Novo presidente da Petrobras (PETR4): 5 pontos para entender quem é Adriano Pires

O economista Adriano Pires, indicado para comandar a Petrobras (PETR4), tem à frente o desafio de colocar rédeas nos preços praticados pela estatal, obstáculo que nenhum dos sucessores durante o governo Bolsonaro foi capaz de superar, conforme destacam analistas.

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Caso seja confirmado como novo presidente da Petrobras, Adriano Pires, que é diretor-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), sucede a gestão militar de Joaquim Silva e Luna, general da reserva do Exército brasileiro e ex-diretor-geral da usina Itaipu Binacional.

Em entrevistas como representante do CBIE, Pires contrapõe visões do liberal Paulo Guedes, ministro da Economia brasileiro. Ao G1, Adriano Pires defendeu a criação de fundo de estabilização para evitar repasses pela Petrobras da volatilidade no preço do petróleo aos consumidores.

Segundo o economista, a existência do fundo não reduz aumentos estruturais no valor de comercialização de combustíveis. “Mas ele vai ajudar em duas coisas: diminuir a volatilidade, ou seja, não vai haver um repasse tão rápido para o consumidor. E pode reduzir um pouco o preço”, disse.

A criação de fundo de estabilização para a Petrobras é matéria de discussão no Congresso Nacional, sob o projeto de lei (1.472/21) que estabelece diretrizes sobre os preços para o diesel, gasolina e gás liquefeito de petróleo.

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Em artigo publicado pelo site Poder 360, novo CEO da Petrobras defendeu que o texto “não é suficiente para resolver o impacto para o consumidor”.

“O perigo é que a qualquer momento, com a pressão da sociedade e com o populismo político, o pêndulo volte para aquelas práticas de usar a Petrobras como instrumento de política econômica e partidária. Ou ainda, que se criem medidas como o imposto de exportação que, além de ser um retrocesso, só vai afastar investimentos do setor de óleo e gás do Brasil”, defendeu.

De acordo com blog da Ana Flor, jornalista da GloboNews, Pires atuou como consultor informal do Ministério de Minas e Energia (MME) sobre a escalada recente do preço dos combustíveis.

A defesa de uma política de subsídio direto para a Petrobras, com duração de três a seis meses para o diesel e o botijão de gás, devido aos efeitos da guerra entre Ucrânia e Rússia, encontra resistência na equipe econômica, que é contra subsídios envolvendo recursos do Tesouro.

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5 pontos sobre a indicação de Pires para a presidência da Petrobras

Segundo o BTG Pactual (BPAC11), a saída de Silva e Luna e indicação de Pires para o lugar atende aos interesses do governo após “semanas de alto ruído político em torno da política de preços da Petrobras“.

Confira a seguir 5 questões que o banco destaca para entender melhor a troca de comando na Petrobras.

Política de preços deve ser mantida

Segundo o BTG, a nomeação de um sucessor reforça “as preocupações sociais do governo federal e as tentativas de reduzir as pressões inflacionárias sobre a população devido à disparada dos preços dos combustíveis em meio a expectativas de crescimento econômico mais baixas”, especialmente, em ano eleitoral.

Entretanto, a instituição avalia que a mudança significa pouco em termo de interferência direta na estratégia de preços da empresa.

“Como mencionamos na semana passada, o estatuto da Petrobras estabelece que os diretores e membros do conselho executivo/diretores são legalmente responsáveis por quaisquer decisões politicamente motivadas que resultem em perdas financeiras para a empresa.”

“Portanto, a menos que o acionista controlador tente mudar isso achamos que a empresa continuará buscando uma estratégia semelhante, com os preços domésticos dos combustíveis convergindo para a paridade internacional no médio prazo, embora possivelmente ficando para trás no curto prazo, enquanto os preços do petróleo continuarem subindo”, adicionou.

Chegada de Adriano Pires compensa parte dos negativos da demissão de Silva e Luna

Segundo o banco, o novo presidente da Petrobras é “um substituto muito bom para CEO, potencialmente trazendo algum alívio para os investidores”. Em relatório, o BTG destaca a defesa, por Pires, da política de preços alinhada com o mercado internacional e a privatização da empresa a fim de dar uma solução para o mercado de combustíveis no Brasil.

“Achamos que isso é mais uma prova de que a decisão do governo de substituir Silva e Luna é muito mais uma tentativa de melhorar a comunicação da Petrobras com a sociedade e os políticos do que um esforço direto para mudar sua estratégia de curto prazo”, defende.

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Ajustes de preços menos frequentes têm duas implicações principais

Sobre o argumento de que um novo presidente poderia buscar reajustes menores e mais frequentes, o BTG rebate que isso é uma má ideia.

Primeiro, porque reduz o potencial de distribuição de dividendos para acionistas, incluindo o governo federal ao tirar US$ 14 bilhões em Ebitda da estatal. Segundo, um cenário de descontos altos e mais longos prejudicaria as importações dos pares privados e aumentaria os riscos de desabastecimento de combustível no país.

Saídas para a questão Petrobras

Para o BTG, além da improvável venda da estatal para a iniciativa privada, a privatização de 50% da capacidade de refino da Petrobras continua sendo a maneira mais forte e viável de libertar a empresa do fardo político de longa data de controlar os preços dos combustíveis.

“Embora várias equipas de gestão tenham tentado recentemente concluir o programa de desinvestimentos da Petrobras as circunstâncias de mercado e políticas atrasaram os desinvestimentos das principais refinarias à venda.”

Curto prazo com Adriano Pires

“Apesar do aumento relevante nos preços dos combustíveis domésticos há 3 semanas, achamos que a Petrobras, seu novo CEO e a política de preços de combustível da empresa provavelmente serão testados nas próximas semanas”, defende o banco.

Para a instituição, considerando que a interferência nas empresas estatais do Brasil aumenta a percepção de risco do país, os próximos dias podem trazer pressão sobre a Petrobras, mesmo com os preços do petróleo estagnados.

Ações da Petrobras

Em relatório, o BTG avalia que a disposição do mercado em investir na Petrobras deve continuar baixa, por enquanto, apesar do desconto por qualquer ângulo que se analise os papéis. Principal fator é o ruído que vem de Brasília, que é negativo para a empresa e favorece outros pares do setor.

O banco, entretanto, mantém a recomendação de compra dos papéis preferenciais da Petrobras, ao preço-alvo de R$ 41,00, potencial de valorização de 27,7% sobre o fechamento de ontem.

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Pedro Caramuru

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