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Magazine Luiza (MGLU3) tomba 15,38% na semana e atinge menor cotação em quase 6 anos. O que aconteceu?

Magazine Luiza (MGLU3)

Magazine Luiza (MGLU3). Foto: iStock

As ações do Magazine Luiza (MGLU3) encerraram a sessão desta sexta-feira (20) em queda de 4,35%, cotadas a R$ 1,54. Os papéis deram continuidade ao movimento de baixa da sessão de ontem (19), em que a companhia teve uma desvalorização de 6,94%.

As ações do Magazine Luiza terminaram a semana com uma queda de 15,38% e acumulam um desempenho negativo de 27,36% no mês de outubro.

Assim, as ações MGLU3 se encaminham para o quinto mês consecutivo de baixa. Até o momento, a queda acumulada no mês é a pior desde junho de 2022, quando a empresa teve uma forte baixa na Bolsa de Valores de 37,10%, embora ainda faltem 7 pregões em outubro com a possibilidade de reversão desses números.

Com a queda de hoje (20), as ações do Magalu alcançaram a menor cotação de fechamento desde o dia 10 de novembro de 2017, ou seja, em quase 6 anos.

Segundo Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos, apesar de o último Boletim Focus ter indicado um cenário mais benigno convergindo para a meta, o volume de serviços no Brasil divulgado nesta terça – que caiu 0,9% em agosto ante julho – indica queda na inflação, mas tende a representar uma atividade mais fraca e, por isso, uma queda no consumo.

“Por outro lado, tivemos divulgação de vendas no varejo nos Estados Unidos, que vieram bem acima do consenso. Com isso, mantendo a dinâmica de juros ‘higher for longer’ e pressionando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), estressou também a nossa dinâmica de juros aqui no Brasil”, pontua.

Ainda de acordo com Lemos, com a proximidade da temporada de balanços, dinâmica de juros altos e menor consumo, não são esperados grandes resultados do setor de varejo. “Cada vez mais há dúvidas sobre qual será o impacto do juros sobre o resultado do setor nesse trimestre, e por quanto tempo as empresas podem permanecer suportando essas margens já tão espremidas, com quedas no consumo devido à concorrência”.

Marcus Labarthe, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, completa: “A alta das treasuries e a consequente alta de juros por aqui acompanhando os Estados Unidos têm prejudicado as ações do setor. Os dados do IPCA abaixo do esperado não foram suficientes para gerar alívio.”

Ibovespa também caiu na semana

Além de o cenário macro não ajudar, o Ibovespa caiu nesta semana. Mesmo com o desempenho negativo de carros-chefes da B3, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), o Ibovespa moderou perdas ao longo da tarde desta sexta (20) e conseguiu reter a linha dos 113 mil pontos no fechamento desta última sessão da semana, em intervalo no qual encadeou nesta sexta-feira, 20, a quarta retração diária, que resultou em queda de 2,25% no acumulado desde a segunda-feira – na semana anterior, tinha avançado 1,39%.

Nesta sexta-feira, o índice da B3 oscilou de 112.533,33 a 114.089,58 pontos, encerrando em baixa de 0,74%, a 113.155,28 pontos, no menor nível de fechamento desde 5 de junho, então perto dos 112,7 mil pontos.

No mês, o Ibovespa cede 2,93%, limitando o ganho do ano a 3,12%.

“A Bolsa voltou a ser puxada hoje para baixo em função do cenário global de aversão a risco, com a percepção de que é provável que ocorra, neste fim de semana, a invasão terrestre de Israel à Faixa de Gaza – o que reforça o movimento de busca por ativos considerados mais seguros”, diz André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos, destacando na semana o rompimento do limiar de 5% nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, ante as dúvidas do mercado sobre o nível final dos juros de referência do BC dos EUA no atual ciclo de alta.

Fora dos Estados Unidos, “a preocupação com o mercado imobiliário continua na China, mostrando que os sinais de incentivo do governo, no curto prazo, não têm causado muito efeito, pressionando assim o minério de ferro e as empresas do setor listadas na nossa Bolsa”, acrescenta o operador.

