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Subir a meta de inflação “não garante nada” para baixar os juros, avisa Mario Mesquita

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Mario Mesquita, economista-chefe e head de Research do Itaú Unibanco (ITUB4). Foto: Divulgação/Itaú

Às vésperas de uma nova reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão responsável pela definição das metas da inflação brasileira, o economista-chefe do Itaú Unibanco (ITUB4), Mario Mesquita, é enfático ao recordar que um hipotético aumento desta meta “não garante nada” na direção de uma eventual queda dos juros.

“Se o objetivo da autoridade que toma decisão é baixar a taxa de juros nominal e, o mais importante, baixar a taxa de juros real, subir a meta de inflação não garante nada”, afirma Mesquita nesta quarta (15) no evento Macro em Pauta, no qual o Suno Notícias esteve presente.

O economista recorda que no período em que a meta da inflação era 4,5%, a taxa de juros real média do Brasil era 7,5%, “bem acima do observado no País quando a meta foi reduzida”.

Então, não tem garantia nenhuma que subir a meta de inflação reduz a taxa de juro real.

Além disso, Mario Mesquita acredita que esse contexto histórico é um dos fatores para a redução do disparo de “farpas” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC).

“Acho que esse tipo de observação que levou o governo a segurar essa discussão, não teve uma iniciativa de debate nominal”, projeta.

O que esperar do novo arcabouço fiscal?

No bate-papo com os jornalistas, o economista-chefe do Itaú alerta que a regra fiscal que substituirá o teto de gastos deve ser “simples, previsível e impositiva”.

“O Brasil já tentou de tudo nas últimas décadas. Não sabemos qual é o arcabouço, ele ainda vai ser discutido dentro do governo, depois apresentado à sociedade e ao Congresso”, afirma.

O especialista reforça que, no geral, o novo arcabouço fiscal deve favorecer as despesas frente às receitas: “A despesa é algo que o governo, a princípio, controla melhor, deve ter mais capacidade de controle”.

A impositividade, ter gatilhos automáticos que permitam apertar ou afrouxar a política fiscal em função de resultados, deve facilitar a vida dos políticos. Ela torna automática as decisões que eles teriam que tomar de qualquer forma e, em tese, causa menos custo político.

A próxima reunião do CMN, quando a meta de inflação pode ser revista, está marcada para o dia 30 de março.

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