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Como Michael Jordan salvou as contas da Nike em tempos de coronavírus

Como Michael Jordan salvou as contas da Nike em tempos de coronavírus

Como Michael Jordan salvou as contas da Nike em tempos de coronavírus

O homem que voa para a cesta salvou as contas da Nike da fúria do coronavírus (covid-19). Com o esporte ainda no congelador, aguardando as decisões de uma eventual retomada de treinos e campeonatos em nível mundial, nos Estados Unidos a opinião pública – e suas carteiras – foi influenciada pelo documentário sobre Michael Jordan disponível na Netflix.

Os 10 episódios da série, produzida pela ESPN e cujo título é “The Last Dance”, conta a história do último campeonato ganho pelos Chicago Bulls, em 1997. O time-lenda que apresentou aos EUA e ao mundo o mito comercial de Michael Jordan. Um campeão eterno, na iconografia oficial norte-americana, junto a astros como Muhammad Ali e Joe di Maggio. E também, claro, garoto propaganda da Nike.

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Um dos capítulos é dedicado a construção do primeiro “atleta logo” da história do esporte. Há 35 anos, Jordan sigilou para sempre o binômio entre campeões e marketing, usando a primeira versão dos tênis que inspirou: os Air Jordan.

Os sapatos, vermelhos, brancos e pretos, se tornaram um objeto de culto, e catapultaram a empresa de Oregon, que até então tinha um mercado somente nos calçados para corrida, também no reinado dos tênis para todos os esportes. Consagrando a Nike como gigante mundial dos esportes.

E pensar que, no começo, Jordan nem queria assinar o contrato com a empresa, pois preferia a concorrente e arquirrival Adidas. Mas foi sua mãe, Doris, e seu manager, David Falk, junto com um cheque de US$ 3,5 milhões, que lhe fizeram mudar de ideia.

A propaganda de Spike Lee

A propaganda na TV, com a direção de Spike Lee, com Jordan que desafia a física, língua para fora e coloca a bola de basquete na cesta há muitos metros de distância, lançou as Air Jordan para o topo da mercado das sneakers.

Esse primeiro caso de osmose com a marca prosseguiu com outros campeões esportivos, como:

Segundo a revista Forbes, em 2019 as Air Jordan geraram uma receita de mais de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 18 bilhões) para a Nike. Com um holerite para o campeão de US$ 130 milhões para o uso de seus direitos, mesmo após mais de 20 anos do fim da carreira oficial.

Jordan salva a Nike em tempos de coronavírus

A linha esportiva do campeão salvou a Nike também durante as fases mais duras do coronavírus. A pandemia inevitavelmente reduziu as vendas e teve um impacto pesado nos balanços de colossos do vestiário esportivo.

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As Air Jordan 5, cujo preço médio é de US$ 140, foram inspiradas a uma série de playoff ganhos pelos Bulls em 1990 contra os Cleveland Cavaliers. Os tênis estrearam junto ao documentário, e se esgotaram nos EUA em poucas horas, mesmo com a quase totalidade das lojas fechadas, se tornando a ponta de lança das vendas digitais da Nike.

A empresa rompeu a parceria comercial com a Amazon em 2019, para se concentrar na venda direta, e conseguiu conter os danos produzidos pelo vírus registrando um +5% do faturamento no segundo semestre fiscal de 2020, alcançando US$ 10,1 bilhões.

Mesmo na China o colapso das vendas, com as 5 mil lojas fechadas, foi compensado pelo crescimento das vendas on-line: +30%.

A Nike segurou a onda muito melhor do que as concorrentes diretas. Em particular a alemã Adidas, que sofreu muito com a postergação de mega-eventos esportivos como a Eurocopa e as Olimpíadas de Tóquio, que custaram cerca de US$ 70 milhões de receitas.

Mas também o colapso das vendas no primeiro trimestre 2020 na China, com -19% na comparação anualizada, que gerou -95% de lucro líquido em relação ao mesmo período de 2019.

E as previsões para o segundo trimestre indicam uma queda de 40% nas vendas. Tanto que a Adidas obteve uma ajuda do governo alemão com um empréstimo emergencial de 3 bilhões de euros, até julho de 2021, para proteger a liquidez e a flexibilidade financeira da empresa.

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Mesma coisa para a Under Armour, a marca que tenta conter o mercado das sneaker aos dois colossos mundiais. A fúria do coronavírus gerou contas no vermelho por US$ 60 milhões no primeiro trimestre.

Dessa vez, os acionistas da Nike devem agradecer muito Michael Jordan. E o Netflix.

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