O Banco do Brasil (BBAS3) vem apresentando um desempenho abaixo do esperado neste ano, e o recente anúncio de corte no payout deixou o mercado em estado de alerta. Mas o pessimismo não para por aí: segundo apurou o Suno Notícias, o cenário para os dividendos do BB pode se deteriorar ainda mais.
Recentemente, o BBAS3 revisou sua expectativa de lucro para um intervalo entre R$ 21 e R$ 25 bilhões para 2025, ante guidance de R$ 37 a 41 bilhões. Assim, o payout caiu para 30%, ante projeção de 40% a 45%.
“Com esse novo guidance apresentado pelo banco, a distribuição esperada para 2025 fica entre R$ 6,3 bilhões e R$ 7,5 bilhões. Considerando as 5,7 bilhões de ações em circulação, isso implica uma distribuição de algo entre R$ 1,10 e R$ 1,31 de dividendo do Banco do Brasil por ação”, projeta Caio Mitsuo, planejador financeiro e especialista em investimentos.
Qual deve ser o dividend yield do Banco do Brasil neste ano?
Com isso, o dividend yield do Banco do Brasil deve ficar em 5% neste ano, segundo o Safra, ante projeções iniciais de 6%. Esse foi um dos motivos que fizeram com que a casa reduzisse o preço-alvo para as ações BBAS3 de R$ 26 para R$ 23 e mantivessem a recomendação neutra.
Além disso, Mitsuo chama a atenção para a indadimplência que o banco vem enfrentando, tanto no agro quanto nas contas PF e PJ. Segundo o especialista, caso essa inadimplência siga em alta, o payout do Banco do Brasil pode cair de forma “drástica”.
“O cenário desafiador em relação às provisões para devedores e a prorrogação de acordos judiciais para junho de 2027 devem gerar impactos negativos na distribuição de dividendos do Banco do Brasil nos próximos períodos. Nos estávamos acostumados com um patamar acima da média de payout e de lucro para o BB, mas daqui pra frente devemos esperar um payout próximo à média e lucros decrescentes”, projeta.
Quais fatores podem influenciar nos dividendos de BBAS3?
Outros fatores que podem influenciar negativamente os dividendos do BB, segundo Mitsuo, são:
- Clima adverso
- Juros altos
- Elevação dos custos de insumos agrícolas
Em relação ao clima, a seca de 2023 e as enchentes no sul do país em 2024 se traduziram em quebra de safra. Mistuo explica que tal contexto, aliado ao alto patamar dos juros, agrava ainda mais a indadimplência do Banco do Brasil.
Olhando para um horizonte mais longo, o especialista cita ainda as eleições presidenciais de 2026 como outro fator de risco para as ações do Banco do Brasil, uma vez que ele enxerga a possibilidade da linha de crédito consignado privado do banco ser usada como instrumento eleitoral.
Diante desse cenário, Mitsuo conclui dizendo que o BB está muito distante de outros bancos incumbentes no que fiz respeito ao retorno aos acionistas.
“Hoje, o Bradesco (BBDC4) está entre os favoritos nas recomendações das principais casas de análise para o setor financeiro, por conta das entregas feitas desde que o Noronha assumiu a cadeira de CEO. Se o Banco do Brasil fizer o mesmo bom trabalho na sua carteira de crédito e continuar com a eficiência operacional que ocorria desde 2019, pode ser que daqui 2 anos ele possa voltar a ser competitivo visando retorno aos seus acionistas”, complementa.
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