Ícone do site Suno Notícias

Dólar mantém trajetória de alta e fecha a R$ 5,6899

Dólar. Foto: iStock

Dólar. Foto: iStock

O dólar apresentou alta firme na sessão desta segunda-feira (5) e fechou o dia em alta de 0,62%, cotado a R$ 5,6899, depois de alcançar a máxima de R$ 5,6906 à tarde.

Em dois dias úteis no mês até agora, a moeda norte-americana tem ganhos de 0,23% em relação ao real. No ano, o dólar acumula desvalorização de 7,9% em relação à divisa brasileira.

Embora o dólar tenha caído em relação a outras moedas de economias desenvolvidas, as divisas latino-americanas sofreram no geral com movimentos de ajustes e realização de lucros, na esteira da queda do petróleo e da alta das taxas dos Treasuries, após dados da semana passada que mostraram uma economia norte-americana mais forte do que o esperado.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, observa que as moedas latino-americanas foram abaladas pelo recuo do petróleo depois de a Opep+, grupo que reúne os principais países produtores de petróleo, confirmar no fim de semana que vai promover aumento de produção a partir de junho.

Borsoi chama a atenção também para dados de serviços mais fortes da economia americana, em especial o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços nos EUA, medido pelo Instituto para Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês). O indicador subiu de 50,8 em março para 51,6% em abril, enquanto analistas previam queda para 50,2.

“O dia já começou ruim para as moedas latino-americanas e piorou com o ISM. Com os últimos indicadores, o mercado parece começar a largar a tese de uma recessão americana com queda de juros nos EUA”, afirma Borsoi, acrescentando a geração acima das expectativas de emprego nos EUA revelada pelo payroll na sexta-feira.

Dólar e juros: como o mercado enxerga a relação

A perspectiva é que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anuncie na quarta-feira, 7, a manutenção da taxa básica na faixa entre 4,25% e 4,50%. Analistas acreditam que o Banco Central americano vai reiterar o aumento das incertezas provocadas pelo tarifaço de Trump e não deve sinalizar para um corte de juros em junho.

O economista André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências da Remessa Online, afirma que, apesar de sinais de desaceleração da atividade nos EUA, os números robustos do mercado de trabalho vão levar o Fed a manter os juros nesta semana, deixando um eventual início de ciclo de queda para junho.

“Essa leitura tem motivado esse aumento do dólar, em relação sobretudo às moedas da América Latina. No caso do Brasil, há também um processo de correção depois da sequência recente de valorização do real”, afirma Galhardo.

Na novela da guerra comercial, Trump anunciou no domingo que vai impor tarifas de 100% sobre filmes estrangeiros. Nesta segunda à tarde, o presidente dos EUA afirmou que o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, quer fazer um acordo comercial e que a China “quer muito uma negociação”.

Se a perspectiva nos EUA é de manutenção dos juros, por aqui o mercado projeta uma elevação da Selic em 0,50 ponto porcentual, para 14,75% ao ano, na quarta-feira (7). Quanto ao comunicado, a estimativa é que o Copom não se comprometa com uma nova elevação em junho.

Para Galhardo, da Remessa Online, o aumento do diferencial entre juros internos e externos pode dar suporte à taxa de câmbio. “Mas ainda há uma insegurança em relação ao comportamento do BC diante de uma deterioração dos dados qualitativos de inflação que pode trazer volatilidade ao câmbio”, observa o economista.

Com Estadão Conteúdo

Sair da versão mobile