A Gol (GOLL54) anunciou nesta semana que está se preparando para deixar a bolsa de valores. A decisão marca o fim de um ciclo da companhia como empresa listada na B3 e levanta uma dúvida importante: o que acontecerá com os quase 100 mil investidores pessoas físicas que ainda possuem ações da Gol?
O movimento ocorre após a Gol passar por um processo de reestruturação societária e financeira. A proposta envolve uma incorporação entre empresas do grupo e uma oferta pública de aquisição (OPA) para comprar a fatia que ainda não está nas mãos do Grupo Abra, controlador da companhia.
Segundo o comunicado, a operação tem como objetivo simplificar a estrutura corporativa e concentrar todas as atividades sob uma única empresa operacional. Mas, para o mercado, o foco agora está nos desdobramentos para quem ainda tem ações da Gol.
Por que a Gol (GOLL54) vai fechar capital?
A proposta de fechamento de capital da Gol (GOLL54) acontece em um momento de reorganização do grupo após a recuperação judicial nos Estados Unidos, o chamado Chapter 11. Atualmente, o Grupo Abra, que também controla a Avianca, detém cerca de 99% da companhia, restando apenas 0,08% do capital total em circulação no mercado.
De acordo com informações oficiais, a holding Gol Investment Brasil, controladora ligada ao Abra, fará uma OPA para adquirir o restante das ações ainda em mãos de minoritários. O valor máximo da operação pode chegar a R$ 47,25 milhões. Esse montante representa um prêmio de até 23,7% em relação ao preço de fechamento dos papéis na última segunda-feira (13), de R$ 5,08.
A precificação final, no entanto, será definida por auditorias independentes. Caso o custo total ultrapasse o limite previsto, a Gol poderá desistir da oferta e cancelar a operação.
O processo será avaliado em assembleia no início de novembro, quando também será nomeado o avaliador responsável por determinar o preço justo da OPA.
O que vai acontecer com os acionistas da Gol?
Com a saída da bolsa, a companhia listada hoje, Gol Linhas Aéreas Inteligentes, deixará de existir. Ela será incorporada pela Gol Linhas Aéreas, que é a empresa operacional responsável pelos voos, e pela Gol Investment Brasil. Ao final do processo, restará apenas uma estrutura societária, de capital fechado, sob controle do grupo Abra.
Os atuais detentores de ações da Gol terão direito a uma troca de papéis. Quem possui ações preferenciais (GOLL4) receberá 35 ações ordinárias da nova empresa (Gol Linhas Aéreas) para cada ação preferencial que detém hoje. No caso de GOLL54, isso equivale a 35 mil ações da companhia resultante da incorporação.
A OPA, por sua vez, será o passo que permitirá à Gol comprar a fatia que ainda pertence aos minoritários. Os investidores poderão escolher se aceitam ou não a proposta. Quem aceitar, vende suas ações e deixa de ser sócio da empresa. Quem não aceitar, continuará acionista, mas de uma companhia fechada, cujas ações não serão mais negociadas na bolsa de valores.
“Com o fechamento de capital, os acionistas deixam de ter a possibilidade de comprar ou vender suas ações livremente no mercado, o que limita bastante as alternativas”, explica Douglas Dias Rodrigues, planejador financeiro, especialista em investimentos e MBA em Finanças pela FBNF.
Na prática, isso significa que o investidor continuará dono de uma pequena participação, porém sem liquidez. Ele não poderá vender seus papéis no mercado, e qualquer negociação futura dependerá de acordos diretos, sem intermediação da B3. Além disso, a nova empresa não será mais obrigada a divulgar balanços públicos nem seguir as mesmas regras de governança de uma companhia aberta.
Segundo ele, os investidores também devem enfrentar um momento de oscilações de preços nos próximos dias. “A incerteza em torno do anúncio tende a aumentar a volatilidade, já que a nova controladora passa a ter menos obrigações de auditoria e governança do que uma companhia listada”, destaca Rodrigues sobre o fechamento de capital da Gol (GOLL54).
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