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Gustavo Cruz
Gustavo Cruz

2021: O momento ideal de investir no exterior

Em 2021, veremos a economia global crescer 6,0% depois de recuar 3,3% em 2020, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Uma recuperação impressionante, quando comparamos com outras crises globais, mas bem distinta entre regiões. Por mais que todas as economias tenham sido resetadas na metade de 2020, observamos uma recuperação heterogênea, com países saindo da crise antes que outros.

 

Além da consequência principal – a quantidade de vidas que isso representa -. a performance dos investimentos em 2021 é uma segunda derivada dessa diferença. Investimentos tendem a ir melhor quando as economias avançam.

No momento em que um gestor internacional escolhe em qual país alocar, ele olha duas variáveis em um primeiro momento: qual a trajetória da dívida nacional e qual a projeção de crescimento. Ou seja, qual a probabilidade de levar um calote do país investido e qual perspectiva para o ambiente econômico. Na última década, o Brasil não tem sido uma boa referência nesses pontos.

Nós acabamos de encerrar a pior década da história, com crescimento médio do PIB em 0,3%, segundo o IBGE. Na chamada “década perdida” de 1980, o crescimento foi de 1,6%. Em 120 anos,  tivemos 17 quedas do PIB interanualmente, sendo a segunda vez na história que tivemos dois anos de queda do PIB seguidos. Em 2015(-3,5%) e 2016(-3,3%), antes a “crise de 29” trouxe uma  queda em 1930 (-2,1%) e 1931(-3,3%).

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Na dívida pública, desde 2014 temos déficits primários. Segundo o Boletim Focus, completaremos 10 anos sem atingir um superávit fiscal, pois a previsão é de um déficit de 1,10% em 2024. Com a
pandemia, também vimos a relação dívida como porcentual do PIB se tornar um problema mais grave. O FMI aponta que o Brasil atingiu 89% de dívida PIB, próximo aos 95% de média da Zona do Euro, e muito acima dos 61% dos Mercados Emergentes.

O cenário interno é desafiador, não implica que não existem boas oportunidades, mas é recomendável não depender totalmente do Brasil para alcançar uma boa rentabilidade. Ainda pouco disseminada no país, os investimentos internacionais têm recebido mais alternativas e praticidade para o investidor.

O caminho natural começa a ser recomendado, para investidores moderados e acima, via fundos multimercados. Temos excelentes gestoras que alocam em diversos países, via títulos, moedas, bolsas, entre outros. Costumam ter volatilidades menores que fundos de ações, o que facilita a transição. Taxas de de administração e performance tradicionais estão presentes.

Estamos falando de profissionais que se dedicam a semana inteira para acompanhar os mercados, possuem consultorias internacionais oferecendo relatórios de inúmeros países e temas. Enquanto muitas vezes a pessoa física mal consegue acompanhar o mercado brasileiro, que já entende mais naturalmente por viver aqui.

     

Outra alternativa são os fundos internacionais diretamente, esses bem mais direcionados para ativos no exterior. Enquanto os multimercados podem ter exposição, aqui é o objetivo. Muitas vezes fica mais claro qual região do globo de atuação, quais ativos, se tem proteção cambial.

Segundo o FMI, o Brasil deve crescer 3,6%, Estados Unidos deve avançar 6,3% e China 8,4%. Temos o Reino Unido passando de metade de sua população vacinada abrindo os serviços, Estados Unidos e Chile atingindo 40%. A relação é bem simples, o país que vacina mais rápido abre seu comércio, a economia reage e os investimentos acompanham. Ou seja, existe oportunidade lá fora.

Para quem já está mais familiarizado com investimentos, temos ainda mais alternativas. Como ETFs, fundos negociados na bolsa brasileira que replicam índices internacionais. As mais de 550 BDrs que fazem o mesmo com ações estrangeiras, com efeito cambial. Por fim, temos ainda empresas que fazem a conexão direta com os investimentos em outros mercados, como a parceria da Passfolio com a RB Investimentos.

Existem muitas formas de começar a investir no exterior, ou até elevar a parcela que está menos exposta ao cenário brasileiro. As perspectivas internas justificam esse movimento, e assim como ficamos para trás na hora de receber testes e vacinas, nossos investimentos também terão uma recuperação tardia.

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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