As ofertas públicas iniciais (IPOs) são um dos momentos mais importantes para empresas que desejam expandir seus negócios e captar investimentos no mercado financeiro. Além de permitir que companhias levantem recursos para crescimento e inovação, os IPOs funcionam como um termômetro do apetite dos investidores e da confiança no cenário econômico global.
Após um período de retração, o mercado brasileiro de capitais deu sinais de recuperação em 2024, impulsionado pela redução da taxa Selic, maior participação de investidores institucionais e o bom desempenho de setores como tecnologia e consumo. Esse movimento reabriu a janela para novas ofertas e criou expectativas otimistas para 2025.
Neste artigo, você vai entender o que são os IPOs, por que o mercado está aquecendo novamente, quais empresas estão na fila da B3 e o que o investidor deve considerar antes de participar das ofertas públicas em 2025, especialmente nos segmentos de varejo, tecnologia, saúde e logística, que devem liderar o novo ciclo.
O que é um IPO e por que as empresas optam por ele?
Se você já se perguntou “o que é IPO?“, a resposta é simples: IPO (Initial Public Offering), ou Oferta Pública Inicial, é o processo em que uma empresa vende suas ações ao público pela primeira vez na Bolsa de Valores. Isso permite que investidores adquiram uma participação no negócio, tornando-se sócios da companhia.
O IPO representa um marco estratégico para as empresas, possibilitando a captação de recursos para expansão, inovação e fortalecimento da marca. O processo envolve planejamento, registro em órgãos reguladores, definição de preços e, por fim, a listagem na bolsa, onde as ações passam a ser negociadas publicamente.
Empresas optam pelo IPO principalmente para levantar capital, ganhar visibilidade no mercado e oferecer liquidez aos acionistas. Além disso, companhias listadas costumam ter maior credibilidade e acesso facilitado a novos investimentos. No entanto, abrir capital também exige mais transparência, governança rigorosa e exposição às oscilações do mercado.
Como funciona o processo de abertura de capital?
Abrir capital na Bolsa não é apenas uma decisão estratégica, mas um processo técnico e regulatório que exige diversas etapas coordenadas. A oferta deve ser registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e seguir regras que asseguram a proteção dos investidores e a integridade do mercado.
Veja como funciona um IPO do início ao fim:
- Registro na CVM: a empresa submete à Comissão os documentos exigidos, como o prospecto preliminar, que detalha informações financeiras, riscos e objetivos da oferta;
- Roadshow: executivos da empresa realizam apresentações para investidores institucionais, explicando o modelo de negócios e os planos futuros, com o objetivo de atrair interesse para a oferta;
- Bookbuilding e precificação: é feito o levantamento da demanda pelos papéis, com base nas intenções de compra. A partir disso, define-se o preço final das ações;
- Período de reserva: investidores, inclusive pessoas físicas, podem solicitar a compra de ações dentro da faixa de preço indicada. Essa etapa ocorre geralmente por meio das corretoras;
- Estreia na B3: após a precificação e aprovação da CVM, as ações passam a ser negociadas publicamente na B3, abrindo o capital da companhia oficialmente ao mercado.
Mas e o investidor pessoa física?
Com uma conta ativa em uma corretora habilitada, o investidor comum pode participar de um IPO. Basta acompanhar os comunicados, ler o prospecto e fazer a reserva durante o período indicado. Embora não haja garantia de que todos os pedidos serão atendidos, é uma forma acessível de participar de empresas em estágio inicial de listagem.
Etapas de um IPO
| Etapa | Descrição |
| 1. Registro na CVM | A empresa apresenta documentos e o prospecto preliminar à Comissão de Valores Mobiliários. |
| 2. Roadshow | Executivos apresentam a empresa a investidores institucionais para gerar interesse na oferta. |
| 3. Bookbuilding | Corretoras coletam intenções de compra para definir a demanda e precificar as ações. |
| 4. Período de reserva | Investidores (inclusive pessoas físicas) fazem solicitações de compra dentro da faixa de preço. |
| 5. Estreia na B3 | As ações começam a ser negociadas no pregão, marcando oficialmente a abertura de capital. |
Por que o mercado de IPOs estava parado?
