A nova leitura do BTG Pactual sobre a Petrobras (PETR4) indica que a petroleira vive um momento paradoxal: enquanto seu braço operacional avança com força, impulsionado por novos FPSOs e projeções crescentes de produção, o caixa enfrenta um dos ciclos de capex mais pesados da história. O banco manteve recomendação de compra e preço-alvo de US$ 15 por ADR, mas alerta que a empresa entra em 2026 mais exposta ao preço do Brent e ao risco-país, fatores decisivos para o investidor. Petrobras (PETR4) aparece, assim, como um ativo de assimetria interessante — porém preso a um corredor estreito de condições necessárias para destravar valor. Petrobras
O que o BTG enxergou no novo plano da Petrobras (PETR4)
O relatório assinado por Gustavo Cunha, analista do BTG Pactual, detalha que o plano estratégico 2026–2030 elevou novamente a curva de produção: a Petrobras (PETR4) agora projeta 2,5 milhões de barris/dia já em 2026, acima da projeção anterior de 2,4 milhões. O salto é guiado sobretudo por Búzios, campo que continua sendo o motor de crescimento da companhia.
Mas o otimismo operacional esbarra em um quadro financeiro mais apertado. O BTG aponta que a transição de plataformas arrendadas para unidades próprias, somada ao aumento dos investimentos, exige um Brent mínimo entre US$ 59 e US$ 63 por barril para manter equilíbrio. No curto prazo, isso torna a companhia mais dependente da dinâmica global do petróleo.
Petrobras (PETR4) depende do humor do petróleo
Em um dos trechos mais sensíveis ao investidor, o BTG afirma que a tese de valorização da Petrobras (PETR4) está cada vez mais atrelada à compressão do prêmio de risco brasileiro, especialmente no ciclo eleitoral de 2026, e ao comportamento do Brent. Com um capex elevado, leasing anual entre US$ 9 bilhões e US$ 10 bilhões e compromissos financeiros mais robustos, a estatal precisa de petróleo ao menos na casa de US$ 60–65/barril para sustentar a estratégia de desalavancagem.
Segundo o relatório, cerca de 60% do EBITDA esperado para 2026–27 será consumido por capex, juros e arrendamentos. Uma queda mais persistente do Brent poderia forçar revisões no plano, especialmente nos três pilares estratégicos: financiamento próprio, política de dividendos e teto de endividamento.
O lado forte da tese: produção acelera com FPSOs de grande porte
Mesmo em meio a um ambiente financeiro mais apertado, o BTG vê confiança na capacidade operacional da Petrobras (PETR4). A estatal já registrou 2,6 milhões de barris/dia em outubro de 2025, nível compatível com a meta de 2027, que o banco interpreta como conservadorismo no guidance. Petrobras
A expansão vem de projetos robustos:
- Búzios 6–11, com plataformas entre 160 e 225 mil barris/dia cada
- Mero 4 avançando com novos volumes
- Chegada de unidades adicionais entre 2026 e 2030, como Raia, Atapu 2 e Sépia 2
Somando os FPSOs previstos, a PETR4 deve adicionar cerca de 1 milhão de barris/dia de capacidade bruta nos próximos cinco anos. Para o BTG, esse pipeline mantém a petroleira como uma das majors com maior crescimento relativo.
Apesar da força operacional, a conclusão do BTG é direta: a trajetória da Petrobras (PETR4) seguirá condicionada ao Brent e ao ambiente político-econômico de 2026. Se o petróleo se mantiver acima de US$ 60, a combinação de crescimento e geração de caixa pode destravar uma nova etapa de rerating; abaixo disso, o corredor fica cada vez mais estreito.
