O segundo semestre deste ano começou trazendo um cenário conturbado aos investimentos, com os EUA ampliando tarifas de importação e mostrando sinais de desaceleração na economia. No Brasil, além do impacto da taxação de 50% imposta por Donald Trump sobre parte das exporações, o mercado acompanha a intensificação das disputas políticas, que se refletem em alta nos prêmios de risco e abertura da curva de juros. Em cartas aos investidores, gestoras expõem suas estratégias de investimento em meio ao contexto adverso.
Apesar da instabilidade apresentada, Fator, AZ Quest e Verde Asset mantêm visão construtiva para o longo prazo, e revelam ajustes seletivos nas carteiras para explorar oportunidades. Confira detalhes a seguir:
Fator: resiliência nos EUA e cautela no Brasil
Segundo a Fator, mesmo com a escalada tarifária de Donald Trump, a economia e os mercados dos Estados Unidos seguem resilientes, sustentados pelo setor de serviços, saúde financeira das famílias e avanços tecnológicos.
No Brasil, a casa destaca que algumas exportações relevantes, como suco de laranja e aeronaves, ficaram de fora das novas tarifas, enquanto o Copom deve manter pausa nos cortes de juros.
A gestora também aponta atenção para votações no Congresso, como a PEC dos Precatórios e o projeto de isenção de IR para rendas até R$ 5 mil, ao passo que as pequisas podem indicar alta na popularidade de Lula, como reflexo das discussões tarifárias.
Diante disso, a Fator adota uma estratégia que equilibra segurança e oportunidade em meio à volatilidade e às incertezas do mercado.
“Os juros no Brasil estão em patamares historicamente muito altos e os efeitos da desaceleração deverão ficar mais claros no segundo semestre. Neste sentido, preferimos ações de empresas com forte geração de caixa e pagamento consistente de dividendos, que oferecem maior previsibilidade de resultados, se destacam em seus setores de atuação e têm potencial de voltar a atrair o fluxo externo”, afirma.
Paralelamente, a casa mantém posições em papéis com elevado potencial de valorização, preparados para se beneficiar caso se concretize uma inversão na dinâmica da inflação futura, abrindo espaço para cortes de juros.
Entre alguns dos destaques do fundo Fator Absoluto FIC FIA no último mês estão a venda das posições em Santander (SANB11) e Tesla (TSLA34), o retorno do Bradesco (BBDC4) ao portfólio e a manutenção de Mercado Livre (MELI34).
AZ Quest: crise diplomática impacta resultados
Para a AZ Quest, o Brasil perdeu protagonismo internacional ao adotar uma postura de confronto com os EUA, o que resultou na tarifa de 50% sobre parte das exportações nacionais, com perdas estimadas em até US$ 10 bilhões anuais para setores como carne e café.
No cenário macro, a gestora vê impacto limitado no PIB (0,1% a 0,2%) e mantém projeção de crescimento de até 2,3% em 2025, com expectativa de início dos cortes na Selic apenas em 2026.
Nos portfólios, julho foi negativo para a maior parte dos fundos, ainda que as quedas tenham sido inferiores às de seus benchmarks. A gestora destaca que segue atenta ao cenário macroeconômico, conduzindo ajustes com disciplina e foco no longo prazo.
“Mantemos uma carteira concentrada em empresas com fundamentos sólidos, alto
potencial de crescimento e gestão eficiente”, afirma, em relação ao AZ Quest Small Mid Caps.
No AZ Quest Ações, o foco está nos setores de Bancos, Elétricas e Varejo, refletindo a convicção da casa nos fundamentos de longo prazo dessas companhias.
No AZ Quest Top Long Biased, a estratégia segue balanceada, com alocações compradas relevantes em segmentos como Bancos, Varejo e Telecomunicações e TI, enquanto a ponta vendida está concentrada nos setores de Serviços Financeiros, Bens de Consumo e Educação.
Já o AZ Quest Total Return mantém exposição líquida comprada, com alocações concentradas em Telecomunicações & TI, Varejo e Bancos. Nas posições vendidas, os principais setores são Serviços Financeiros, Bens de Consumo e Logística.
Verde Asset: volatilidade como oportunidade
Já a Verde destaca que o o mercado global manteve força em julho, com o S&P 500 renovando máximas puxado pelo ciclo de investimentos em inteligência artificial.
No Brasil, o conjunto de tensões como tarifas, sanção ao ministro Alexandre de Moraes via Lei Magnitsky e incertezas eleitorais elevou o risco, mas foi visto pela gestora como janela de oportunidade.
“Embora o grau de incerteza continue mais alto que alguns meses atrás, temos encarado esse movimento mais como oportunidade. Não acreditamos que este conflito mude de maneira relevante as variáveis macro no curto e médio prazo, nem dê para o governo atual uma sobrevida de popularidade duradoura”, afirma.
Assim, a Verde aumentou posições compradas na Bolsa brasileira via opções, reduziu proteções em ações globais, manteve exposição a juros reais e inflação nos EUA e reforçou apostas compradas em euro, ouro, real e criptomoedas.
Essa matéria sobre estratégias de investimento em meio ao atual cenário macroeconômico não é uma recomendação de investimentos.