Boeing omitiu falhas do 737 MAX de pilotos e reguladores, diz relatório

A fabricante aeroespacial norte-americana Boeing (NYSE: BA) ocultou falhas de sue modelo 737 MAX de pilotos e das autoridades regulatórias enquanto se apressava para obter a licença para voar, apontou relatório do Congresso dos Estados Unidos.

As investigações, sobre dois acidentes ocorridos no ano passado que resultaram em 346 óbitos, constataram que a companhia desrespeitou regras e pressionou autoridades de regulação a desconsiderar fatores de seu projeto, na tentativa da Boeing recuperar o atraso em relação à rival europeia Airbus.

O relatório preparado pelo Comitê de Transporte da Câmara também acusou os reguladores de estarem muito preocupados em satisfazer as necessidades da empresa para realizar um serviço de vigilância adequado.

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As quedas “foram a horrenda culminação de uma série de suposições técnicas injustificadas pelos engenheiros da Boeing, falta de transparência da parte dos gestores da empresa, e fiscalização fortemente insuficiente pela Administração Federal da Aviação (FAA) –como resultado pernicioso de captura regulatória por parte da FAA com respeito às suas responsabilidades de fiscalizar a Boeing de maneira robusta e garantir a segurança dos passageiros”, salientou o documento.

Relatório aponta para defeitos no sensor do 737 MAX

A fabricante norte-americana enfrenta múltiplas investigações desde 2019, quando um de seus modelos 737 MAX operado pela Ethiopian Airlines caiu após somente cinco meses de operação e outro da Lion Air, na Indonésia, caiu no mar.

De acordo com as apurações, ambas as fatalidades foram causadas por um defeito em um sensor que acionou de maneira indevida um sistema automático de prevenção de estol, o que forçou o bico da aeronave a se inclinar para baixo. Os pilotos da Lion Air e da Ethiopian Airlines procuraram, sem sucesso, corrigir a altitude dos aviões, porém foram impedidos pelo sistema.

Segundo relatório, a Boeing persuadiu a FAA a não classificar o sistema de prevenção de estol como “crítico para a segurança”. Com isso, pilotos nem mesmo tinham conhecimento de sua existência antes de começar a operar o modelo.

Além disso, a companhia ocultou das autoridades os resultados de testes internos que demonstravam que, no caso de o piloto demorar mais de 10 segundos para reconhecer que o sistema tinha sido ativado erroneamente, as consequências poderiam ser “catastróficas”.

Os investigadores também indicaram, que um alerta, que poderia ter sinalizado um problema aos pilotos, não estava funcionando corretamente na maioria dos modelos. Nesse sentido, o documento mostrou que a empresa omitiu esse fato dos pilotos e reguladores, continuando a colocar seu novo modelo em operação em todo o mundo.

Boeing busca estabilizar situação e corrigir falhas

Há mais de um ano, a companhia trabalha para corrigir as falhas de seu modelo e voltar a comercializar o produtos no mercado. Nos últimos dias, a empresa comunicou que espera retomar as entregas desses jatos ainda no terceiro trimestre.

A fabricante ressaltou que “o projeto reformulado do MAX foi revisado de forma intensiva, dentro da empresa e pelas autoridades regulatórias, e envolveu mais de 375 mil horas de trabalho de engenharia e testes, e 1,3 mil voos de teste. Assim que a FAA e outras organizações regulatórias determinarem que o MAX pode voltar a operar de forma segura, ele será um dos aviões avaliados com mais rigor na história”.

Apesar de a Boeing ter contornado as regras, na tentativa de apressar a certificação do 737 MAX, o comitê do Congresso dos Estados Unidos entendeu que a FAA também foi complacente em seus esforços de fiscalização.

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Arthur Guimarães

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