A Randon (RAPT4) apurou lucro líquido de R$ 122,1 milhões no segundo trimestre deste ano, o que representa uma alta de 121% na comparação anual. A empresa com sede em Caxias do Sul (RS) divulgou seu desempenho entre abril e junho nesta terça (10).
O resultado consistente da Randon foi impulsionado pela forte demanda do transporte da safra agrícola e com aquisições feitas pela companhia.
Além do lucro líquido apontar crescimento em dobro em relação ao segundo trimestre do ano passado, a Randon afirmou, no documento sobre o balanço, que esse foi ao melhor resultado trimestral de sua história em receita líquida.
Na mesma base comparativa, a receita líquida mais do que dobrou, marcando crescimento de 126,6% e a cifra recorde de R$ 2,11 bilhões nos três meses.
Já o resultado operacional da Randon, medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), foi de R$ 322,6 milhões: alta de 109,6%.
Peso das aquisições
O desempenho é atribuído ao crescimento de mercados do agronegócio, tendo como complemento os sinais de melhora das exportações.
Responsáveis por 8% da receita líquida total, as aquisições realizadas nos últimos doze meses – Fundituba, CNCS e Automm, além da fabricante de amortecedores Nakata – também tiveram peso no resultado.
O faturamento da Randon está em grande parte associado à produção de veículos comerciais pesados, equipados com seus implementos rodoviários (reboques e semirreboques) e usando peças produzidas pelo grupo.
Menos exposta à crise de componentes eletrônicos que vem paralisando as montadoras de carros, a produção de caminhões no Brasil já bate em 2021 o volume de todo o ano passado.
No recorte do primeiro semestre, a Randon teve, no comparativo interanual, crescimento de 91,7% na receita líquida, que somou R$ 4,03 bilhões de janeiro a junho. O Ebitda subiu 157,5%, para R$ 671,9 milhões, ao passo que o lucro líquido somou R$ 256,2 milhões, mais de quatro vezes acima (alta de 339,7%) do ganho apurado um ano antes.
Revisão de guidance da Randon
Com os resultados acima das expectativas nos últimos quatro trimestres e a produção de implementos rodoviários vendida até o fim do ano, o grupo Randon elevou as metas de desempenho (guidances) de 2021.
É a primeira revisão de guidance que a Randon faz em cinco anos. Em 2020, por causa do choque da pandemia, a companhia cancelou as metas para o ano.
A previsão de receita líquida no acumulado até dezembro agora é de R$ 8,5 bilhões, 25% a mais do que o prognóstico anterior. Para atender a esse crescimento, a Randon terá que investir mais, de modo que os investimentos orgânicos, antes previstos em R$ 250 milhões, subiram para R$ 320 milhões – ou seja, um aumento de 28% no orçamento.
Durante entrevista ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), os dirigentes da fabricante de implementos rodoviários e autopeças transmitiram visão positiva sobre o retorno de mercados internacionais, continuidade do consumo forte vindo do agronegócio e demanda por bens de capital puxada pelos juros, embora em alta, ainda abaixo da média histórica do Brasil.
A confiança parte da perspectiva de avanço da imunização, permitindo a reabertura das economias, mas também se deve ao fato de a Randon ter entre 120 e 150 dias de produção de implementos rodoviários contratada, o que permite à empresa assumir novos compromissos de desempenho com investidores.
“Acreditamos que o mercado pode crescer um pouco mais no exterior”, comenta o presidente-executivo (CEO) das Empresas Randon, Daniel Randon.
Previsão com receitas no mercado externo
A previsão com receitas no mercado externo – seja de exportações a partir do Brasil, seja de receitas geradas em operações internacionais – foi elevada em 4%: de US$ 250 milhões para US$ 260 milhões até o fim do ano.
O grupo, segundo seus diretores, conseguiu atravessar a fase mais aguda da crise de fornecimento de materiais como aço e resinas sem deixar faltar peças em suas linhas. Isso foi possível graças a planejamento prévio e estoques estratégicos que, embora pesem no capital de giro, garantem o abastecimento.
Não dá para fugir, contudo, dos reajustes das matérias-primas. “A inflação tem sido o grande desafio em 2021. Parte do aumento de custo é repasse e parte é absorvida por novos processos que trazem ganhos de eficiência”, diz Daniel Randon.
Segundo o diretor financeiro (CFO), Paulo Prignolato, o grupo tem condições de cumprir as metas do ano, mesmo já ocupando 90% da capacidade instalada das fábricas.
A revisão de guidance, conta Prignolato, foi uma surpresa, dado que a Randon já tinha começado 2021 com expectativas positivas. “Os primeiros meses se mostraram ainda melhores do que tínhamos projetado”, afirma o diretor financeiro.
(Com informações do Estadão Conteúdo)
Notícias Relacionadas