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Quem perde mais com as tarifas de Trump? BTG revela setores em alerta no Brasil

Suzano e Embraer lideram lista de setores mais afetados com tarifas, diz BTG

Suzano e Embraer lideram lista de setores mais afetados com tarifas, diz BTG Foto: Amanda Oliveira/GOVBA

O anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros feito pelo governo dos Estados Unidos pode não abalar o PIB nacional de forma generalizada, mas traz riscos significativos para setores específicos da economia. É o que aponta o relatório “Estratégia Brasil”, publicado pelo BTG Pactual nesta quinta-feira (10).

Assinado pelos analistas Carlos Sequeira, Leonardo Correa, Iana Ferrão, Antonio Junqueira, Luiza Paparounis, Osni Carfi, Tcha Chan, Bruno Henriques, Lucas Marquiori, Luiz Carvalho e Thiago Duarte, o documento destaca que o impacto macroeconômico deve ser “limitado”, mas alerta que “certos setores ou produtos podem ser afetados de forma desproporcional”.

Segundo o BTG, entre os segmentos mais vulneráveis estão o de celulose, com destaque para a Suzano, o de bens de capital e transporte, especialmente a Embraer, além de partes do setor químico e petroquímico.

“A capacidade da empresa de redirecionar esses volumes é o principal desafio, dada a demanda global ainda fraca”, escreveram os analistas sobre a Suzano, cuja receita da América do Norte representa cerca de 19% do total. Já a Klabin, com menos de 5% da receita vinda dos EUA, deve sofrer impacto mínimo.

No caso da Embraer, o cenário é mais sensível. “Se a tarifa adicional de 50% sobre a produção brasileira for de fato implementada, isso será, inevitavelmente, uma má notícia para a Embraer, cuja exposição à região é significativa”, diz o BTG. Os EUA representam 60% das vendas da companhia, especialmente na aviação executiva com os jatos Praetor, montados no Brasil.

O setor petroquímico, segundo os analistas liderados por Luiz Carvalho, também tende a ser penalizado. O BTG destaca o déficit da balança comercial do Brasil nesse segmento, o que pode tornar a situação mais delicada frente à nova tarifação.

Ainda entre os produtos afetados, o relatório cita etanol, com cerca de 17,3% das exportações brasileiras indo para os EUA, e café, com 16,7%. Embora menos relevantes no total do comércio exterior, são nichos com impacto concentrado.

Entre os setores de materiais básicos, os impactos são variados. O BTG avalia que empresas como Usiminas, CSN e CBA têm exposição limitada, enquanto a Gerdau é vista como “vencedora relativa”, por ter mais de 50% do EBITDA gerado nos EUA sem depender de exportações.

No setor de alimentos e agronegócio, os efeitos são considerados menores. “Apesar do aumento expressivo das tarifas sobre produtos brasileiros nos EUA, acreditamos que o impacto nas empresas sob nossa cobertura deve ser relativamente limitado”, diz o relatório. Marfrig e Minerva têm entre 2% e 5% da receita atrelada aos EUA, e JBS e BRF praticamente não têm exposição direta.

Embora os EUA sejam o destino de cerca de 13% das exportações brasileiras de óleo e combustíveis, o BTG considera que a natureza líquida global do petróleo e a logística nacional permitem redirecionar os volumes para outros mercados, como China e Europa. Para a Petrobras, que destinou apenas 4% de suas exportações de petróleo ao mercado americano no 1T25, o impacto é considerado mínimo.

A leitura do BTG é de que as empresas mais prejudicadas serão aquelas com alta exposição ao mercado americano e menos flexibilidade para adaptar suas operações diante das novas tarifas.

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