Entre 2021 e 2023, o mercado de IPOs no Brasil enfrentou um período de forte desaceleração. Diversos fatores macroeconômicos e políticos contribuíram para o adiamento de novas ofertas e a retração do apetite dos investidores por empresas estreantes na Bolsa.
A volatilidade econômica global, agravada por crises geopolíticas, pandemia e choques nas cadeias produtivas, gerou incertezas que impactaram diretamente o mercado de capitais. O cenário de risco elevado levou investidores a priorizarem ativos mais seguros, como títulos públicos e renda fixa.
Outro fator decisivo foi a elevação da taxa Selic, que chegou a 13,75% ao ano entre 2022 e 2023. Com o retorno da renda fixa ao patamar de dois dígitos, o custo de oportunidade aumentou, reduzindo o interesse por ativos de maior volatilidade como ações recém-listadas.
Além disso, o ambiente doméstico sofreu com incertezas políticas e fiscais, que aumentaram a percepção de risco sobre o Brasil. Dificuldades em aprovar reformas estruturais, dúvidas sobre o equilíbrio das contas públicas e mudanças de diretrizes econômicas pesaram sobre a confiança do investidor institucional.
Por fim, o mercado ainda sentia os efeitos de IPOs frustrados nos ciclos anteriores, quando diversas empresas abriram capital com valuations elevados e, em pouco tempo, passaram a registrar quedas expressivas nas cotações. Essa memória recente contribuiu para um menor apetite por risco e maior seletividade nas ofertas subsequentes.
Retomada em 2024 impulsiona 2025
Após um período de retração, o mercado de IPOs brasileiro começou a mostrar sinais de reativação em 2024. Com a taxa Selic entrando em trajetória de queda,chegando a 10,5% em maio de 2024, e o avanço em setores estratégicos como tecnologia, saúde e logística, diversas empresas voltaram a considerar a abertura de capital como caminho para destravar valor e financiar expansão.
De acordo com dados de mercado e registros da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mais de 60 empresas protocolaram pedido de IPO ao longo de 2024, marcando uma das maiores filas de ofertas desde 2021. Essa movimentação representa uma retomada gradual da confiança, tanto por parte das companhias quanto dos investidores institucionais e pessoas físicas.
Os setores mais ativos nessa nova onda de IPOs são:
- Construção civil e infraestrutura: impulsionados por projetos de habitação e concessões;
- Varejo e consumo: com empresas buscando capital para expansão física e digital;
- Tecnologia: com destaque para plataformas de software e serviços escaláveis;
- Agronegócio e alimentos: alavancados pelo câmbio favorável e demanda global.
Algumas companhias já se destacam entre as possíveis estreantes em 2025. Muitas delas já passaram pelas etapas iniciais, enquanto outras aguardam uma janela de mercado mais favorável para definir a data de estreia.
Empresas na fila para IPO em 2025
| Empresa | Setor | Status do Processo |
| Privalia | Varejo / e-commerce | Protocolo apresentado |
| Senior Sistemas | Tecnologia / ERP | Preparação para estreia |
| Açu Petróleo | Energia / logística | Roadshow iniciado |
| Madero | Alimentação / restaurantes | Aguardando janela de mercado |
| Kalunga | Varejo / papelaria | Prospecto em análise |
| Lupo | Confecção / vestuário | Conversas preliminares |
| Bluefit | Saúde / academias | Pronta para precificação |
| Dori Alimentos | Alimentos e bebidas | Avaliando momento para lançamento |
| Unigel | Química / fertilizantes | Estudo de viabilidade |
| Vero Internet | Telecomunicações | Retomada pós cancelamento |
Esse movimento indica que 2025 pode consolidar a retomada do mercado de capitais no Brasil, com novas aberturas de capital ganhando força, especialmente nos segmentos que combinaram desempenho sólido e potencial de escala nos últimos anos.
O desempenho do Brasil em 2024
Embora o cenário global de IPOs tenha dado sinais de recuperação ao longo de 2024, o Brasil ainda teve uma participação modesta no volume total de ofertas. Foram menos de dez estreias na B3 ao longo do ano, com empresas adotando uma postura cautelosa diante do ambiente macroeconômico.
