Ação da Vale (VALE3) cai 2%. O que está por trás dessa queda?

As ações da Vale (VALE3) fecharam em queda de 2,01% nesta segunda-feira (10) no Ibovespa, cotadas a R$ 73,99.

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A queda nas ações da Vale tem dois motivos principais: o minério de ferro de Singapura caiu 0,10%, para US$ 97,80, após a bolsa de Dalian, na China, ficar fechada na semana anterior com os feriados no país.

Em segundo lugar, a notícia de que a Cosan (CSAN3) comprou uma fatia na Vale abalou os mercados. Ainda assim, na visão do analista de research da Ativa Investimentos, Ilbe Arbetman, a novidade é neutra para a mineradora: o mercado ainda reflete negativamente a posição da Cosan.

Arbertman afirma que há dois pontos a serem considerados sobre a aquisição da Cosan.

Até agora, a Cosan comprou 1,5% da Vale, podendo crescer mais 3,4%, a depender de uma posição de derivativos, e há possibilidade de aumentar ainda mais, se a operação for aprovada pelo Cade — totalizando 6,5%.

“Desde o final do acordo de acionistas, a Vale é uma true corporation, com seu capital pulverizado. Mesmo se o aumento de fatia da Cosan se concretizar no máximo, a estrutura continua igual”, disse Ilbe.

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Se a participação da Cosan fosse só 4,9%, a empresa se tornaria a sexta maior acionista da Vale. Se subir para 6,5%, viraria a terceira.

O analista lembra que, baseado na teleconferência realizada pela administração das empresas na última sexta-feira (7), após o anúncio da aquisição, não foi esclarecido se a Cosan decidiria por fazer investimentos massivos, com uma forte alocação de capex e eventual queda nos dividendos. “Esse é um ponto que assusta os investidores da Vale”, disse.

Ou seja, uma das preocupações será sobre a força que a Cosan terá com essa participação na Vale, seu papel de poder de mobilização e capacidade de barganha diante dos outros membros do conselho para definir posições e mudar os rumos da companhia.

“Eu vejo o mercado digerindo fundamentalmente dois pontos: qual será o percentual da Cosan na Vale e como a empresa vai atuar dentro da mineradora”, resumiu o analista.

Por outro lado, o BTG Pactual (BPAC11) vê positivamente a compra da fatia, “buscando contribuir ativamente com os atuais acionistas para gerar valor na empresa”, de acordo com relatório divulgado nesta segunda-feira.

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Os analistas do BTG afirmam que a entrada de um acionista com um extenso histórico de criação de valor em uma corporação como a Vale deve ser considerado como algo favorável — que pode impulsionar os números da mineradora. Mais: ressaltam que isso pode ser um sinal de alerta para os investidores que “ignoraram” a Vale nos últimos meses, principalmente em função de questões macroeconômicas.

“Embora não haja bala de prata e reconheçamos que a Vale ainda é altamente influenciada por fatores exógenos na China, o fato de um investidor estratégico estar fazendo uma aposta tão grande na Vale reforça nossa confiança na subvalorização das ações”, ressalta o texto.

Desta forma, o banco de investimentos acredita que há mais elementos qualitativos em jogo. Porém, continua a ver potencial para na expansão de múltiplos da ação em relação aos pares australianos.

O BTG Pactual reitera a recomendação de compra das ações da Vale, no preço-alvo de R$ 90 para 2023.

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Victória Anhesini

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