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Rodrigo Amato
Rodrigo Amato

Do Zero ao Um e ao Zero de novo

Quando falamos sobre um monopólio, inicialmente associamos a coisas ruins, como ganância do monopolista, serviço ruim e caro e por aí vai. Nem sempre é assim e é fato que todo empreendedor busca um monopólio para chamar de seu, que o diga Peter Thiel em seu aclamado livro De Zero a Um, em que ele destaca que a maior prova de um produto superior à concorrência é quando ele consegue eliminá-la, tornando-se enfim um monopólio, mas num sentido mais metafórico do que aplicado.

O domínio de um determinado mercado também depende do recorte e este é feito à conveniência de quem quer ou não ser chamado de monopolista. O Google (GOGL34), por exemplo, diz que tem apenas uma fração do mercado mundial de publicidade, mas quando olhamos o mercado de buscadores, seu domínio é absoluto e incontestável.

A Apple (AAPL34) avançou no sentido de obter o monopólio da indústria da música, até que o Spotify (S1PO34) entregou uma experiência melhor ao usuário e permitiu que outros streamplayers entrassem no jogo, ainda que ele não seja tão equilibrado assim.

Já a Amazon (AMZO34) , como a loja de tudo, na outra ponta é um monopsônio da indústria literária, pois uma editora que não vende para a Amazon não sobrevive, o que lhe dá grande poder de negociação de preços e prazos e, segundo sua filosofia, isso se reverte em melhores preços e prazos para seus clientes e assim ela fica cada vez maior.

No mercado brasileiro temos alguns monopólios ainda resquícios de serviços regulados, de uma época em que o controle de determinados serviços era importante para políticas de Estado, como a exploração e distribuição de petróleo e seus derivados, para ficarmos apenas no exemplo da Petrobras (PETR4). Entretanto, vemos hoje um desejo do governo de liberalizar mercados e, sem juízo de valor sobre a forma e conveniência da iniciativa, no médio-longo prazo isso tende a beneficiar o consumidor final por meio de uma pressão natural da concorrência que leva à inovação.

É verdade que as empresas americanas citadas anteriormente são todas privadas e reconhecidas por inovar, e ao mesmo tempo, fazem parte de um mercado com dinâmica concorrencial o que as faz tomar esta postura a fim de que estejam a frente de qualquer outra empresa que ameace sua soberania e é isso que o consumidor final deseja em seu benefício.

Em resumo, os monopólios não são necessariamente um mal em si, pois isso depende de uma série de características do mercado em que se verificam: quais os custos de saída do cliente? Qual o poder de barganha do monopolista com os principais clientes? Há concentração de clientes? Quando este é o caso, por vezes um produto melhor não tem a chance de chegar ao mercado por conta da amplitude de relacionamentos e tamanho do monopolista, mas se o mercado é livre e os clientes conseguem migrar facilmente para a melhor e mais conveniente experiência, o monopólio só dura até o próximo monopólio de um produto superior ou uma melhor relação custo x benefício, o que é bom para quem inova e para o cliente no final do dia.

Nota

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