Entre os poucos nomes que conseguiram concluir o processo de abertura de capital, destacam-se a CVC Corp, que retomou sua listagem após um período fora da Bolsa, a Biorc, do setor de biotecnologia, e a Vero Internet, provedora regional de telecomunicações.
A combinação de taxa Selic ainda elevada, incertezas fiscais e menor apetite por risco entre investidores locais limitou o avanço das ofertas públicas em 2024. Ainda assim, o movimento de preparação de dezenas de empresas junto à CVM indica que 2025 pode marcar uma virada no ciclo, com companhias esperando por uma janela favorável para estrear na Bolsa.
Ranking global: quem liderou os IPOs em 2024?
O ano de 2024 foi marcado por uma retomada do mercado global de IPOs, refletindo um cenário mais otimista para empresas que buscavam abrir capital e captar investimentos. Embora o número total de ofertas públicas iniciais tenha sido ligeiramente menor do que em 2023, o montante financeiro arrecadado foi expressivo, indicando que os IPOs ficaram mais robustos e estratégicos.
Entre os países que mais se destacaram, a Índia assumiu a liderança, registrando um número recorde de empresas abrindo capital. Os Estados Unidos, que tradicionalmente lideram o ranking, ficaram em segundo lugar, mas continuam sendo o país que mais arrecadou recursos com IPOs. A Europa (excluindo o Reino Unido) ocupou a terceira posição, seguida por China e Japão.
Abaixo, apresentamos uma tabela com os cinco principais países em número de IPOs em 2024 e o volume financeiro movimentado por essas ofertas.
Os 5 países com mais IPOs em 2024
| País | Número de IPOs (2024) | Receita gerada (US$ bilhões) | Variação em relação a 2023 |
| 🇮🇳 Índia | 327 | 19,9 | +15% |
| 🇺🇸 Estados Unidos | 183 | 32,8 | -5% |
| 🇪🇺 Europa (ex. Reino Unido) | 115 | 18,2 | +7% |
| 🇨🇳 China | 98 | 8,9 | -12% |
| 🇯🇵 Japão | 84 | 6,2 | +3% |
O crescimento da Índia foi impressionante, com um aumento de 15% no número de IPOs em relação a 2023. Esse avanço foi impulsionado por um mercado de capitais em expansão e um ambiente econômico favorável, que atraiu tanto investidores locais quanto estrangeiros.
Já os Estados Unidos, embora tenham mantido uma forte presença no mercado de IPOs, registraram uma leve queda de 5% no número de ofertas em comparação com o ano anterior. No entanto, o país segue liderando em arrecadação, movimentando impressionantes US$ 32,8 bilhões com IPOs.
A China apresentou a maior retração, com uma queda de 12% no número de IPOs. Isso ocorreu devido a regulações mais rigorosas e a uma economia menos aquecida, que impactaram diretamente o apetite das empresas chinesas por abrir capital.
A Europa e o Japão também tiveram um desempenho positivo, com crescimentos moderados, demonstrando que as ofertas públicas iniciais nesses mercados seguem como uma opção atraente para empresas que buscam expansão e captação de investimentos.
Essa análise nos leva a um ponto interessante: mesmo que o número total de IPOs no mundo tenha apresentado oscilações, o mercado de capitais segue resiliente, adaptando-se às novas dinâmicas econômicas e oferecendo oportunidades estratégicas para empresas que desejam crescer.
Quanto dinheiro os IPOs de 2024 movimentaram globalmente?
O ano de 2024 foi marcado por uma recuperação gradual do mercado de IPOs, resultando em um volume significativo de capital captado por empresas ao redor do mundo. Segundo dados do relatório EY Global IPO Trends 2024, as ofertas públicas iniciais movimentaram aproximadamente US$ 121,2 bilhões, refletindo um crescimento no interesse dos investidores, apesar das incertezas macroeconômicas e geopolíticas.
