A CVM divulgou um levantamento que revela uma crise de confiança no mercado de capitais brasileiro. A pesquisa apontou nota média de apenas 2,57 em uma escala de 1 a 5 para a percepção de integridade do setor. A avaliação indica que tanto o público em geral quanto profissionais classificam o mercado como “pouco íntegro a razoavelmente íntegro”.
O aspecto mais crítico foi o de supervisão e sanção, que obteve apenas 2,31 pontos, refletindo a percepção de falhas na fiscalização, ausência de punições efetivas e sensação de impunidade. A sequência de casos de fraude e inconsistências contábeis, como os episódios envolvendo Americanas e IRB Brasil RE, acentuou a desconfiança de investidores e analistas sobre a solidez do mercado.
Rodrigo Amato, fundador e CEO da Laqus, fintech depositária central regulada pela CVM, reforçou a gravidade dos dados. “A nota atribuída – abaixo de 3 – reflete uma crise de percepção, que tem impacto direto nos investimentos. Quem aplica seu capital busca segurança e previsibilidade, e sem confiança tudo fica mais caro e mais arriscado”, destacou.
CVM, auditoria e governança como pilares de credibilidade
Na avaliação da Laqus, medidas já previstas na regulação podem ajudar a restaurar a credibilidade, mas ainda não são amplamente difundidas no mercado. Entre elas, o depósito de valores mobiliários, a auditoria independente e a adoção de controles internos eficazes pelos entes regulados.
“Auditoria e governança não são formalidades, mas pilares que garantem que empresas e transações sejam avaliadas por seus méritos e que investidores tenham proteção real. Na Laqus, ser auditada e seguir regulamentos rígidos é parte do nosso compromisso com a integridade do mercado. Sem confiança, não há mercado”, afirmou Amato.
A fintech lembra que o papel da Central Depositária é essencial nesse processo. É no ato do depósito que cada emissão ganha legitimidade e rastreabilidade, com garantia de titularidade e segurança para investidores. “Depositar é o que garante a governança e a segurança de cada emissão para a empresa e os investidores”, disse o executivo.
Hoje, a Laqus é auditada anualmente em suas áreas reguladas — Depositária, Custódia, Escrituração e Financeiro — por Ernst & Young e Crowe. Autorizada pela CVM desde 2021, a empresa também é supervisionada pela autarquia e conta com auditorias da BSM junto aos participantes.
Regulação efetiva para atrair investimentos
Além das práticas de governança, a Laqus aponta a necessidade de avanços regulatórios. Para Rodrigo Amato, o setor só poderá recuperar a confiança se houver clareza nas regras, fiscalização contínua e aplicação de sanções consistentes. “Apenas com regulação efetiva poderemos recuperar a confiança e atrair mais investimentos para o Brasil”, afirmou.
A fintech, homologada pela CVM como Central Depositária em 2021, atua como parceira estratégica para empresas ao simplificar o acesso ao mercado de capitais. Com soluções tecnológicas, também monitora obrigações relacionadas a emissões de dívida privada, financiamentos bancários e operações de hedge.
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