análises para entender se o IPO é um bom momento de entrar como acionista. Tudo vai depender do momento em que a empresa está abrindo capital”.

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