Essa cifra demonstra que, embora o número total de IPOs tenha sofrido uma leve retração em relação a 2023, as empresas que decidiram abrir capital realizaram ofertas de maior porte, captando quantias expressivas. Esse fenômeno foi especialmente impulsionado por setores estratégicos, como tecnologia, inteligência artificial (IA), semicondutores e energia renovável, que atraíram a atenção do mercado devido ao seu alto potencial de crescimento e inovação.
Ao longo de 2024, determinados segmentos se destacaram na captação de recursos via IPO, consolidando tendências que já vinham sendo observadas nos últimos anos. Entre os principais setores, podemos citar:
- Tecnologia, mídia e telecomunicações: várias startups e empresas consolidadas no setor de tecnologia captaram bilhões de dólares, aproveitando o entusiasmo do mercado por inovação;
- Inteligência artificial (IA) e semicondutores: algumas empresas se beneficiaram da alta demanda por soluções de IA e semicondutores, levantando bilhões de dólares em seus IPOs;
- Energia renovável e sustentabilidade: empresas que atuam na produção de baterias para veículos elétricos e infraestrutura para energias renováveis foram algumas das que tiveram IPOs expressivos em 2024.
Embora o cenário global ainda apresente desafios, a recuperação do mercado de IPOs em 2024 indica que investidores estão cada vez mais dispostos a apostar em novas empresas, desde que apresentem modelos de negócios sólidos e grande potencial de expansão.
Índia: o país com mais IPOs em 2024
Em 2024, a Índia se tornou o país com mais empresas abrindo capital, registrando 327 IPOs e superando os Estados Unidos (183 IPOs) e a China (98 IPOs). Esse crescimento foi impulsionado pelo forte desempenho econômico do país, aliado à expansão do mercado de capitais e ao aumento da confiança dos investidores.
A economia indiana manteve um ritmo de crescimento acima de 6% ao ano, favorecendo um ambiente propício para novas listagens. Além disso, as principais bolsas do país, a NSE e a BSE, viram um aumento na participação de investidores individuais e institucionais, tornando os IPOs mais atrativos. O governo indiano também incentivou novas listagens, facilitando o acesso de pequenas e médias empresas (PMEs) ao mercado de capitais.
O setor de tecnologia foi um dos principais destaques, com startups e empresas de inteligência artificial liderando novas listagens. Consumo e varejo também tiveram grande participação, impulsionados pelo crescimento da classe média e do e-commerce. Já a indústria automotiva, incluindo montadoras e fornecedores, aproveitou a expansão do setor para captar investimentos. Entre os IPOs mais relevantes, o da Hyundai Motor India arrecadou US$ 3 bilhões, enquanto a Swiggy, plataforma de entrega de alimentos, levantou US$ 1,3 bilhão.
Os setores que mais impulsionaram o mercado de IPOs na Índia foram tecnologia, consumo e indústria automotiva. O setor de tecnologia teve um crescimento expressivo, com startups e empresas de inteligência artificial liderando as novas listagens.
O varejo e os bens de consumo também foram protagonistas, impulsionados pelo crescimento da classe média e pelo aumento do consumo digital. Já o setor automotivo, que tem grande representatividade na economia indiana, viu IPOs de montadoras e empresas de infraestrutura relacionadas ao setor.
Índia x EUA x China
A tabela abaixo mostra uma comparação entre os três maiores mercados de IPOs de 2024, considerando o número de ofertas públicas e o valor arrecadado.
| País | Número de IPOs | Receita gerada (US$ bilhões) | Setores em destaque |
| 🇮🇳 Índia | 327 | 19,9 | Tecnologia, consumo, automotivo |
| 🇺🇸 EUA | 183 | 32,8 | Saúde, tecnologia, financeiro |
| 🇨🇳 China | 98 | 8,9 | Manufatura, inteligência artificial |
Os Estados Unidos ainda lideram em valor arrecadado, com US$ 32,8 bilhões, impulsionados por IPOs de grandes empresas dos setores de tecnologia e saúde. No entanto, a Índia se destaca pelo volume recorde de IPOs, refletindo o dinamismo e a confiança dos investidores no crescimento do país.
