As tarifas bancárias cobradas pelos bancos brasileiros subiram até 393% em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) divulgada nesta segunda-feira (10).
Na média, o reajuste médio das tarifas bancárias foi de 6% no pacote de serviços e de 5,1% nas tarifas avulsas -ambos maior que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 1,88% no período.
“A cada novo estudo de comparação realizado pelo Idec, identificamos uma prática de reajustes abusivos no preço das tarifas avulsas e principalmente dos pacotes de tarifas dos principais bancos. Os ganhos em escala obtida com a tecnologia na prestação de serviços não são repassados aos consumidores e as tarifas só aumentam”, disse, em nota, Ione Amorim, economista responsável pela pesquisa.
As maiores altas foram na taxa de “transferência entre contas da mesma instituição financeira presencialmente”. Na caixa, a tarifa passou de R$ 1,40 para R$ 6,90, alta de 393%, enquanto que no Banco do Brasil a alta foi de 342%, passando de R$ 1,95 para R$ 6,85.
Segundo a pesquisa, os pacotes de tarifas com maior reajuste no último ano foram:
- Banco do Brasil – Personalizado Especial – R$ 76,60
- Bradesco – Prático 2 – R$ 26,00
- Caixa – Universitária – R$ 15,00
- Itaú – MaxiConta Itaú Universitária – R$ 8,15
O correntista que não pagasse, por exemplo, as tarifas do pacote “Personalizado Especial” do Banco do Brasil, por exemplo, poderia comprar até sete ações da Itaúsa (ITSA4), a holding que controla o banco Itaú Unibanco, que valiam R$ 10,16 no fechamento da última sexta-feira (7).
Para Liao Yu Chieh, professor e Head de Educação do C6 Bank, a alta nas tarifas em percentuais acima da inflação é prática constante, mas o cliente pode identificá-las de maneira simples.
“Todo ano as taxas sobem bastante. Essas tarifas têm que ser discriminadas e os bancos têm que publicá-las no extrato, portanto, normalmente, o cliente tem total acesso. [O cliente] pode não saber previamente, mas, uma vez que ele usou, isso fica bem discriminado”, disse Chieh.
Como se livrar das tarifas bancárias?
Se as tarifas são altas demais, portanto, o investidor deve se livrar delas. De acordo com Virginia Prestes, professora de finanças da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), há quatro possibilidades principais de o correntista conseguir se livrar das taxas.
A primeira é tentar uma negociação com o banco para eliminar as tarifas; a segunda passa por tentar concentrar todas as operações em apenas uma instituição financeira, a fim de ganhar “força” (leia-se importância dado o volume) para melhorar o relacionamento.
A terceira maneira, segundo Virginia Prestas, é buscar um banco que não cobre tarifa, como um banco digital, por exemplo; já a quarta possibilidade é ter uma conta salário, na qual, geralmente, os bancos também não cobram taxas a mais.
A busca pela gratuidade, no entanto, não pode ser primordial, segundo Prestes. Para ela, o correntista deve ficar atento, já que nem tudo o que é grátis é positivo. Por isso, deve fugir de produtos, serviços e investimentos ruins só porque são gratuitos. “Muita gente cai nessa pegadinha”, disse ela.
Há também a possibilidade de o cliente exigir uma conta sem taxas ao banco. Uma resolução do Banco Central do Brasil garante a toda pessoa física a possibilidade de ter uma conta sem tarifas. Os serviços oferecidos, porém, são limitados a um cartão de débito, quatro saques ao mês, entre outras limitações.
Para Liao Yu Chieh há dois fatores mais complexos que o cliente precisa aprender para não aceitar mais pagar taxas exorbitantes. Dado que a maioria das instituições que não cobram tarifas são digitais, o primeiro passo é ter conhecimento sobre a tecnologia.
“Para escapar das tarifas bancárias altas, você precisa de alfabetização digital. Para um jovem que está o tempo todo no celular é muito mais fácil pesquisar e usar um banco digital do que para alguém que não tem todo o domínio da tecnologia”, afirmou. Já o segundo ponto é entender mais sobre educação financeira. “Para o longo prazo, é necessário que o brasileiro entenda mais sobre educação financeira”, completou.
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