Além disso, o desempenho sinalizado nesta sexta pelo IBC-Br para a atividade econômica, na mais recente leitura do índice – considerado dado antecedente do PIB -, contribuiu para cautela adicional em relação a segmento da Bolsa já amassado, o de varejo, assim como observações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o desempenho da economia neste terceiro trimestre, em desaceleração, acrescenta o analista.

“Nesta semana, os dados divulgados sobre os setores de varejo e serviços no Brasil mostraram desaceleração em agosto. O consumo de bens e serviços pelas famílias vem arrefecendo ao longo dos últimos meses”, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. “E o IBC-Br de agosto, divulgado hoje de manhã, pior do que o esperado, trouxe queda de 0,77% ante julho, o que reforça a percepção sobre desaceleração da economia brasileira. Os dados de agosto, em conjunto, sugerem menor demanda dos agentes econômicos e possível acomodação da atividade neste terceiro trimestre.”

Nessa conjuntura doméstica e externa menos favorável ao apetite por risco, cresceu fortemente o pessimismo do mercado sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes da pesquisa, 42,86% acreditam que próxima semana será de perdas para o Ibovespa e para outros 42,86%, a percepção é de alta. Os que esperam estabilidade são 14,29%. No levantamento da semana passada, as expectativas para o índice se dividiam entre alta (60,00%) e variação neutra (40,00%), sem nenhuma resposta prevendo queda.

Mas quais foram os assuntos que marcaram a semana do Magazine Luiza? Confira a seguir.

Pedido de adesão ao Remessa Conforme, segundo jornal

No início da semana, foi divulgado que o Magazine Luiza decidiu entrar com um pedido de adesão ao Remessa Conforme, que é um programa do governo que prevê isenção do imposto de importação para compras online de até US$ 50, de acordo com o jornal Valor Econômico.

Assim, a empresa busca enviar os documentos necessários para a Receita Federal para pedir a adesão ao projeto nesta semana, segundo Eduardo Galanternick, vice-presidente de negócios do Magazine Luiza, ao jornal Valor.

Magazine Luiza vai ser um dos destaques na Black Friday em 2023, diz XP

Um relatório da XP anunciado nesta semana aponta que a Black Friday pode ser de maior relevância para as companhias de e-commerce como Magazine Luiza e Casas Bahia (BHIA3), ex-Via.

Os analistas apontam que os eletrônicos e eletrodomésticos, historicamente, acabam sendo favorecidos na Black Friday, podendo beneficiar ações relacionadas a esse setor.

A XP também destaca que as varejistas de moda como Lojas Renner (LREN3), Grupo Soma (SOMA3) e Arezzo (ARZZ3) e cosméticos, como Natura (NTCO3), estão conseguindo mais notoriedade, e isso pode ser explicado pelo poder de compra mais restrito dos consumidores que adquirem eletrodomésticos.

Magazine Luiza inicia venda criptomoedas pelo aplicativo a partir de R$ 1

O Magazine Luiza anunciou nesta quinta (19) que as negociações de criptomoedas já podem ser feitas de forma direta em seu aplicativo, o MagaluPay, com o investimento mínimo de R$ 1.

De início, os clientes do MagaluPay podem comprar, vender ou custodiar bitcoin (BTC), ethereum (ETH) e USDC, criptomoeda lastreada em dólar.

A proposta vem de uma parceria com o Mercado Bitcoin (MB), que deve “oferecer a tecnologia e a segurança para que as transações sejam realizadas”. A conta digital do Magazine Luiza tem atualmente mais de 10,6 milhões de usuários.

“Estamos entusiasmados em fornecer a tecnologia para que esse gigante do varejo possa explorar o potencial da economia tokenizada, conectando milhões de pessoas com o mundo da tecnologia blockchain”, diz Guilherme Pimentel, diretor de Produtos do MB, sobre a parceria com o Magazine Luiza.

Com Estadão Conteúdo

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