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Ataque hacker: linha do tempo e investigação de desvio de quase R$ 1 bilhão que afetou bancos

ataque hacker

ataque hacker. Foto: Pixabay

Um ataque hacker à empresa brasileira de tecnologia C&M Software afetou a operação de instituições financeiras conectadas ao Pix e pode ter causado o desvio de até R$ 800 milhões, segundo estimativas preliminares da imprensa. A empresa é uma das responsáveis por conectar bancos ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), atuando como intermediária entre instituições financeiras e o Banco Central.

Segundo apuração de veículos como O Globo e Valor Econômico, pelo menos seis instituições teriam sido atingidas — entre elas o BMP, o Banco Paulista e a Credsystem. As movimentações indevidas ocorreram em contas de reserva mantidas no próprio Banco Central, usadas exclusivamente para liquidação interbancária. Ou seja, não houve impacto direto nas contas de clientes.

A C&M Software informou que o ataque hacker ocorreu por meio do uso fraudulento de credenciais (como login e senha) de seus clientes. Criminosos conseguiram acessar os sistemas da empresa e, a partir daí, realizar transações indevidas em nome das instituições conectadas.

Linha do tempo do ataque hacker

O Banco Central afirmou que o restabelecimento completo do serviço está condicionado a autorização expressa das instituições impactadas, além da implementação de medidas adicionais de segurança, como limitação de valores e reforço no monitoramento de fraudes.

Esse tipo de invasão, conhecido como “supply chain attack”, acontece quando hackers exploram a vulnerabilidade de um fornecedor de tecnologia confiável para comprometer todo o ecossistema financeiro. Com o avanço da digitalização, a segurança cibernética tornou-se uma prioridade global, levando reguladores — como os da Europa com a regulamentação DORA — a exigir das instituições financeiras não apenas medidas preventivas, mas também capacidades robustas de resposta e recuperação diante de ataques cibernéticos. Fernando Galdino, diretor de portfólio da SEK (Fundo Pátria), vê no episódio um alerta para a urgência de amadurecer a resiliência cibernética no Brasil:

“O incidente cibernético desta semana pode se tornar um divisor de águas para o país no que diz respeito à regulamentação e à resiliência operacional. A Europa já avança nesse sentido com o DORA, exigindo das instituições financeiras não só a prevenção, mas a capacidade comprovada de resposta e recuperação diante de ataques.”

O que dizem as instituições

Em relação ao cenário mais amplo da segurança do sistema financeiro brasileiro, o CEO da Lerian, Fred Amaral, reforça que: “O Pix prova nossa capacidade, mas também nossa responsabilidade. Este incidente é a chance de evoluir, não retroceder.”

Rafael Dantas, Diretor de Operações da TLD, afirma que “o caso da C&M não se tratou apenas de uma violação de dados, mas de uma fraude sofisticada, conduzida por meio do uso ilegítimo de acessos legítimos, uma ameaça silenciosa e estratégica que desafia os modelos tradicionais de defesa.”

O caso expõe a vulnerabilidade dos intermediários tecnológicos do sistema financeiro e deve acelerar discussões sobre resiliência operacional no Brasil frente ao risco de novos episódios de ataque hacker.

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