Guerra da Rússia dá nó em mercado ESG; entenda por quê

Os investimentos ESG estão enfrentando uma grande reviravolta em meio à guerra da Rússia contra a Ucrânia. Isso porque o conflito tem impactado a relação entre os países, principalmente após os embargos econômicos contra os russos.

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A disparada dos preços das commodities e as dificuldades diplomáticas lançaram novos desafios para os investimentos ESG. Como o conflito ainda está em desenvolvimento, existem mais questões do que respostas sobre os rumos das políticas sustentáveis.

Não seria exagero afirmar que a Europa por décadas é o grande epicentro das negociações sobre redução da emissão de carbono, incluindo também as discussões sobre economia verde e boas práticas sociais.

No entanto, as disputas do mundo ocidental contra o avanço russo na Ucrânia tem gerado dúvidas sobre o que será do ESG diante do aumento do preço das commodities.

Para saber tudo sobre ESG, nos acompanhe nesta “Semana do ESG: Investindo no Futuro“, realizada com apoio da CBA e da Rio Bravo. Entre 8 e 12 de agosto, o Suno Notícias vai trazer uma série de conteúdos especiais sobre investimentos ESG para você ficar por dentro do tema e entender como isso impacta o seu bolso. Você acompanha todo o conteúdo neste link.

Você também não pode perder o evento presencial do SUNO Notícias sobre ESG que ocorrerá no dia 17 de agosto, em São Paulo.

Os investimentos focados em ESG estão em xeque?

Os especialistas consultados pelo Suno Notícias concordam que o cenário geopolítico atual é completamente paradoxal. Por um lado, o conflito militar entre ucranianos e russos pode afetar os objetivos de descarbonização fechados no Acordo de Paris, sobretudo com o aumento do preço do gás natural e do petróleo.

Por outro, o “aperto no bolso” pode acelerar a agenda sustentável e pressionar governos e empresas a darem preferência para energias de menor impacto ambiental. Esse é só um aspecto que ilustra a difícil relação entre a guerra e as boas práticas ESG.

Mesmo assim, os “investimentos sustentáveis” sofreram abalos, pelo menos no curto prazo. Com a valorização das commodities, muitos fundos ESG perderam espaço em carteiras de investimentos que valorizam ativos que estão em alta, como petróleo, minério de ferro e setor de defesa.

A Morningstar, empresa americana de serviços financeiros, divulgou dados sobre diversos fundos de investimentos dentro da agenda ESG dos EUA. Só no mês de maio, foi registrada uma saída mensal de US$ 3,5 bilhões desses fundos. Possivelmente, a alta das commodities e outros setores, como de defesa, motivaram investidores a correrem atrás de rentabilidades maiores.

Por esse e outros motivos, algumas gestoras de fundos ESG resolveram flexibilizar suas abordagens e estão adicionando em seus portfólios ativos ligados à indústria armamentista. Isso seria uma ameaça ao paradigma sustentável ou uma adaptação frente às ameaças de perda de rentabilidade?

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Guerra da Ucrânia faz barulho no mercado verde

Um dos principais pontos em debate é o setor de defesa, que poderá ser reposicionado dentro da abordagem ESG por razões de seu crescimento no mercado. No acumulado do ano, o índice S&P 500 caiu mais de 9%.

Ao mesmo tempo, as ações da Lockheed Martin, empresa de armas e outros artigos militares, subiram mais de 9% no acumulado de 2022. A Booz Allen Hamilton, que é do ramo de defesa e inteligência, também supera alta de 9% no ano.

A Northrop Grumman Corp, outra companhia norte-americana do mesmo setor, subiu ainda mais, performando acima de 16% este ano.

Consequentemente, fundos que nunca investiam no setor de defesa, principalmente por questões éticas, começaram a reconsiderar tal escolha por acreditar que este era o momento mais propício.

“Outros fundos começaram a relaxar as restrições com investimentos em determinados setores que até então estavam fora da abordagem ESG”, afirma Gustavo Pimentel, CEO da NINT, sobre a relação entre investimentos ESG e o setor bélico.

Resta saber como as empresas que participaram de um boicote contra a Rússia se comportarão após o fim do conflito. Nesta ocasião, os valores éticos – tão caros à agenda ESG – “falaram mais alto” do que as justificativas econômicas. Tanto é que muitos optaram por suspender suas operações na Rússia, país com grande mercado consumidor.

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As consequências da guerra na Agenda ESG

A primeira consequência da guerra vem no setor de petróleo e gás, com o aumento dos preços das commodities. E com esse efeito no mercado, as empresas do setor tiveram desempenho melhor no mercado.

Para exemplificar, o preço do petróleo estava em U$ 77,78 em dezembro de 2021. Com a guerra na Ucrânia, os preços dispararam. No primeiro semestre de 2022, o barril do petróleo tipo Brent fechou em US$ 109,03, acumulando alta de 45,52%. A máxima do ano superou U$ 127 dólares o barril.

Ou seja, quem não tem esses ativos, perdeu do mercado, incluindo até mesmo os investimentos ESG. Justamente por esse motivo que muitos fundos tiveram que fazer alocações pouco convencionais à abordagem ESG.

O atual conflito militar na Ucrânia teve outra consequência bastante visível, principalmente no aspecto ambiental. A União Europeia estava discutindo se energia nuclear e gás natural deveriam ser considerados ativos sustentáveis.

A Guerra fez com que os legisladores europeus considerassem esses ativos como sustentáveis. “Essa escolha foi de segurança energética e de suprimentos. Ou seja, foi pautada de forma geopolítica com muita influência da guerra da Ucrânia”, afirma Pimentel.

Normalmente, a abordagem ESG que prioriza impactos positivos tem a tendência de ficar menos exposta a investimentos em ativos fósseis, tudo isso por questões éticas. Por isso, sofreram com o aumento das commodities em pleno contexto de guerra.

Até as abordagens mais pragmáticas que focam no risco/retorno dos investimentos tiveram que mudar seus posicionamentos. Antes da guerra, muitos apostavam que “ativos fósseis” teriam dificuldades no longo prazo. Porém, com o conflito na Ucrânia, há uma mudança no curto prazo sobre esse setor.

A nova configuração geopolítica apreciou os ativos no curto prazo em descompasso com a tese de longo prazo para o setor. Com isso, “vários fundos ESG que tinham essa visão e com essa mudança de fundamento, adicionaram commodities em carteira”, destaca o CEO da NINT.

Diante disso, muitos poderiam perguntar: “os investimentos ESG estão diminuindo? Depende”, responde Pimentel. Tem muitos efeitos de curto prazo que foram atingidos, mas os fundamentos de longo prazo são os mesmos. “A gente ainda tem acordo de Paris, muitos países com compromissos de descarbonização e ainda existe o mercado de carbono”, afirma.

Em outras palavras, a guerra entre Rússia e Ucrânia que ainda está em curso, tem muitas consequências para a geopolítica mundial, afetando mercados e abalando paradigmas. O difícil é saber até onde isso afetará os investimentos ESG no longo prazo.

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Gustavo Bianch

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