A China, que tradicionalmente figura entre os líderes em ofertas públicas, registrou um desempenho mais fraco em 2024, devido a restrições regulatórias e menor apetite dos investidores. O governo chinês tem imposto regras mais rígidas para listagens, o que reduziu o número de empresas buscando abrir capital nas bolsas locais.
Expectativas para os IPOs em 2025
O mercado global de IPOs deve continuar aquecido em 2025, impulsionado pela flexibilização monetária e maior liquidez nos mercados. No entanto, fatores como as eleições nos Estados Unidos, a recuperação da economia chinesa e as tensões geopolíticas ainda podem impactar a confiança dos investidores.
No Brasil, a possível queda da taxa Selic tende a favorecer a captação via mercado, tornando os IPOs mais atrativos para as empresas que buscam expandir suas operações.
Com juros mais baixos, cresce também o interesse de investidores institucionais e estrangeiros, que voltam a considerar a renda variável como alternativa para diversificação de portfólio.
Empresas sólidas e com modelos de negócios bem estruturados terão mais facilidade para atrair capital em 2025. Muitas delas devem aproveitar a retomada da Bolsa para destravar valor, financiar projetos estratégicos e ampliar sua participação de mercado.
Os setores com maior potencial incluem inteligência artificial, tecnologia, energia renovável e fintechs. A busca por inovação e sustentabilidade deve impulsionar companhias desses segmentos a abrirem capital.
No setor de saúde e biotecnologia, o avanço da IA na medicina e o desenvolvimento de novas terapias genéticas devem estimular novas ofertas.
Nos Estados Unidos, cortes nos juros podem fortalecer o mercado de capitais, especialmente no setor de tecnologia. A Índia tende a manter sua liderança em volume de IPOs, enquanto a China pode enfrentar desafios regulatórios. A Europa deve apresentar crescimento mais moderado, mas com oportunidades em áreas como energia limpa e soluções financeiras digitais.
No Brasil, o cenário é de otimismo moderado. As expectativas para os IPOs em 2025 indicam um mercado mais dinâmico, principalmente nos setores de tecnologia, saúde e energia renovável.
A estabilidade econômica será um fator-chave, assim como a confiança dos investidores. Empresas que adiaram suas ofertas em 2024 podem retomar seus planos, caso o ambiente continue evoluindo positivamente.
O que o investidor deve observar em um IPO?
Participar de uma oferta pública inicial pode representar uma boa oportunidade para quem busca diversificação e exposição a empresas em fase de expansão. No entanto, antes de investir em um IPO, é essencial fazer uma análise criteriosa dos fundamentos da empresa e das condições da oferta.
Nem todo IPO representa uma oportunidade vantajosa — especialmente quando há excesso de euforia ou falta de transparência sobre os objetivos da companhia. Avaliar os documentos disponíveis, como o prospecto preliminar, é o primeiro passo para entender o que está por trás da operação.
Confira abaixo os principais pontos que o investidor deve observar antes de participar de um IPO:
- Valuation da empresa: verifique se o preço sugerido para as ações está compatível com empresas comparáveis do mesmo setor. Um valuation inflado pode comprometer o potencial de valorização no longo prazo;
- Tipo de oferta: analise se a oferta é primária (recursos vão para o caixa da empresa), secundária (sócios vendendo ações) ou mista. Ofertas primárias geralmente indicam foco em crescimento;
- Objetivo da captação: entenda para que a empresa pretende usar os recursos: expansão, redução de dívidas, inovação ou capital de giro;
- Histórico financeiro e governança: avalie indicadores como receita, margem de lucro, endividamento e práticas de governança corporativa. A presença de conselho independente e auditoria externa é um bom sinal;
- Setor de atuação e concorrência: considere se o setor está em crescimento, quais são os principais concorrentes e como a empresa se diferencia no mercado;
- Liquidez esperada: empresas com pouca visibilidade ou baixo volume de negociação podem ter menor liquidez no pós-IPO, dificultando a saída do investidor.
Essa análise prévia é essencial para tomar uma decisão fundamentada. IPOs, embora atrativos, carregam riscos e não devem ser escolhidos apenas com base na euforia do mercado ou na promessa de retorno rápido.
