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Debandada no Ministério da Economia adiciona estresse ao mercado, dizem analistas

Debandada no Ministério da Economia

Bruno Funchal. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

A debandada de secretários do Ministério da Economia na noite de ontem (21) adiciona ainda mais estresse no mercado financeiro e aumenta a sensação de fragilidade do cenário econômico do País, dizem especialistas.

Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, afirma que com uma debandada nesse nível, saindo quatro secretários do Ministério da Economia logo após a decisão de mudanças na PEC dos Precatórios, entende-se que a maneira como está sendo construída a proposta pelo governo não é a melhor possível.

“O fato é que estão sendo buscadas alternativas para driblar o limite imposto pelo teto dos gastos. Se não foi via crédito extraordinário, eles trouxeram, sob a justificativa da pandemia, a revisão da regra que aconteceria em 2026 para 2021. São subterfúgios para mudar a regra fiscal, que é muito importante para uma economia emergente como o Brasil”.

A economista ainda destaca que o teto de gastos foi o que deu garantia, nos últimos anos, para o investimento estrangeiro no Brasil. Com a revisão da regra que aumenta o limite de gastos, o cenário fiscal pode ser visto como mais frágil.

Para os analistas da corretora XP Investimentos, o texto da PEC dos Precatórios foi uma vitória da ala política, em detrimento das contas públicas.

Junto a saída dos secretários, houve burburinhos de que o próprio líder do Ministério da Economia, Paulo Guedes, também sairia. Mas o próprio presidente Jair Bolsonaro garantiu que Guedes fica. Entretanto, a permanência pode não ser mais um fator tão reconfortante para o mercado financeiro, conforme explica Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

“O fato é que Guedes, ou por fraqueza ideológica ou por fraqueza política é bem menor do que já foi em outros momentos. Evidentemente que sua saída abriria um flanco sem precedentes na já fragilizada diretriz econômica do governo”, diz Sanchez.

Em sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro ironizou a reação do mercado financeiro, dizendo que o mercado fica “nervosinho” com a criação de despesas que ameaçam o teto de gastos.

Para Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, o receio do mercado é que essa não seja a última investida contra a manutenção do teto de gastos.

“O temos é que fique esse horror sem fim, de que o governo faça esse puxadinho agora e daqui alguns meses invente outro. Esse não é um ambiente benigno para a bolsa”, diz Giuberti, que aconselha aos investidores fazer movimentos suaves e ter muita paciência.

Na análise da Guide Investimentos, nesta sexta, o mercado deve manter o viés negativo, principalmente porque a debandada dos secretários contribui para minar a credibilidade fiscal do governo.

Logo na abertura, às 10:10, o Ibovespa apresentava queda de 0,40%, operando aos 107.346 pontos.

Debandada no Ministério da Economia

Na noite de ontem (21), a comissão especial da Câmara aprovou o texto da PEC dos Precatórios que institui um limite ao pagamento das dívidas e altera a regra do teto de gastos, a fim de liberar recursos para viabilizar o Auxílio Brasil turbinado a R$ 400. As mudanças tiveram chancela do líder no Ministério da Economia, Paulo Guedes, porém, desagradou uma parte dos seus secretários.

Logo após a decisão, quatro membros do Ministério da Economia pediram exoneração dos seus cargos, em mais uma debandada da pasta. Saíram:

Além dos membros do Ministério da Economia, o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, José Mauro Coelho, também pediu demissão do posto.

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