O cabo de guerra entre Itaú (ITUB4) e XP Investimentos continua — agora nas redes sociais. Em publicação na última quarta-feira (24), o fundador da corretora, Guilherme Benchimol, apresentou um extenso cálculo que questiona os sistemas de fidelidade dos bancos tradicionais.
Segundo Benchimol, por meio de sua conta pessoal no LinkedIn (rede social voltada ao mundo corporativo), as desvantagens escondidas, como altas taxas e pagamentos somente em milhas, fazem com que seja necessário “cortar a relação com o banco”, fazendo alusão ao cartão lançado pela XP Investimentos, onde propagandas mostram usuários literalmente cortando cartões de bancões com tesoura. O Itaú não quis deixar barato.
Em resposta ao fundador e ex-CEO da XP, o diretor executivo do Itaú, Carlos Formigari, afirmou em outra publicação que também é necessário corrigir equívocos de um de “nossos concorrentes”.
“Com o aumento da concorrência, é natural que cada marca queira defender seu produto. Porém, há de se prezar pelas informações corretas para que o consumidor – sem ser induzido a erros – decida quem vai ter sua preferência.”
O executivo rebate as premissas utilizadas nos cálculos de Benchimol, como o uso do dólar para a conversão de pontos ou as amarras para troca das milhagens, salientando as facilidades proporcionadas pelos planos de fidelidade do Itaú, como acesso a áreas VIP nos aeroportos, seguros e desconto na locação de carros.
Em nota à imprensa, a XP diz que “o Brasil é referência mundial na cobrança de altas taxas de juros nos cartões e que grande parte dos benefícios oferecidos pelos bancos acabam não se materializando ou expirando antes do prazo de validade”.
A corretora convida os concorrentes a “acabarem com a taxa de anuidade, reduzirem juros e proporcionarem benefícios que sejam da escolha do cliente. “A XP busca fazer nesse mercado a mesma transformação que fez nos investimentos, ao democratizar o acesso a produtos de qualidade”, diz Benchimol.
Desentendimento entre XP e Itaú em rede nacional
Essa não foi a primeira vez que os gigantes do mercado financeiro se desentenderam. Em junho de 2020, uma campanha de marketing polêmica do Itaú agitou a Faria Lima.
A propaganda foi ao ar em horário nobre na Rede Globo, onde o banco critica o modelo de negócios das corretoras, fazendo alusões com sarcasmo sobre o papel dos agentes autônomos de investimento (AAIs). O vídeo é encerrado dizendo como investimentos no Itaú Personnalité seriam mais seguros.
A reação da XP não demorou a aparecer. No dia seguinte, Benchimol publicou uma carta em “resposta aos ataques do Itaú”. “Estamos há 20 anos lutando contra um sistema financeiro concentrado que nunca inovou e nunca se preocupou com o que realmente importa: o cliente!”
Na época, o Itaú controlava quase metade do capital social da XP. Após o desentendimento, o maior banco da América Latina decidiu fazer uma cisão do investimento na corretora para “destravar valor“.
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