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Retomada de IPOs atrai empresas de due dilligence reputacional

Retomada de IPOs atrai empresas de due dilligence reputacional

Retomada de IPOs atrai empresas de due dilligence reputacional

Enquanto a pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19) parece ter ficado para trás no mercado de capitais brasileiro, as ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) voltaram à tona. Com a retomada, outra faceta da indústria aparece. Empresas que realizam due dilligence reputacional, ou seja, identificar possíveis riscos e contingências sobre outras companhias a fim de garantir mais segurança e credibilidade, estão cada vez mais atraídas ao mercado de capitais.

A ideia é que, ainda em meio aos impactos da crise do coronavírus e da recente onda de compliance no País, o due dilligence reputacional consiga garantir que questões adversas sejam conhecidas pelos potenciais coordenadores do IPO, que terão a oportunidade de decidir participar ou não da operação e, até mesmo, rever o preço da ação, por exemplo.

Segundo a avaliação de Carlos Lopes, diretor sênior da consultoria Kroll no Brasil, a recente procura pelo due dilligence reputacional vem crescendo dado a importância real no processo de abertura de capital de uma empresa e das companhias envolvidas.

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“Isso pode afetar preço, o sucesso do IPO e a reputação dos parceiros, que geralmente são bancos conhecidos”, disse o executivo.

Para Alexandre Pierantoni, diretor responsável pelos serviços de fusões e aquisições (M&A) da Duff & Phelps no Brasil, a combinação do número de IPOs e dessa percepção de necessidade de compliance por parte das empresas fez com que as empresas, de olho em melhores valuations, buscassem as empresas para desempenhar a diligência.

“A alta se dá por uma combinação do volume de operações no Brasil e a educação e o entendimento de quão importante são as atividades de due diligence reputacional das empresas. Essa combinação é virtuosa e um alimenta o outro”, disse.

De acordo com Lopes, o serviço é comum nos EUA, mas relativamente recente no Brasil, onde só ganhou tração após os recentes escândalos de corrupção.

“Com certeza temos visto um aumento nesse tipo de serviço seguido o aumento dos IPOs. A gente vem vendo isso. Lá fora, nos EUA, a gente já tinha uma demanda grande por esse tipo de trabalho, mas nos últimos anos, especialmente depois da Lava Jato e a onda de compliance, a demanda aumentou consideravelmente”, afirmou

Due dilligence pode influenciar preços

Para o diretor sênior da consultoria Kroll no Brasil, o due dilligence reputacional pode influenciar o preço das ações antes mesmo de a oferta pública já estar no mercado.

“O objetivo é identificar riscos como, por exemplo, ligações políticas que diretores e executivos tenham e sejam irregulares. Então, se a empresa depende muito de contratos com o governo e caso fosse descoberto que foram fechados de maneira irregular, o preço seria duramente afetado”, afirmou Lopes.

Em tempos em que o uso de informações é ainda mais valorizado por investidores, uma crise institucional baseada em más condutas pode valer bilhões de reais. Por isso, o investidor deve ficar atento.

“Antes de investir em algum negócio, é primordial que sejam pesquisadas e analisadas essas questões”, disse Lopes.

Um exemplo recente é o que ocorreu com a Qualicorp (QUAL3). Com a prisão (rápida) do fundador e ex-presidente, José Seripieri Filho, a empresa chegou a acumular queda de quase 10% nos dias seguintes ao caso. Seripieri já não tinha mais influência na gestão da companhia, mas o dano na imagem custou caro aos acionistas da empresa.

A nova onda de IPOs e operações como follow-ons que toma conta do mercado de capitais brasileiro deve fazer com que o País movimente até R$ 150 bilhões.

“Mesmo em um cenário macro e social e político com várias incertezas, você vive um mercado de capitais bastante eufórico e com uma perspectiva desse ano com mais de 50 operações e mais de R$ 150 bilhões levantados em operações privadas, IPOs e follow-ons”, disse Alexandre Pierantoni, da Duff & Phelps.

Para o executivo, com a alta do mercado, o investidor precisa ser mais criterioso antes de investir.

“O investidor terá a oferta, mas também tem que ser criterioso. A diversificação é crítica, mas o mercado tem demanda pelos papéis”, disse Alexandre sobre o crescimento do mercado e o due dilligence.

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