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Wataru Ueda
Wataru Ueda

O poder da milenar troca presencial no setor médico-hospitalar

Nós, humanos, somos seres sociais, que naturalmente estabelecemos vínculos de confiança e afeto, por meio de trocas. Ao longo dos séculos, fomos criando redes de relacionamento, por meio de encontros pessoais.

Desde as mais remotas feiras de escambo, os eventos sempre foram uma forma crucial de criar um ambiente de negócios e expandir a rede de contatos. Apresentar estudos e novas tecnologias é um ritual praticado há séculos, mas ultimamente as evoluções correm rápidas, ano a ano – às vezes, até em menos tempo… E em poucos segmentos isso é tão verdadeiro quanto no setor médico-hospitalar.

Mais do que simples encontros comerciais, alguns eventos médico-hospitalares são verdadeiros congressos acadêmicos. Há uma autêntica e profunda troca de conhecimento, sendo uma chance de evolução tanto para expositores quanto para todos os participantes. É evidente que aumentar as vendas é igualmente um propósito. Porém, especialistas discutindo temas relevantes em suas áreas e trocando conhecimentos científicos tendem a impulsionar os aprendizados e futuras inovações. A compreensão dos potenciais horizontes de um setor é um desdobramento indireto de um grande evento. Ninguém cria nada sozinho.

Feiras, congressos e simpósios sempre foram uma grande oportunidade de ver e ser visto. Com o impacto da pandemia do novo coronavírus, em 2020, ocorre uma inegável transformação. Antes, os fabricantes e organizações médicas tinham seus stands visitados fisicamente pelos participantes nos intervalos.

Além de ver os produtos, podia-se compreender na prática como ele opera. Observar em funcionamento e por vezes até tocar é uma experiência bem diferente de contemplar numa tela, claro. Ouvir testemunhos de outros profissionais também amplia a experiência.

Para as marcas sempre foi crucial estarem presentes para mostrar os recursos aos principais usuários e tomadores de decisão de compra. Ou seja, comunica-se tanto com os médicos, enfermeiros e auxiliares, quanto com os gestores responsáveis pelo orçamento. Demonstrar o funcionamento dos produtos, sejam eles ou não lançamentos, e reforçar as marcas, sempre foi uma missão nesses eventos. Em alguns casos as empresas podem inclusive contratar médicos para explicarem os usos possíveis e diferenciais de um produto ou serviço.

No último ano e meio muita coisa mudou na forma como esses eventos se realizam. Com a suspensão temporária da “Era Presencial”, todas as empresas e expositores se reinventaram para transpor suas expertises para o digital. Não ter mais as trocas ao vivo, os apertos de mão, os cafés com prosas informais acabou impulsionando ferramentas digitais como e-mails, WhatsApp e Linkedin.

Embora não haja stands, nos dias de hoje, nos eventos virtuais as empresas têm um representante detalhando os produtos, em meio a simpósios satélites. Em muitos, acontecem também provas de títulos, com a conclusão de residências e especializações médicas.

Cada empresa define estrategicamente os eventos mais importantes para participar ao longo de cada ano. No segmento da ventilação pulmonar, por exemplo, dois são essenciais. O Congresso Brasil de Medicina Intensiva (CBMI) está acontecendo entre 7 e 13 de novembro e chega à sua 26ª edição como o maior congresso do segmento na América Latina. Ao longo de uma semana, renomados palestrantes da área oferecerão uma imersão online em diversos formatos, inclusive com cursos e demonstrações práticas à distância.

Já o 2oº Simpósio Internacional de Pneumointensiva pretende focar na atualização do profissional que atua nas áreas de pneumologia e medicina intensiva. Entre os dias 10 e 11 de dezembro pretende reunir os maiores nomes da área para debater sobre os últimos aprendizados com a Covid-19, com palestras e debates sobre o que mudou do último ano até agora. O evento acontecerá online – com transmissão ao vivo – e também presencialmente, no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo.

Não há dúvidas de que a pandemia vai acabar e que boa parte dos eventos serão retomados com toda a segurança. O avanço da vacinação em muitos países já permite encontros com mais de mil participantes em locais fechados mediante comprovante de imunização. Contudo, após o fim da pandemia certamente alguns aspectos dos eventos remotos permanecerão. Entretanto, a necessidade de trocar, expor e aprender não mudará. Muito menos a demanda eterna e incessante por inovação.

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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