Pela primeira vez em sua história, o Ibovespa superou a marca dos 150 mil pontos, e vem renovando máximas ao longo do mês de novembro. Diante do cenário, grandes gestoras seguem enxergando espaço para um avanço ainda maior, em linha com o crescimento da liquidez global e do apetite pelo risco.
Um dos fatores principais para o otimismo em relação à Bolsa brasileira é a expectativa de queda de juros. Segundo Isabel Lemos, gestora de renda variável da Fator, o ciclo monetário em transição tem impulsionado setores mais ligados à economia doméstica.
“O nível de juros é uma variável central na precificação dos ativos. Com a expectativa de redução das taxas, podemos ver uma melhora sensível nos preços das ações, especialmente daquelas mais endividadas”, explica.
A AZ Quest, em sua carta mensal, reforça essa percepção. A gestora destaca que a desinflação no setor de serviços, combinada à inflação surpreendendo para baixo nos EUA, criou um ambiente global mais favorável para ativos de risco. Assim, o Ibov acompanha o forte desempenho do S&P 500 e do Nasdaq, que por sua vez, são apoiados pelos resultados acima do esperado de grandes empresas de tecnologia.
Além disso, a casa chama atenção para assimetrias importantes: o índice de small caps sobe cerca de 1,66% em novembro, ante alta de 4% do índice Bovespa, o que indica oportunidades para além das grandes empresas.
Nesse sentido, a AZ Quest vê espaço relevante em elétricas, utilities e construção civil, setores que podem se beneficiar do ciclo de juros.
Mesmo com o Ibovespa nas máximas, nem tudo é euforia
Isabel Lemos, da Fator, concorda que ainda existe potencial de reprecificação, mas não descarta a cautela. Ela alerta que o investidor deve olhar menos para setores amplos e mais para oportunidades específicas.
“Há empresas subavaliadas, mas o foco deve ser seletivo. Mantemos posições em companhias com forte geração de caixa e potencial para dividendos extraordinários”, destaca.
Entre os setores citados pelas gestoras, as visões são complementares. A Fator prioriza setores ligados à geração de caixa e à sensibilidade ao ciclo de juros:
- Imobiliário, impulsionado por incentivos setoriais e pela perspectiva de juros menores em 2026, o que tende a destravar demanda.
- Locação de veículos, uma atividade altamente sensível ao custo de capital; com juros mais baixos, margens e fluxo de caixa tendem a melhorar.
- Empresas maduras com histórico de distribuição de resultados, independentemente do setor, desde que apresentem geração robusta de caixa.
Já a AZ Quest traz uma leitura mais diversificada:
- Elétricas e utilities, citadas como setores bem posicionados para gerar valor, dada a previsibilidade de caixa e o caráter defensivo em cenário de juros cadentes.
- Construção civil, especialmente em small caps, que ainda não acompanharam o desempenho do Ibovespa e podem oferecer assimetria positiva.
- Tecnologia e semicondutores, impulsionados pelo movimento global de alta após resultados fortes das big techs no exterior.
- Materiais básicos, em especial siderurgia, que teve notícias positivas e contribuiu de forma relevante para o índice no período.
Apesar das oportunidades existirem, Isabel Lemos volta a destacar que neste momento, mais do que nunca, é preciso estar atento ao seu perfil de risco.
“Muitos se consideram agressivos enquanto o mercado está em alta, mas descobrem o contrário quando os preços caem. O investidor deve considerar seu perfil de risco e ter horizonte mais longo”, recomenda.
A dica, portanto é manter a diversificação e a seleção criteriosa de ativos dentro ou fora do Ibovespa, evitando concentrações excessivas.
Com a liquidez global crescente, a inflação em queda e a perspectiva de corte de juros, o investidor tem motivos para olhar para a Bolsa com bons olhos, desde que escolha com sabedoria.
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