Tendência para o dólar no 2º semestre é de queda, mas crise política é um fator de risco

No primeiro semestre do ano, o dólar refletiu a elevação da taxa básica de juros (Selic), o avanço da vacinação e a melhora econômica apresentada pelo PIB, acumulando uma queda de 5,5% no período de janeiro a junho.

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Na análise dos especialistas, a expectativa é que a cotação do dólar permaneça em queda no segundo semestre, uma vez que os dados econômicos brasileiro animam o mercado.

O grande risco diz respeito à política interna, que pode influenciar negativamente a cotação da moeda. Portanto, o dólar a R$ 5,00 ou abaixo deste patamar depende do governo.

Movimentação do dólar já foi maior

Apesar do dólar ainda estar alto, ou seja, negociado acima dos R$ 5,00, a moeda já esteve pior. No primeiro semestre de 2020, o câmbio havia acumulado uma alta de 35,66% — o mais alto para o período desde 1999 — e alcançou o patamar de R$ 5,50.

O sentimento de risco dos mercados predominava, e os dados das economias grandes e emergentes eram pessimistas, o que minava as esperanças sobre uma recuperação econômica rápida.

Mas hoje o cenário é diferente. O dólar iniciou esse ano negociado a R$ 5,30 e encerrou o semestre cotado abaixo dos R$ 5,00 — a R$ 4,97. Isso é resultado do cenário exterior mais positivo, com dados macroeconômicos que apresentam uma recuperação econômica e o cenário interno que avança com a vacinação e a alta na a taxa Selic.

Veja abaixo o gráfico do dólar do Banco Central:

gráfico do dólar

Moeda a R$ 5,00 no final de 2021 depende da política

Para o mercado, com base nos dados e previsões econômicas, o dólar deve encerrar o semestre negociado a R$ 5,00. No entanto, o conturbado cenário político brasileiro traz incertezas.

O economista-chefe da Associação Brasileira de Câmbio (Abracam), Reinaldo Cafeo, diz que a perspectiva de alta da Selic enfraquece o dólar, tornando o Brasil mais atrativo para os investidores internacionais.

Além disso, Cafeo acrescenta que a balança comercial vem tendo saldo positivo e constante.

“A tendência é que o câmbio gire em torno de R$ 5, com uma oscilação de 5% para mais ou para menos. Um dólar de equilíbrio hoje, no aspecto puramente técnico, seria de R$ 4,80. Então o câmbio operando a R$ 5,00 no final do segundo semestre é bastante factível”, analisou Cafeo.

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Na última divulgação do Boletim Focus, o Banco Central indicou que o câmbio deva encerrar 2021 negociado a R$ 5,04.

Mas o responsável pela Mesa de Câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, alerta que a previsão do dólar na casa de R$ 5,00 é uma análise apenas econômica, isso porque os recentes casos envolvendo o governo federal em relação à Covaxin e acusações de corrupção podem influenciar negativamente a moeda.

“A economia brasileira está aquecendo praticamente sozinha, ela está indo bem, então pela economia esse dólar é para estar abaixo dos R$ 5,00. Mas fica difícil afirmar esse valor porque o meio político está muito conturbado. Se continuar do jeito que está com certeza ele não vai ficar perto dos R$ 5,00”, disse Nagem.

Cafeo ainda brinca que se não houvesse a política brasileira, o mercado brasileiro teria o “céu de brigadeiro para cotação da moeda”.

“Os fatores econômicos vão na direção de um câmbio mais tranquilo, mais próximo do equilíbrio. Já os fatores políticos, quanto mais próximo do presidente da República, mais nervoso o mercado. Por isso, prever o dólar a R$ 5,00 é mais difícil porque tem muitas variáveis envolvidas”, concluiu Cafeo.

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Poliana Santos

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