Thomas Gautier

Mesmo com incentivo à diversidade nas empresas, por que resistimos tanto ao diferente?

Por sermos diferentes é que nossas habilidades se encaixam, completam e nos impulsionam. Esse é o ponto de partida da diversidade.

O premiado jornalista alemão Franz Alt, em mais de 50 anos de carreira, teve a oportunidade de entrevistar o Dalai Lama quinze vezes para a TV e em um desses encontros lembrou um insight que ouviu de outro líder: “As diferenças entre os seres humanos mostram que não somos autossuficientes. As pessoas existem apenas na dependência que têm uma das outras”. Isso me faz refletir que, sozinhos, não sabemos de tudo, nem chegamos tão longe. Por sermos diferentes é que nossas habilidades se encaixam, completam e nos impulsionam. Esse é o ponto de partida da diversidade.

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Muitos executivos começaram a despertar para essa visão há pouco tempo e não há como negar que estejam atrasados, porque tem sido assim na natureza há bilhões de anos. O Centro de Resiliência da Universidade de Estocolmo, na Suécia, definiu nove frentes capazes de comprometer a capacidade do planeta de se adaptar aos impactos negativos da ação humana. Uma delas é o empobrecimento da biodiversidade.

A redução extrema da variedade de espécies, cada uma com suas próprias funções, perfis e papéis complementares, pode nos levar ao caos. A riqueza desses caminhos múltiplos na ecologia é uma referência para a importância da variedade em outras esferas da vida humana, com sua profusão de ideias, origens, crenças, experiências, religiões, culturas, opiniões. O Brasil com essa combinação historicamente tão variada é uma potência mundial da diversidade. E, se é assim, por que resistimos tanto ao que soa diferente?

Para responder à pergunta, gostaria de propor uma mudança de perspectiva. Diante da necessidade de convívio com o diferente, muitos de nós fomos ensinados a no máximo tolerar as diferenças. A minha visão é que a diferença não é meramente uma questão de ser tolerada, e sim celebrada. Encarar a vida dessa forma nos leva a uma postura de aproximação. Diversidade como sinônimo de colaboração, crescimento, resultado, em vez de distanciamento.

Algumas das mais modernas metodologias de inovação corporativa propõem que antes de buscar uma solução para a dor do cliente, ou da empresa onde trabalha, um time deve identificar corretamente o problema a ser resolvido. Albert Einstein dizia que, se tivesse uma hora para resolver um problema, passaria 55 minutos pensando na pergunta certa a fazer. A partir daí, encontraria a resposta com mais rapidez no tempo restante.

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Não raro, organizações se esforçam para superar o que acreditam ser seus principais obstáculos sem ao menos ter reconhecido com exatidão e abrangência o problema a ser atacado, dando chance maior ao insucesso. No ambiente corporativo, a solução tem a ver com visão sistêmica, soma de expertises, abordagem sob diversos ângulos, acolhimento do que o outro pensa e tem a dizer. A inovação, portanto, passa necessariamente pela diversidade.

O ambientalista americano Paul Hawken disse uma vez que “a sustentabilidade se revela quando descobrimos que tudo está interconectado”. A sustentabilidade dos negócios funciona da mesma forma. E quanto mais variadas e ricas forem as conexões, maiores as chances que teremos de obter respostas eficientes.

Na sequência do filme Matrix, Agente Smith é um vilão que possui a capacidade de se reproduzir por clonagem. No mundo real, o que é cópia tende a tornar nossos movimentos repetitivos, previsíveis. A grande vantagem é que cada um de nós carrega diversidade em si e tem o poder de acolher a do outro. Diz o ditado que duas cabeças pensam melhor do que uma. Mais do que isso, dois corações abertos à conexão, também.

E esta é uma das grandes belezas do mundo: no encontro de seres humanos plurais podemos construir trajetórias singulares. Você aceita o desafio?

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Nota

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Thomas Gautier

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