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Cenário econômico de 2026 ganha contornos de desaceleração e alerta para investidores

Cenário econômico de 2026 deve ser marcado por desaceleração global

Cenário econômico de 2026 deve ser marcado por desaceleração global Foto: iStock

cenário econômico global para 2026 começa a se desenhar com menos impulso e mais dúvidas. Em conversa com o time da Suno, a economista Alessandra Ribeiro explicou que o mundo chega ao próximo ano em ritmo mais lento, pressionado por tarifas, incertezas políticas nos Estados Unidos, desaceleração chinesa e juros americanos que devem cair mais devagar do que se imaginava. Para ela, trata-se de um ambiente que exige atenção redobrada do investidor que busca antecipar movimentos de mercado.

Alessandra, Mestre em Economia e Finanças pela FGV e graduada pela Unicamp, detalhou que o arrefecimento global já pode ser observado em diversos indicadores e tende a ser mais evidente em 2026. A economista explicou que a combinação entre menor tração das principais economias, mudanças nas cadeias de comércio e uma política monetária mais cautelosa nos Estados Unidos compõe um cenário econômico de transição, em que o Brasil também depende de fatores externos para preservar ritmo de crescimento. Segundo ela, os efeitos da política tarifária americana, junto à desaceleração chinesa e à fragilidade da Europa, já vêm enfraquecendo a dinâmica global e devem continuar limitando o ímpeto da atividade no próximo ano.

China revisa ambições e confirma ritmo mais moderado

A China deve seguir como maior contribuinte para o crescimento global, mas com um fôlego bem menor do que no passado recente. Alessandra avalia que a economia chinesa caminha para se estabilizar em um crescimento próximo de 4% nos próximos anos. Ela aponta que esse novo patamar reflete um conjunto de desafios estruturais: demografia menos favorável, setor imobiliário ainda em ajuste, capacidade ociosa em diversos segmentos e um modelo econômico que tenta migrar para maior dependência do consumo interno sem avanços consistentes nas reformas necessárias. A poupança das famílias segue elevada, muito acima da tendência pré-Covid, o que dificulta a retomada do consumo em um momento em que o governo chinês busca reequilibrar a economia.

Essa combinação reforça o papel mais limitado da China no impulso à atividade global, diminuindo o espaço para surpresas positivas. Ainda assim, Alessandra lembra que, mesmo crescendo menos, o peso da economia chinesa continua determinante para o comércio e para os preços de commodities, tornando seu comportamento um ponto central do cenário econômico de 2026.

Política tarifária e tensionamento político afetam o comércio global

Alessandra observa que os custos da agenda de tarifas dos Estados Unidos já aparecem de maneira clara nas cadeias produtivas americanas, que relatam dificuldade de repasse e pressão de custos. Os impactos, segundo ela, não se restringem aos EUA e afetam também a Europa, que segue com crescimento modesto. Esses fatores resultam em um comércio global mais lento e em uma atividade mundial que continua pedindo mais tração.

A economista destaca ainda que a inflação de alimentos nos Estados Unidos permanece elevada, com carnes e bebidas acumulando alta superior a 5% em 12 meses, o que pressiona o consumidor e contribui para a perda de popularidade do governo Trump. Isso tem levado a alguns recuos pontuais na política tarifária e deve continuar sendo observado ao longo de 2026, especialmente em um ano de eleições legislativas.

Fed dividido e juros que podem cair menos do que se esperava

No campo monetário, Alessandra explica que os dados recentes reforçam a desaceleração da atividade nos Estados Unidos, embora a inflação tenha parado de ceder e o mercado de trabalho ainda esteja apertado. Ela ressalta que a liquidez na economia americana permanece elevada, amparada em parte pelo bom desempenho do mercado acionário, o que sustenta o consumo das famílias e mantém vivas as preocupações com inflação.

A Tendências trabalhava com a projeção de que o juro básico americano poderia convergir para algo próximo de 3% em 2026. Diante dos fundamentos atuais, porém, a economista já considera mais plausível uma taxa entre 3,5% e 3,75%, especialmente porque os riscos institucionais continuam no radar, com a provável saída de Jerome Powell da presidência do Fed em meados de 2026 e incerteza sobre o perfil de seu sucessor.

No fechamento de sua análise sobre o cenário econômico, Alessandra reforça que esse ambiente de cautela ainda deve se estender pelos próximos trimestres. E conclui com uma avaliação direta: “Ainda que tenha mais um corte agora e talvez mais um no começo de 2026, um juro que talvez é mais próximo a 3,5, 3,75 do que 3 que a gente imaginava inicialmente”.

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