O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na noite de segunda-feira (25) a demissão de Lisa Cook, diretora do conselho de governadores do Federal Reserve (Fed). A decisão foi comunicada por meio de uma carta publicada na Truth Social, rede social do mandatário, e teve efeito imediato.
A medida marca uma nova escalada nas tensões entre Trump e o banco central norte-americano. O republicano já vinha pressionando o Fed para reduzir juros e vinha acumulando críticas contra seus integrantes, em especial o presidente da instituição, Jerome Powell.
Com a saída de Lisa Cook, cresce o espaço para que Trump indique nomes alinhados à sua agenda econômica, reforçando a influência do governo sobre o colegiado responsável por definir a política monetária dos Estados Unidos. O episódio também levanta questionamentos sobre a independência do banco central e deve abrir embates jurídicos.
Por que Trump demitiu Lisa Cook?
Segundo o documento divulgado pelo presidente, a decisão foi baseada em acusações de fraude hipotecária.
Trump afirmou que Cook teria declarado duas residências diferentes como principais para obter melhores condições de financiamento, configurando possível má conduta grave. O caso foi encaminhado ao Departamento de Justiça para investigação.
“À luz de sua conduta enganosa e potencialmente criminosa em um assunto financeiro, eles não podem — e eu não posso — ter tal confiança em sua integridade”, escreveu Trump na carta.
Apesar disso, especialistas apontam que a legalidade da medida pode ser contestada, já que seria necessário comprovar justa causa para a remoção.
Até então, Cook estava resistindo às pressões do governo e mantendo uma postura de política monetária semelhante a de Powell, também alvo de críticas de Trump. Na sexta-feira (22), ela declarou que não pretendia renunciar, mesmo após o presidente norte-americano afirmar publicamente que a destituiria caso não houvesse renúncia voluntária.
Entenda as tensões entre Trump e Fed
As críticas de Trump ao Federal Reserve não são novidade. O presidente estadunidense vinha acusando a instituição de ser lenta demais na redução de juros e chegou a chamar Jerome Powell de “burro” e “teimoso”.
Em julho, o Fed manteve a taxa básica entre 4,25% e 4,50% ao ano, pela quinta vez consecutiva, decisão que contrariou a pressão da Casa Branca por cortes mais agressivos. A saída de Lisa Cook e a renúncia de Adriana Kugler no início do mês abrem espaço para novas indicações alinhadas à política econômica de Trump.
Segundo o jornal Financial Times, caso o Trump consiga maioria no conselho de governadores, ele também poderia influenciar diretamente os bancos regionais do Fed, ampliando seu poder sobre a política monetária. O Federal Reserve ainda não se pronunciou oficialmente sobre a demissão.