Um relatório do Itaú BBA divulgado nesta quinta-feira (10) destacou algumas ações brasileiras que podem ser afetadas pela nova tarifa dos Estados Unidos. Segundo os analistas, empresas com exportações significativas para o mercado americano devem enfrentar maior pressão nos próximos meses, caso a medida entre em vigor como planejado.
O governo dos EUA anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, com início previsto para 1º de agosto de 2025. A medida é parte de uma nova etapa da política comercial da gestão de Donald Trump e ainda pode sofrer alterações conforme evoluírem as negociações entre os dois países.
Embraer (EMBR3) é principal vítima
A Embraer (EMBR3) é, segundo o Itaú BBA, a empresa mais sensível à nova tarifa. Cerca de 60% da sua receita vem da América do Norte, e até três quartos desse valor podem ser afetados. O relatório estima um impacto de até US$ 150 milhões no EBIT da empresa entre agosto e dezembro de 2025.
O relatório divulgado pela instituição financeira alerta para riscos relacionados a entregas, margens e até potenciais cancelamentos. “A Embraer pode optar por internalizar parte das tarifas mais altas na aviação comercial e também sofrer com custos mais altos na divisão executiva”, afirmam.
Ainda assim, a dependência das companhias aéreas americanas pelos jatos da linha E1 pode servir como um fator de proteção parcial.
Outras ações que são impactadas
A Tupy (TUPY3) também aparece entre as mais afetadas. De acordo com o relatório, aproximadamente 14% da receita bruta da empresa pode ser impactada, considerando que 60% das exportações para os EUA são fabricadas no Brasil. A companhia pode buscar alternativas com a realocação da produção para o México, onde possui capacidade ociosa.
No caso da Mahle Metal Leve (LEVE3), cerca de 10% da receita vem de vendas nos EUA com origem no Brasil. Como a empresa tem fábricas apenas no Brasil e na Argentina, a realocação de produção seria limitada. O Itaú BBA avalia o impacto como potencialmente negativo, com riscos à rentabilidade.
Já a WEG (ações WEGE3) tem exposição estimada em cerca de 7% da receita total. “Embora preliminar, acreditamos que poderia haver efeitos mitigadores, já que a WEG poderia realocar a produção do Brasil para outros polos, como o México”, afirma o banco. Ainda assim, o impacto pode gerar revisão nas expectativas de lucro de curto prazo.