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IPCA amanhã deve retomar aceleração; veja como afeta seus investimentos

IPCA deve acelerar balança comercial

Balança comercial brasileira - Foto: Pixabay

O mercado acompanha amanhã a divulgação do IPCA mensal de fevereiro, e a expectativa é de que o indicador volte a mostrar aceleração, depois de reduzir o ritmo em janeiro. Confira qual é a expectativa do mercado para este indicador, o que isso significa e como pode afetar os seus investimentos.

O que é o IPCA?

O IPCA é a inflação oficial do Brasil, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e significa Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo.

Existem dois principais índices de inflação no Brasil: o IPCA e o IGP-M. Enquanto o primeiro é um índice oficial, calculado pelo governo, o segundo é apurado pela Fundação Getúlio Vargas. Outra diferença é que o IPCA tem um maior peso de itens de varejo em sua cesta de preços, enquanto o IGP-M tem um maior peso de produtos de atacado.

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Como se comportou o IPCA nos últimos meses?

Em janeiro, o IPCA subiu 0,25%, depois de ter avançado 1,35% em dezembro de 2020. Foi a menor taxa mensal desde agosto de 2020, quando havia registrado a taxa de 0,24%. Já o IPCA-15 de fevereiro registrou variação de 0,48% no mês.

Confira o comportamento do indicador nos últimos meses:

Fonte: Status Invest

O que o mercado espera para o IPCA de fevereiro, que sai amanhã?

Agora, o mercado espera uma nova aceleração. Segundo o Itaú Unibanco (ITUB4), o IPCA deve subir 0,71% em fevereiro de 2021 ante o mês anterior. Já o UBS prevê uma alta de 0,75%.

De acordo com o professor da Fipecafi, Estevão Alexandre, o IPCA deve ficar em 0,70%, impulsionado, principalmente, por conta do aumento dos transportes e alimentos.

Quais são as expectativas para 2021?

Apesar da desaceleração ocorrida no início deste ano, as expectativas do mercado para a inflação são de alta para 2021. O relatório Focus, do Banco Central, divulgou no último dia 8 a sua previsão para inflação neste ano, passando de e 3,87% para 3,98%.

Foi a nona semana consecutiva em que o Focus aumenta a projeção do IPCA anual. O indicador deve ficar acima da meta do governo, que é de 3,75%.

Nesta semana, o banco Barclays afirmou em relatório que sua previsão para o IPCA no final do ano passou de 3,9% para 4,5%. O aumento foi feito um mês depois de os economistas da instituição elevarem a previsão ante o patamar de 3,6%.

O Bradesco (BBDC4), no final de fevereiro, também elevou sua estimativa, que passou de 3,50% para 3,90%. No ano, o Banco Safra tem projeção de IPCA para 2021 em 3,9%, revisada na semana passada.

E o BC com isso?

O Banco Central vendo as expectativas de inflação descolarem do centro da sua meta, deve iniciar um aperto monetário com a elevação dos juros. A taxa básica de juros da economia, a Selic, está em 2% desde agosto do ano passado para estimular a economia, que sofreu com o baque do fechamento e restrições das atividades para combater a pandemia de covid-19.

A expectativa do mercado é que na próxima semana, o Copom — órgão do BC que decide a taxa de juros — inicie o aperto com uma elevação de 0,5 p.p. nos juros, que passaria a ser de 2,5% ao ano.

Com juros mais altos, os financiamentos, vendas a prazo e cartão de crédito ficam mais caros, desestimulando o consumo e segurando a inflação. Além do impacto no dia a dia das famílias, os juros em um patamar maior remuneram melhor os títulos da dívida, o que provoca um interesse maior pela aquisição de títulos em real, valorizando a moeda frente ao dólar.

Como o indicador afeta meus investimentos?

Quando a inflação sobe, significa que você paga mais caro pelos mesmos produtos. Ou seja, seu dinheiro perde valor. Mas existe outra consequência importante.

Para quem investe, a alta do IPCA tem um impacto importante, porque a inflação corrói o poder de compra do dinheiro. Com isso, conseguir um ganho real (acima da inflação) fica ainda mais difícil.

“Se o investidor não der importância, a inflação no longo prazo pode prejudicar o retorno ou até mesmo deixar o retorno do investimento negativo”, explica o educador financeiro André Massaro.

Para preservar seus retornos, existem duas estratégias possíveis. Uma delas é buscar investimentos com risco maior, em renda variável, que podem permitir ganhos acima da inflação. Outro caminho é investir em ativos de renda fixa atrelados ao IPCA, como o título público Tesouro IPCA. Também existem LCI, LCA e debêntures com rendimento atrelado à inflação.

E as ações?

Juros e inflação mais altas inibem o crescimento econômico e encarecem as dívidas das empresas, levando a uma redução no lucro das companhias listadas. Os investimentos também ficam mais caros e acabam sendo adiados.

Além do impacto no balanço, a renda fixa passa a ser mais atrativa e parte do capital se desloca da bolsa para títulos, o que leva a uma desvalorização das ações.

Note que esse movimento normalmente é antecipado pelo mercado, que “precifica” as ações já contabilizando um cenário mais restritivo.

O que explica a alta do IPCA?

Alguns dos fatores que mais têm pressionado o índice são a alta do dólar, que encarece produtos importados e aqueles que, mesmo produzidos no Brasil, são pareados ao mercado internacional, como é o caso dos combustíveis e alimentos. “O câmbio continua pressionando a inflação, que não cede apesar de baixas sazonais que começam a aparecer”, afirma o Banco Safra em relatório.

Ao mesmo tempo, o mercado global tem elevado os preços das commodities em dólar, o que acaba provocando um impacto ainda maior no IPCA, que se soma à desvalorização do real.

 

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