O dólar fechou em queda de 0,25%, nesta segunda-feira (19), a R$ 5,6552, em linha com o comportamento global da moeda norte-americana. Foi o primeiro dia de operações após o rebaixamento do rating de crédito dos Estados Unidos pela agência Moody’s, anunciado na sexta-feira (16), após o fechamento dos mercados.
Depois de uma alta moderada nas primeiras horas, quando atingiu a máxima de R$ 5,6913, o dólar passou a cair e bateu na mínima de R$ 5,6339 antes do fechamento. Em maio, a divisa recua 0,38%. No ano, as perdas são de 8,49%.
Analistas apontam que o endividamento crescente da maior economia do mundo provocou o rebaixamento da nota de crédito e diminuiu o apetite por ativos norte-americanos, beneficiando ativos emergentes. O real apresentou desempenho inferior aos de pares latino-americanos, mas o mercado reagiu bem às declarações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçando a expectativa de manutenção da Selic em patamar elevado por período prolongado.
O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, afirma que o rebaixamento do rating americano pela Moody’s, de AAA para AA1, se somou ao receio de desaceleração da economia dos EUA em razão das incertezas provocadas pelo vaivém das negociações de tarifas estimuladas pelo presidente Donald Trump para reduzir a a atratividade do dólar.
“Os investidores estão mais reticentes com os EUA, o que abre espaço para alocação maior em ativos emergentes”, afirma o especialista.
Dólar em queda também no mercado global
O índice DXY — que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, em especial euro e iene — recuava cerca de 0,70% no fim da tarde, ao redor dos 100,300 pontos, com mínima aos 100,064 pontos. Entre pares do real, os maiores ganhos foram do peso chileno, seguido pelo peso colombiano.
O economista Vladimir Caramaschi, sócio-fundador da +Ideas Consultoria Econômica, lembra que a Moody’s foi a última das três agências de classificação de risco a rebaixar os EUA. Ele ressalta ainda que a agência alterou a expectativa para a nota americana de negativo para estável, o que sugere que não haverá novo rebaixamento no curto prazo.
“A decisão traz impactos limitados para os ativos, dado que as fragilidades dos EUA já são conhecidas, mas ocorre em um momento de grande incerteza para o mercado e de questionamento sobre a manutenção e o alcance do papel do dólar como moeda de reserva”, explica o especialista.
A notícia foi seguida do avanço do plano tributário do Partido Republicano no Comitê de Orçamento da Câmara dos Representantes. As preocupações fiscais, juntamente com os temores de recessão decorrentes da guerra comercial deflagrada pela administração Trump, reavivam a tendência de queda do dólar, com os ativos perdendo valor em todos os setores.
Com Estadão Conteúdo
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