Riscos e oportunidades ao investir em IPOs
Investir em uma empresa logo no seu IPO pode oferecer vantagens únicas, mas também exige atenção redobrada aos riscos envolvidos. Como são companhias recém-chegadas ao mercado, é comum que apresentem maior volatilidade nos primeiros dias e menor previsibilidade no desempenho das ações.
Confira os principais pontos positivos e negativos que o investidor deve considerar:
Oportunidades:
- Entrada antecipada em empresas promissoras: permite se posicionar antes de uma possível valorização expressiva;
- Participação no crescimento de setores inovadores: muitas empresas que abrem capital atuam em segmentos de expansão, como tecnologia, saúde e energia;
- Potencial de valorização no médio e longo prazo: para quem aposta no crescimento do negócio;
- Diversificação da carteira: adiciona ativos com perfil diferente aos investimentos tradicionais.
Riscos:
- Volatilidade elevada nos primeiros pregões: oscilação intensa no preço das ações é comum após o lançamento;
- Valuation elevado: algumas empresas chegam ao mercado com preços inflacionados pela demanda;
- Histórico limitado de governança e resultados públicos: dificulta a análise mais profunda;
- Liquidez reduzida: em alguns IPOs, pode ser difícil vender os papéis com facilidade.
Para reduzir riscos, é fundamental que o investidor analise o prospecto com atenção, compare com empresas do mesmo setor e avalie se a oferta se encaixa no seu perfil e estratégia.
Como participar de um IPO?
Participar de um IPO é mais simples do que parece, especialmente com o avanço das plataformas digitais. Hoje, qualquer investidor com conta em uma corretora habilitada pode reservar ações de uma empresa que está abrindo capital.
Veja o passo a passo:
- Abra conta em uma corretora autorizada
Você precisa ter cadastro em uma corretora que participe do sistema de distribuição da oferta. A maioria das corretoras digitais já está habilitada. - Acompanhe os comunicados de novas ofertas
As corretoras costumam informar seus clientes quando um IPO é lançado. Além disso, é possível consultar os prospectos no site da B3 ou da CVM. - Leia o prospecto da oferta
O documento traz informações fundamentais: histórico da empresa, riscos, demonstrações financeiras e objetivos da captação. É leitura obrigatória antes de investir. - Faça sua reserva no prazo indicado
Durante o período de reserva, você informa à corretora quantas ações deseja comprar e o valor que está disposto a pagar (dentro da faixa sugerida no bookbuilding). - Acompanhe a precificação e a alocação
Após o término do bookbuilding, o preço final da ação é definido. Caso a demanda tenha sido maior que a oferta, pode haver rateio — ou seja, você recebe menos ações do que pediu. - Acompanhe a estreia na Bolsa (B3)
No dia definido, as ações passam a ser negociadas publicamente. É a estreia oficial da empresa no mercado de capitais.
Participar de um IPO exige atenção aos prazos e análise criteriosa. Não se trata de uma simples compra de ações, mas de entrar como sócio de uma empresa em um momento decisivo de sua trajetória.
Conclusão
Os IPOs em 2025 têm potencial para marcar uma nova fase de expansão no mercado de capitais brasileiro. A combinação de juros mais baixos, maior apetite por risco e uma fila robusta de empresas prontas para estrear pode destravar oportunidades relevantes para investidores atentos e bem informados.
No entanto, participar de uma oferta pública inicial exige análise cuidadosa. Entender o modelo de negócios da empresa, avaliar a estrutura da oferta e considerar os riscos envolvidos são etapas fundamentais antes de qualquer decisão de investimento.
Para aprofundar seu conhecimento sobre investimentos em IPOs e entender melhor os prós e contras desse tipo de operação, entenda o que é o rateio em IPOs , como ele ocorre e quais são os diferentes tipos existentes.
Além disso, se você quer acompanhar de perto os próximos IPOs na B3 e receber análises detalhadas sobre cada oportunidade, conte com a Suno. Nossos relatórios, carteiras recomendadas e conteúdos exclusivos para ajudam você a investir com estratégia, visão de longo prazo e segurança.
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