Daslu: ‘Comprador misterioso’ no leilão é dono de construtora da bolsa

A Daslu, que já foi uma das marcas de luxo mais relevantes da elite paulistana, deverá ajudar a dar personalidade a empreendimentos residenciais de alto padrão na capital paulista.

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Isso pois, após muito mistério em torno do nome do vencedor do leilão de falência da Daslu, o novo dono da marca foi revelado, sendo o dono da construtora Mitre (MTRE3), uma empresa que, atualmente, é listada na bolsa de valores.

O empresário desembolsou R$ 10 milhões no certame.

O presidente da Mitre, Fabricio Mitre, diz que o racional por trás da transação está na leitura de que a Daslu será complementar aos imóveis oferecidos pela companhia, que tem foco no mercado imobiliário de alto e altíssimo padrão em São Paulo.

“Estamos nos posicionando como uma marca de altíssimo padrão. Temos alguns lançamentos nos Jardins (bairro nobre da cidade) e queremos ofertar mais do que apartamentos, mas serviços e comodidades aos clientes”, diz o executivo.

A compra da Daslu por uma construtora foi o desfecho de um processo bastante competitivo. Foram mais de 30 lances, conforme divulgou a casa de leilão Sodré Santoro, mantendo todos os nomes em sigilo. “Foi competitivo até o último segundo; por isso, conseguiram uma avaliação tão superior”, conta Mitre. O lance inicial era de R$ 1,4 milhão.

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A Mitre, contudo, não passou detalhes de sua estratégia e como utilizará a marca Daslu. O motivo é que o aval final da transação precisa ser dado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), visto que se tratou de um leilão judicial de falência.

A construtora é conhecida no mercado e fez sua abertura de capital há um pouco mais de dois anos, quando levantou cerca de R$ 1 bilhão. Desde então as suas ações derreteram, e a companhia vale hoje R$ 537 milhões, menos do que levantou em sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

“Nunca na minha carreira eu vi uma discrepância tão grande entre a precificação do mercado financeiro e o que está acontecendo no dia a dia”, afirma o executivo. Segundo ele, a empresa entregou as promessas do IPO, segue crescendo e está no “melhor momento de sua história”.

“E a compra da marca Daslu reflete isso, algo que não é trivial para uma incorporadora do setor imobiliário”, comenta.

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Apesar da oferta na Bolsa, a construtora ainda é controlada pela família Mitre, que possui uma participação de 50,1% da companhia.

A empresa foi fundada há mais de 50 anos pelo avô de Fabrício, que assumiu o comando em 2008, época em que se iniciou a profissionalização da companhia.

Veja como foi a derrocada da Daslu

A marca Daslu representou por anos o máximo do luxo no Brasil, em um momento em que as marcas importadas só eram acessíveis para quando os consumidores endinheirados iam ao exterior.

Na década de 1990, sob o comando de Eliana Tranchesi, que morreu em 2012, a varejista atraiu as consumidoras mais ricas da cidade.

A abertura da megaloja da Daslu, em 2005, marcou o início da derrocada. Na época, um escândalo mostrou Tranchesi sendo presa por sonegação fiscal. Ela foi condenada a uma pena de 94 anos de prisão, mas saiu após um ano, quando recebeu um diagnóstico de câncer.

Com Estadão Conteúdo

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Eduardo Vargas

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