Ibovespa cai com NY e falas de Campos Neto; Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) sobem; CSN Mineração (CMIN3) salta 5,48%

O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (17) em baixa de 0,17%, aos 124.171,15 pontos. A cotação mínima foi de 123.641,94 pontos, enquanto a máxima foi de 125.300,97 pontos. O volume financeiro somou R$ 47,5 bilhões.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/Lead-Magnet-1420x240-2.png

O Ibovespa não conseguiu sustentar recuperação nesta quarta-feira, 16, estendendo a série negativa pela sexta sessão – a maior desde a longa correção entre 1º e 17 de agosto. Na semana, o Ibovespa cai 1,41% e, no mês, cede 3,07%. No ano, recua 7,46%.

No exterior, o dia foi marcado por ajuste nos preços do petróleo, com o Brent em retração de 3%, abaixo de US$ 88 por barril, em Londres. Os estoques de petróleo dos Estados Unidos tiveram crescimento de 2,735 milhões de barris, a 459,993 milhões, na semana passada, informou o Departamento de Energia. Analistas ouvidos por The Wall Street Journal previam alta de 600 mil barris.

Nas quedas do Índice Bovespa estavam as ações da Petrobras (PETR4), mas os papéis passaram a operar em alta. O papel PETR4 avançou 0,73%, enquanto PETR3 teve leve alta de 0,15%. Mais cedo, a queda da Petrobras acompanhou a desvalorização do petróleo lá fora.

Nesta quarta-feira, o índice foi contido em especial pelas ações de grandes bancos, mas o desempenho do setor melhorou um pouco do meio para o fim da tarde, com Banco do Brasil (BBAS3, +0,21%) e Itaú (ITUB4 +0,06%) tendo oscilado para o positivo, reduzindo a pressão sobre o Ibovespa.

O Ibovespa hoje terminou em linha com as Bolsas de Nova York, que também fecharam o dia em leve baixa.

  • Dow Jones: -0,12%, aos 37.752,52 pontos;
  • S&P500: -0,58%, aos 5.022,19 pontos;
  • Nasdaq: -1,15%, aos 15.683,37 pontos.

O sentido negativo do Ibovespa se manteve na sessão apesar da moderada retração do dólar, em baixa de 0,47%, a R$ 5,2439. “No médio prazo, com a dissipação de alguns choques – como redução do impasse no Oriente Médio, maior clareza para a economia dos EUA, e se entendermos melhor evolução das contas públicas -, a tendência é de que o dólar fique em patamar um pouco mais baixo”, observa em nota Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. “No curtíssimo prazo, vemos mercado estressado, com curvas de juros subindo, queda da bolsa e dólar além da barreira de R$ 5,20.”

Segundo Fabio Louzada, economista, planejador financeiro CFP e fundador da Eu me banco, o Ibovespa zerou os ganhos registrados mais cedo e passou a operar em queda, enquanto o dólar também caiu diante de um movimento de correção.

Mas a pitada de sal que se impôs ao sentimento dos investidores veio da agenda macro, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que fez alerta, hoje, sobre os riscos para a política monetária relacionados a uma possível desancoragem do fiscal. Na mesma semana em que o governo decidiu mudar as metas de referência para as contas públicas em 2025 e 2026, as declarações de Campos Neto foram recebidas como duras pelo mercado, abrindo um flanco para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em maio, na qual já se poderia optar por um corte menor na Selic, de 0,25 ponto porcentual, mesmo tendo telegrafado, no comunicado e na ata de março, a manutenção do ritmo de meio ponto para o mês.

“Se você perde credibilidade na âncora fiscal, fica mais caro para a âncora monetária”, afirmou nesta quarta-feira o presidente do BC, durante evento da XP Investimentos em Washington, onde Campos Neto se encontra para as reuniões de primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ele destacou também que a autoridade monetária fará “o que for necessário para ancorar a inflação”. “É importante repetir”, frisou o presidente do BC, que voltou a ser criticado, recentemente, pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

“Falas de Campos Neto, presidente do BC, sobre o fiscal pesaram no mercado após. O presidente do BC disse que a maior parte das incertezas vem de fatores globais, mas destacou os domésticos relacionados a uma preocupação em relação ao fiscal, que tornou, segundo ele, o trabalho do BC mais difícil”, destacou Louzada.

“A aversão a risco global – que fez o ouro, um indicador do medo, subir 13% no mês até ontem, e o dólar avançar 5% frente ao real, no mesmo intervalo, tendo flertado com o patamar de R$ 5,30 – deu uma trégua hoje: a ausência de notícias negativas permitiu uma relativa acomodação. Foi um dia, de certa forma, de reversão à média”, diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, destacando em especial o deslocamento dos rendimentos das Treasuries de 10 anos, hoje um pouco abaixo de 4,6% após terem tocado ontem, no fechamento, o nível de 4,7%.

O Livro Bege, por sua vez, indicou que os aumentos de preços foram modestos, permanecendo no mesmo ritmo do último relatório, enquanto os salários também se elevaram. Por essa razão, o especialista acredita que são diversas as dificuldades para o Federal Reserve (Fed) começar o processo de baixa de juros nos Estados Unidos.

A Vale (VALE3) registrou alta de 1,09% na bolsa de valores hoje, acompanhando a alta do minério de ferro no exterior. Os investidores também repercutem de forma positiva o relatório divulgado pela empresa, destacando a produção de 70,8 milhões de toneladas de minério de ferro no primeiro trimestre de 2024 (1T24).

“A boa prévia operacional de Vale o relatório de produção divulgado na noite de ontem pela empresa, acima das estimativas dos analistas – que revisaram favoravelmente projeções para a mineradora no primeiro trimestre e no ano -, além do avanço do minério de ferro na China, assegurou alta para as ações do setor metálico, limitando assim as perdas do Ibovespa na sessão”, acrescenta a analista, destacando também notícia positiva para a Gerdau (GGBR4), que tem operação nos EUA, após o governo americano sinalizar intenção de sobretaxar o aço importado da China.

“Os números da Vale são mais altos do que os divulgados no primeiro trimestre de 2023. Com isso, temos um movimento de compra do papel e alta da Vale hoje”, diz o especialista.

Outro destaque de alta do Ibov hoje (17) foi a CSN (CSNA3), que divulgou uma oferta pública de emissão de debêntures incentivadas que pode captar R$ 800 milhões.

Klabin (KLBN11) recuou depois de divulgar aprovação de um novo aumento de capital social da companhia, no valor de R$ 1,6 bilhão, com a emissão de mais de 561 mil novas ações. “A diluição societária acaba não agradando investidores do papel e, com isso, as ações caem hoje”, conclui Louzada.

O dólar encerrou o pregão em queda de 0,47%, cotado a R$ 5,2439 – ainda nos maiores níveis desde março de 2023. O dólar acumula valorização de 4,56% em abril.

Maiores altas do Ibovespa

  • CSN Mineração (CMIN3): +5,48%
  • Locaweb (LWSA3): +3,71%
  • Vamos (VAMO3): +2,54%
  • Totvs (TOTS3): +2,38%
  • Cosan (CSAN3): +1,91%

Maiores quedas do Ibovespa

  • Marfrig (MRFG3): -6,45%
  • CVC (CVCB3): -5,05%
  • Eztec (EZTC3): -4,43%
  • BRF (BRFS3): -3,99%
  • Hypera (HYPE3): -3,81%

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (16) em queda de 0,75%, aos 124.388,62 pontos.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

João Vitor Jacintho

Compartilhe sua opinião