Quer receber dividendos de “fundos imobiliários” gringos? Novo ETF pretende diversificar carteira do investidor brasileiro

Um novo ETF (fundo de índice, em inglês) está prestes a chegar na Bolsa brasileira: o WISE11, gerido pela Wise Capital e administrado pela Vórtx. Esse ativo visa diversificar a carteira do investidor brasileiro e recorrerá a fórmula dos fundos imobiliários para se destacar no mercado: a distribuição recorrente de dividendos, tática inédita neste setor.

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“Antes, o investidor brasileiro que gosta de imóveis e de receber dividendos só tinha a possibilidade de ter isso em imóveis locais, expostos ao ‘Risco Brasil’ e aos riscos do segmento. Agora, ele continua nos FIIs brasileiros, mas vai colocar uma parte do portfólio também em imóveis de 26 países”, explica Flavio Mantesso, sócio-fundador da Wise Capital, ao Suno Notícias.

O Wise S&P Global REIT Fundo de Índice, nome oficial do WISE11, é o primeiro ETF do mundo que replica esse índice internacional de imóveis da Standard & Poors e começou a ser desenhado em 2019.

Se um país está indo mal, outro está indo bem. O investidor acaba diminuindo o risco, são centenas de milhares de imóveis que ele terá com esse ETF.

Além disso, esse será o primeiro ETF brasileiro a pagar dividendos aos seus cotistas. Até o início do ano, os proventos recebidos pelos ETFs não podiam ser repassados diretamente ao investidor. Assim, eles eram reinvestidos na compra de novas ações, o que tendia a valorizar o fundo no longo prazo.

Porém, no final de janeiro, a B3 autorizou que novos ETFs paguem dividendos, o que abriu espaço para o WISE11 sair do papel. 

O novo ETF replicará o índice SP Global REIT Index, da Standard & Poors. Dessa forma, o investidor terá acesso direto a mais de 400 REITs (Real Estate Investment Trust) localizados em 26 países espalhados pelos quatro cantos do mundo.

Por exemplo, os dividendos do WISE11 virão de imóveis como o Times Square Tower, em Nova York (EUA); o China Central Place, em Beijing (China); o Eurostar Hotel, em Madrid (Espanha), entre outros empreendimentos.

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Fundos imobiliários gringos? Entenda o que são REITs

À primeira vista, os REITs são os fundos imobiliários dos Estados Unidos. Contudo, existem diferenças significativas entre os FIIs brasileiros e os seus irmãos gringos.

Oficialmente, os REITs não são fundos, mas sim empresas do setor imobiliário. Assim, quando você investe diretamente em REITs, não está virando um cotista, mas sim um acionista do negócio — da mesma forma como ocorre nas demais empresas da Bolsa. Essa é a logística predominante no setor imobiliário global.

De acordo com Mantesso, a ideia é que os dividendos desse ETF sejam pagos de forma trimestral, de forma similar ao que é feito no mercado norte-americano de REITs.

“Diferentemente do Brasil, que tem o pagamento mensal, alguns países têm distribuição trimestral, semestral ou mensal. Como a maioria dos ativos é americana, vamos seguir esse padrão, aí reuniremos os depósitos mensais e faremos a distribuição a cada trimestre”, detalha o especialista.

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Os proventos terão origem em diferentes moedas, como dólar e euro, mas toda a operação de câmbio será feita pela própria gestora. Assim, o investidor aporta em reais e também recebe seus dividendos nessa mesma moeda.

Outro diferencial será a liquidez do ETF: “No fundo imobiliário, o investidor compra a cota e só consegue vender na Bolsa. No ETF, ou ele vende na Bolsa ou pede resgate. Nesse caso, devolvemos o dinheiro”.

Contudo, enquanto os fundos imobiliários são isentos de Imposto de Renda, o WISE11 terá uma tributação de 15% sobre os dividendos, operação que ocorrerá direto na fonte. O ETF deve começar a ser negociado na Bolsa nos próximos meses.

Para a reportagem, o gestor adianta que esse ETF de “fundos imobiliários” gringos é o primeiro passo da parceria com a S&P e que novos fundos de índice estão no radar: “Pretendemos lançar famílias de fundos de REITs, mas quisemos começar com o mais abrangente de todos, por isso pegamos o índice global”.

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Erick Matheus Nery

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